Cap. 160-"Eu não posso fazer isso."

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- O anestesista virá logo e então podemos começar, tudo bem? - perguntou e eu apenas assenti - não precisa ficar nervosa, ficará tudo bem - e eu queria acreditar naquilo. Ele abriu a porta para sair e encontrou a enfermeira.
- Voltarei daqui alguns instantes - disse com uma voz cansada para a mulher.
- Está tudo bem? - ela perguntou, preocupada. A porta foi fechada e as vozes abafadas, mas ainda consegui ouvir.
- Ouve complicações na cirurgia do senhor Thomas - ouve um silêncio - nós o perdemos. Estou indo informar para a família.
Ai meu Deus, ai meu Deus. Eu não posso fazer isso. Eu estava tremendo como uma vara verde quando tentava me sentar e em seguida me colocar de pé, me vesti o mais rápido que pude e estava terminando de abotoar a calça quando a enfermeira entrou.
- O que está fazendo, senhorita? - perguntou, confusa.
- Eu não posso fazer isso - eu chorava, desespero se agarrando a mim completamente - não consigo, sinto muito.
- Acalme-se... - ela começou, mas eu já estava correndo dali.
- Lídia - ouvi meu nome ser chamado, mas não olhei para trás enquanto atravessava as portas duplas. Mais vozes gritavam meu nome enquanto eu corria sem rumo, lágrimas embaçavam minha vista, uma dor na área das minhas costelas começou a incomodar e eu forcei minhas pernas a continuarem. Vaguei pela cidade, tomando vários ônibus e me afastando o máximo que consegui daquele lugar e de todos. Voltei para casa apenas quando já estava escuro, eu já havia chorado tudo que eu podia e controlado os meus nervos. Olhei em meu relógio e passava das 22:30 quando passei pelo portão, estive fora por pelo menos sete horas e eu precisava disso.
Quando abri a porta da frente, encontrei vários pares de olhos me encarando. Gabe, Anne, Nick, minha mãe e Brend. Brendon deu um pulo do colo da minha mãe e me abraçou pela cintura.
- Mamãe - seus olhinhos ficaram marejados e culpa bateu em mim quando enrolei meus braços ao seu redor - onde você estava? Achei que não voltaria.
- Claro que voltaria, meu amor - o peguei no meu colo e encarei cada rosto ali - eu não quero falar sobre isso hoje, sinto muito - e subi as escadas. Coloquei Brendon na cama, dei-lhe um beijo e entrei no meu quarto. Encontrei Arthur andando de um lado para o outro, seu cabelo uma bagunça loira como se ele tivesse passado os dedos nele várias vezes e notei que seus olhos pareciam atormentados quando ele me olhou assim que eu entrei.
- Graças a Deus - ele chegou até mim após poucas pernadas e me puxou para seus braços, apertando-me de um modo que era quase doloroso - onde você esteve?
- Apenas andando por ai - respondi e ele se afastou para olhar em meus olhos.
- Eu fiquei preocupado, o que aconteceu?
- Não quero falar sobre isso hoje, apenas me abrace - e agradeci quando ele não forçou a situação. Arthur apenas entrou no banheiro comigo, praticamente me deu banho, me alimentou e me abraçou até que eu cai no sono.

Conquistando Um SullivanWhere stories live. Discover now