83 - Presentes! Um Capitão Generoso

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— No início de tudo, havia o oceano.

Falou uma voz rouca envelhecida pelo tempo, uma velha senhora de cabelos brancos e pele muito bronzeada rodeada de crianças muito novas, que olhavam com seus olhinhos brilhantes para a imensidão do mar do alto de um monte verde. Era um dia maravilhoso de poucas nuvens no céu e o mar cristalino refletia aquela imensidão azul. A atenção dos pequenos foi atraída pela velha senhora que atrás deles enchia uma bacia de cerâmica com água de um jarro.

— Um mundo de água. — continuou ela, escoando a água, mexendo com delicadeza na sua superfície. — E a água é uma energia de muitos humores. Ela pode ser calma e provedora, como também perigosa e destrutiva.

As crianças todas sentaram-se ao redor da velha senhora, como sempre faziam em suas aulas matinais.

— O mar é a fonte e a fundação da vida. E suas ondas são os humores do deus do mar, Tangaroa.

As crianças se espantaram quando a senhora revelou a pintura escura de uma grande baleia em uma das cortinas de vime daquele santuário aberto. Com ondas e ilhas desenhadas ao redor da majestosa criatura.

— Escutem bem, crianças. Este lugar em que vivemos é enorme. Com muitas planícies e árvores, montanhas e praias, ilhas e cavernas. E se tomarem uma canoa e navegarem para sempre, chegarão em lugares ainda mais incríveis, onde a água cai branca do céu, muito fria, e onde existem oceanos infinitos de areia e casas tão altas quanto os vulcões.

Ela atendia a cada olhar daquelas crianças, que a ouviam contar uma história incrível; sua voz empostou-se e seu dedo ergueu-se em riste apontando para a grande baleia.

— Mas o mundo de Tangaroa é ainda maior do que este mundo em que vivemos, muito maior. Tão grande que dizem ser possível colocar tudo que existe em nosso mundo no reino de Tangaroa e, ainda assim, sobraria espaço.

Os pequenos boquiabertos, sem compreender como aquilo era possível.

— Mas tudo se esconde debaixo do mar.

A velha senhora então andou para o outro lado daquela sala aberta para a natureza e puxou outra cortina de vime onde viam-se muitas criaturas pintadas.

— O imenso Tangaroa teve muitos e muitos filhos que vocês conhecem muito bem. Como os golfinhos do golfo, os tubarões do além-recife, os polvos das profundezas e até mesmo as sereias das lagoas são todos filhos de Tangaroa. Pois ele é pai de tudo que vive debaixo do mar.

Ela recolheu as duas cortinas das laterais do santuário e puxou uma única cortina que havia no centro do salão com um desenho ameaçador que deixou as crianças um tanto assustadas, à princípio, quando se aboletaram mais perto dela.

— Entre esses muitos filhos de Tangaroa, existe um que se destaca por sua enorme ira e força: Ikatere.

As crianças exclamaram baixo, mas ela continuou, sempre com seu tom etéreo e misterioso.

— É Ikatere que ronca quando as tempestades tomam conta do céu, ou mesmo quando as águas do rio transbordam para destruir as plantações. Ele é bravo e muito forte. E o que ele mais quer é viver no nosso Mundo. Ter tudo aquilo que seu pai não pôde ter. O Céu e a Terra em que vivemos.

Disse ela, apontando para o teto e para as árvores adiante.

— Pois quando Tangaroa, o deus do mar, levantou-se das águas para tomar as nossas ilhas e a nossa terra, a maravilhosa Tāne se colocou diante dele e não deixou que ele tivesse o que tanto queria. Protegeu nossa terra e nossas ilhas com a ajuda de seu maior herói de todos: Maui.

As crianças adoravam as aventuras de Maui e sorriram com a revelação do herói adorado, em mais uma de suas peripécias; não raro eles brincavam de contar histórias e de se baterem pela praia como se estivessem dentro das aventuras de Maui.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora