63 - O Outro Lado da Máscara

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Lado a lado, Seiya e Shiryu empurraram as enormes portas duplas e brancas com detalhes em ouro que davam para o aposento sagrado do servente de Atena. O Altar onde havia o Trono dourado. Abriram-nas com dificuldades, pois elas eram tão pesadas quanto enormes.

Como na Triste Noite que rememoraram graças ao Cosmo da Armadura de Sagitário, aquela porta abriu-se para uma maravilhosa câmara cujo piso era de mármore e tinha ao fundo um bonito altar em que levantava-se um trono de ouro, onde alguém estava sentado.

Shiryu notou como havia um sopro grave soando dentro daquele altar, como se o ar atravessasse a pedra daquela câmara de maneira propositalmente designada para causar essa sensação de que a voz dos Deuses meditava. Seus passos ecoavam no mármore conforme se aproximavam da figura escura que sentava no trono de ouro. Seiya sequer precisava dizer o que se passava para Shiryu, pois ela podia claramente sentir uma presença magnânima naquele altar e os dois só poderiam estar em silêncio como se fosse um pecado imperdoável interromper aquele sopro grave.

O Camerlengo sentado. A batina preta, o elmo dourado escondendo nas sombras seu rosto misterioso enquanto seus longos cabelos caíam-lhe nas costas.

Antes que os impressionados Cavaleiros de Bronze pudessem encontrar as palavras certas para obrigá-lo a descer até Saori e salvá-la, Seiya viu que o Camerlengo levantou-se do trono. Era um homem enorme, não como Aldebarã ou Cassius, descendentes dos gigantes, mas tão alto quanto a enorme Cavaleira Shura de Capricórnio, embora seus ombros fossem mais armados e a batina que lhe escorria pelas pernas lhe desse uma compleição ainda maior.

Ele colocou as mãos no elmo dourado e o tirou calmamente, revelando a Seiya o seu rosto.

— Ele tirou o elmo, Shiryu!

— O quê? — assombrou-se ela, tentando manter o máximo de silêncio que podia.

O que Shiryu de Dragão não pôde ver, Seiya não perdeu nenhum detalhe. Ao tirar o elmo de ouro, o rosto que apareceu diante dele era o de um homem calmo, talvez até triste, com os olhos bonitos e brilhantes; o nariz grande e afilado, sobrancelhas delicadas.

Se Seiya tivesse de adivinhar o dono do rosto debaixo daquele elmo de ouro que outrora havia tentado matar um bebê com uma adaga de ouro, jamais o descreveria como aquela figura brilhante e bela. Aquele era um rosto em que não se podia incutir os crimes odiáveis que a história lhe imputava. Soou então sua voz, que tinha um tom grave e calmo.

— Meus parabéns, Cavaleiros de Bronze, por terem chegado até aqui. — falou ele com o elmo nas mãos. — Provaram que são realmente Cavaleiros de Atena com grande poder e coragem.

Outra vez atacou tanto Seiya como Shiryu a estranheza de sua voz calma, seu cosmo brando, embora assustadoramente poderoso. Sem que se falassem, tanto um como a outra refletiam sobre a mesma coisa: enumeravam os pecados todos que agora convergiam naquela figura que manifestava-se como um santo de palavras doces.

— Não se deixe enganar, Seiya.

A voz de Shiryu era baixa, mas não houve qualquer sombra de dúvida de que, embora ela tentasse manter uma certa educação diante daquela figura santa, o Camerlengo havia escutado claramente seu aviso. Seiya sabia muito bem que não podia se dar ao luxo de ser enganado novamente por ilusões, principalmente quando o inimigo, ao que tudo indicava, era o próprio Cavaleiro de Gêmeos.

Seiya respirou fundo e falou com profunda coragem, pois também tinham pouco tempo.

— Não vai nos enganar! Não finja ser bom agora, pois nós sabemos muito bem o que você fez há quinze anos e não temos tempo pra ficar aqui ouvindo suas mentiras e truques.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaWhere stories live. Discover now