Hyoga, o Cavaleiro de Cisne, caminhava aquela lenta marcha fúnebre com os olhos fixos no chão; os braços longos ao lado do corpo e as costas onduladas feito um corcunda. Uma fila infinita de almas tristes lamuriando palavras inaudíveis e andando sempre adiante, como se impelidas.
Shiryu chamou pelo nome do amigo mais de três vezes, buscando chamar sua atenção de qualquer forma; perguntava onde eles estavam e pedia sua ajuda, mas o Cavaleiro de Cisne estava catatônico e não deu qualquer atenção à ela. Shiryu então pulou do rochedo cinza em que estava para correr na direção de seu amigo naquela fila, mas uma voz familiar a chamou ao lado.
— Não vá, Shiryu.
A garota virou-se para o lado e viu Saori.
Tinha os olhos tristes e o rosto cabisbaixo, olhando para o chão de maneira perdida. Na sua mão direita, no entanto, ela ainda segurava o Báculo de Ouro, que ali parecia ter perdido seu brilho divino. Uma sombra da beleza que tinha.
— Senhorita Saori! — desesperou-se Shiryu.
A garota foi à sua ajuda e a tomou em um longo abraço; sentiu, no entanto, que seu corpo era extremamente leve, o que deixou Shiryu muito desconcertada. Suas mãos também eram estranhas ao toque e seu semblante era parecido com o de todas aquelas almas que caminhavam naquela fila infinita. Sua voz, no entanto, ainda carregava a vitalidade de antes, o que contrastava com aquela figura fraca à sua frente.
— Aquelas pessoas estão indo ao Submundo. Se você for para lá, nunca mais poderá voltar. — falou para alertar Shiryu. — Seu corpo ainda está na Casa de Câncer, mas seu espírito veio para cá, para o limiar do Mundo dos Mortos.
O limiar do Mundo dos Mortos, repetiu Shiryu dentro de sua cabeça. Aquele cheiro de morte, o Cosmo de Hyoga que estourou-se no horizonte, a flecha no peito de Atena. Compreendeu, finalmente, com assombro.
— Isso quer dizer que o golpe da Máscara da Morte é mesmo capaz de levar as pessoas para a porta do Submundo.
— Volte, Shiryu. — pediu apenas Saori ao seu lado.
Ela, mesmo com os olhos perdidos em seus pés, trouxe seu Báculo de Ouro à sua frente.
— Mas e quanto a você? E o Hyoga? — perguntou Shiryu, preocupada.
— Não pode fazer nada por nós aqui. — falou ela com firmeza, embora seu corpo fosse frágil.
Shiryu viu como o Báculo de Ouro à frente de Saori ganhou novamente seu brilho dourado e fez soar um sino distante naquele limiar do Mundo dos Mortos, iluminando seus olhos com seu enorme Cosmo.
— Volte, Shiryu. — pediu a voz firme de Saori.
A Casa de Câncer, com suas névoas e archotes azuis, tinha muitas faces espalhadas pelas paredes e piso. Um cheiro de morte e a sensação eterna de um cemitério vivo. Diante dos olhos de muitas faces presas, um fogo-fátuo flutuou suspensivamente iluminando a tudo ao seu redor até aninhar-se no peito do corpo caído de Shiryu.
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Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya
同人小說Reimaginação da história de Seiya de Pégaso, escrito e narrado com alterações na história. Arte da Capa: Tiago Fernandes (@tfernandes)