93 - Um Guerreiro Deus Familiar

6 0 0
                                    

O Guerreiro Deus havia apanhado um espião nas redondezas da estrada que levava ao pórtico de entrada de Asgard, que não era outra senão sua antiga amiga Shiryu de Dragão, uma Cavaleira de Atena. A acusação de Hilda, portanto, era correta: o Santuário de Atena realmente planejava invadir Asgard e impedir os planos de sua governanta maior.

Ficaram os dois frente a frente e Shiryu tinha certeza que a voz alterada que ouvia por debaixo da máscara sem dúvidas era a de Hyoga, assim como era o cosmo que sentia brilhar à sua frente. Era diferente, mas era ele, o Cavaleiro de Cisne. Um observador desatento ou que confiasse por demais em seus olhos seria facilmente enganado, pois Hyoga em nada se assemelhava ao Cavaleiro de Cisne que outrora havia produzido milagres em nome de Atena; sua Armadura não era mais clara como a neve da Sibéria, tampouco seu cabelo estava solto e muito menos sua feição escapava da máscara que lhe deixava apenas os olhos azuis à mostra. E sua voz, abafada pela máscara de porcelana, poderia disfarçar até mesmo seu sotaque russo.

Mas à Shiryu quase nenhum desses detalhes lhe importava, cega como era. A voz abafada não eliminava os resquícios do timbre que ela tão bem conhecia, mas muito mais importante do que qualquer outro detalhe, à Shiryu era inconfundível como o Cosmo de Hyoga ainda queimava profundamente em seu peito. Shiryu seria capaz de reconhecer seus amigos-irmãos apenas pela frequência e a sensação que seus cosmos a faziam sentir. Se Hyoga ali queria esconder-se de seus antigos aliados, talvez tenha dado azar de topar justamente com aquela que o reconheceria mesmo que estivesse irreconhecível.

— Hyoga, é mesmo você? — perguntou ela, contente. — Estamos há semanas preocupados com você.

Hyoga deixou escapar um riso baixo e Shiryu notou que algo tombou na neve fofa em que estavam; a voz do garoto soou muito mais clara e, agora sim, inconfundível. Era mesmo ele. Havia tirado sua máscara.

— Há quanto tempo, Shiryu. — falou ele, simplesmente.

Mas a Cavaleira de Dragão, assim como podia reconhecer o Cosmo do amigo, pôde notar que havia algo de singular nele também: o Cosmo de Hyoga carregava uma sensação etérea e antiga, como se envelhecido por um tempo que com certeza não havia passado. Havia algo de misterioso no amigo.

— Hyoga, o que foi que aconteceu com você? — perguntou ela, finalmente.

— Já faz um bom tempo desde que me abandonaram aqui. — respondeu ele, e Shiryu adivinhou certo amargor em suas palavras.

Um calafrio inclusive atravessou o estômago de Shiryu.

— Não te abandonamos, Hyoga. Nos perdoe, mas... a Mestre Mayura não deixou que ninguém viesse antes para te procurar, confiando que voltariam. Onde está Jamian?

— Jamian retornou há muito tempo. — falou Hyoga, sem qualquer traço de dor na voz.

— Retornou? — perguntou Shiryu. — Pois ele nunca chegou no Santuário.

— E agora você está aqui. — falou Hyoga. — E não está sozinha.

— Hyoga, perdemos contato com você e Jamian, assim como com Seiya e os outros. Portanto, viemos saber o que poderia estar acontecendo.

O Guerreiro Deus viu como Shiryu tirou de suas vestes um cilindro dourado, que reconheceu imediatamente como o Selo de Atena; ela parecia mostrá-lo para demonstrar suas boas intenções, pois lhe parecia que Hyoga tinha qualquer confusão em suas atitudes.

— Também viemos para selar a última Relíquia do Mar. Todas as outras já foram seladas por Seiya e os outros. Agora falta apenas essa que fica em Asgard para que Poseidon não ressurja.

— Não chegarão até a Relíquia. — falou Hyoga, de modo ríspido.

— Sabe onde ela está? — perguntou Shiryu, interessada. — Shun acredita que podemos negociar a Relíquia em paz com Asgard. Estou muito feliz que o encontramos finalmente, Hyoga; acha que pode nos ajudar junto à pessoa que conhece nesse lugar?

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt