107 - O Dragão do Norte

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O Palácio Valhalla aquela noite estava enfeitado de suas melhores tapeçarias no salão comunal; havia até mesmo alguns bardos tocando seus banjos e harpas solenemente enquanto a alta aristocracia de Asgard, que normalmente escondia-se do frio nas suas casas suntuosas na parte alta da cidade, juntava-se em seus trajes mais elegantes e quentes para uma recepção muito importante dentro do Palácio.

Entre os adultos, que esbaldavam-se no hidromel, corriam três garotos ao redor de uma mesa posta enquanto davam risadas.

— Siegfried, Siegfried!

Um dos meninos parou ao escutar seu irmão mais velho lhe chamar a atenção em público, fazendo com que os outros dois também parassem de brincar.

— Comportem-se vocês três! — falou Sigmund de maneira ríspida para seu irmão mais novo e também para os demais. — Não vêem que estão em uma recepção importante? Parem de correr e vão se sentar.

— Eu estou com fome. — protestou Siegfried com uma careta.

— Não vai se servir se continuar correndo por aí. — falou Sigmund com seus olhos pregados no irmão mais novo. — E isso vale pra vocês dois também.

Fez-se silêncio entre os meninos que entreolharam-se entristecidos, quando o grupo foi interrompido por um dos nobres convidados com um sorriso no rosto e um adorno dourado nos cabelos negros.

— Ora, Sigmund, esses meninos têm muita energia. Deixe-os gastar um pouco e verá que terá uma noite tranquila mais tarde em casa.

— Mestre Andreas. — surpreendeu-se Sigmund com a figura que havia aparecido, afinal de contas ele era o curandeiro-mestre de Valhalla e não raro precisou ser acionado para atender aos ferimentos daqueles garotos arteiros. — Eu entendo, mas hoje estaremos diante da Representante e da Princesa de Asgard, eles deveriam mostrar alguma compostura.

— Toda essa pompa é para nós que somos adultos e já não sonhamos tanto. — falou o curandeiro com certa doçura e virou-se para os garotos.

Sigmund olhou para aquele homem atravessando sua autoridade com as crianças, quando percebeu sobre seus ombros, que um dos maiores guerreiros daquela terra aproximou-se deles. Vestia uma roupa cerimonial e tinha um enorme bigode grosso no rosto.

— Sigmund, precisamos de você na ante-sala. — falou com certa urgência.

Ele respirou fundo e respondeu com outra pergunta, aborrecido.

— É sobre Thor?

— Vamos à ante-sala. — contemporizou o estranho.

— Sabe o que penso sobre isso, Folker, e não faço questão de esconder minha opinião. Thor deveria estar aqui tanto quanto nós.

— Por favor, Sigmund, me acompanhe. — tornou Folker, um tanto contrariado.

Sigmund respirou fundo e olhou de volta para Siegfried, que ainda parecia esperar por qualquer desfecho daquela conversa entre adultos; o enorme guerreiro ajoelhou-se diante de Siegfried e colocou suas mãos em seu ombro.

— Vão para fora, mas voltem para o jantar. E eu não quero ver uma sujeira nesse seu casaco, Siegfried. — falou ele, limpando já uma lã fora de lugar.

E assim Sigmund saiu ao lado de Folker para uma ante-sala onde juntavam-se as mentes militares daquela Asgard de muitos anos atrás para decidir sobre a junta de guerreiros que faria parte da proteção daquela que seria apresentada à alta corte de Valhalla. Andreas deixou um sorriso traiçoeiro para os meninos e também voltou à convivência dos adultos no que parecia ser uma festa contida.

— Vamos. — falou Siegfried para os dois, escondendo-se dos olhares do salão.

Os garotos seguiram o pequeno Siegfried que, na verdade, era o maior e mais velho entre os três; na saída, notaram o olhar de um garotinho sentado e muito comportado ao lado de sua irmã mais nova contra a parede da sala de jantar.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaWhere stories live. Discover now