Cap. 103- "Eu só podia estar num pesadelo, que mulher horrenda."

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Ágata estava com uma cara de poucos amigos, me olhou de cima a baixo e percebi o desprezo em sua expressão, não gostando do que estava vendo. Ela empinou o queixo com ar de superioridade, ainda me avaliando como se eu fosse uma égua a ser comprada; eu já estava vendo a hora em que ela levantaria de seu lugar no sofá e olharia meus dentes. 
- Prazer - resmungou e apenas um cego não veria que ela queria dizer o contrário. Arthur me puxou para nos sentarmos no sofá de dois lugares e passou o braço pelos meus ombros - então, o que você faz? - ela perguntou para mim. 
- Sou garçonete - respondi, reunindo o máximo de honra que consegui. 
- Garçonete - ela repetiu quase bufando, cheia de desdém - seus padrões caíram bastante, não é mesmo Arthur? 
Um, dois, três... eu contava mentalmente para me acalmar. Sei que deveria dar até cadeia bater em uma senhora, mas essa daí estava pedindo por uma boa coça. Ela realmente estava me ofendendo na minha frente?
- Por favor, tia - falou meu marido, como um aviso. 
- Só estou querendo dizer... - ela começou.
- Es ist mir egal* - Arthur disse em um tom aparentemente calmo. A mulher arregalou os olhos, parecendo ofendida, e os voltou para mim, me fuzilando como se a culpa fosse minha.
Ouvimos passos nas escadas e várias cabeças se viraram naquela direção; a cópia perfeita de Arthur quando criança surgiu, esfregando seus olhos e vestindo um pijama de aviões. Olhei de esguelha para nossa convidada e notei que seu queixo estava caído e seus olhos não desgrudavam do garoto. 
- Esse é meu filho, Brendon - Arthur disse e sentou o menino no seu colo. Ágata podia até não gostar de mim, mas ela teria que me engolir; eu estava casada com o sobrinho dela e não pensava em ir a lugar algum.

*Eu não me importo.

Conquistando Um SullivanOnde as histórias ganham vida. Descobre agora