Capítulo 36-"Finja que sente algo por mim"

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Como tudo no hotel, o banheiro não deixou a desejar, aliás, excedeu qualquer expectativa. Havia um enorme espelho onde consegui ver uma mulher ruiva, vestida de noiva, me devolvendo o olhar; sobre a pia, havia sabonetes, cremes, óleos, várias toalhas perfeitamente dobradas em um compartimento logo abaixo e roupões pendurados em um canto. Havia uma banheira hidromassagem que parecia estar chamando meu corpo cansado como um canto de uma sereia e um chuveiro logo ao lado.
- Que maravilha - resmunguei e, ao olhar para os lados, notei que estava sozinha, fiquei tão encantada com tudo que não prestei atenção a nada mais. Voltei para o quarto e encontrei Arthur sentado na cama, a gravata desamarrada ao redor do pescoço, o paletó estava sobre o colchão e os pés estavam descalços. Meu marido. Pensar em Art desse modo fazia com que uma onda de eletricidade percorresse por todo meu corpo, causando leves estremecimentos.
- É tudo muito bonito - comentei e ele apenas assentiu, sem dizer nada e seu silêncio estava me matando - diga alguma coisa.
- O que quer que eu diga? - perguntou, indiferente.
- Qualquer coisa, menos que fique com essa cara amarrada - reclamei - não tenho paciência para tanto drama - me levantei, agora furiosa e senti sua mão no meu braço, não permitindo que eu me afastasse.
- Deveria ter me dito que estava me casando com uma alcoólatra inclinada à dramatizações - falou com os dentes cerrados.
- Não sou uma alcoólatra - cuspi - dramatizações?
- Não parecia. Por que bebeu daquele tanto? - questionou, irado - era o dia do seu casamento, era de se supor que estivesse feliz.
- Nós dois sabemos que não estou - repliquei.
- Mas os outros não, como acha que me senti? Acha que ninguém notou que você não estava por perto? Ponha-se no meu lugar, Lídia - bradou e eu fiquei muda, os olhos marejando pelas lágrimas que se formavam - ao invés de estar comigo e com os convidados, aproveitando, você estava enchendo a cara e arriscando a vida no mar. E que cena foi aquela na praia?
- Só estávamos nós dois, afastados de todos - minha voz soou tão baixa que foi difícil até para mim mesma ouvir.
- Na próxima vez que estivermos perto de outras pessoas, tente parecer feliz e finja que sente alguma coisa por mim - falou perigosamente baixo - e isso inclui Brendon, não quero que ele perceba que os pais estão juntos apenas por conveniência.

Conquistando Um SullivanOnde as histórias ganham vida. Descobre agora