Com o universo convulsionando ao seu redor, Shun perdeu a noção de onde estava e também do que era cima, baixo, direita ou esquerda. Seu corpo tombava por um infinito sem gravidade até que as Correntes deixaram seus dois braços para voltarem à Casa de Gêmeos, que se distanciava, e se prenderem às duas colunas ao lado do Cavaleiro de Gêmeos.
Finalmente fixo no espaço, Shun viu com horror como Hyoga, desacordado, simplesmente continuou vagando pelo cosmo; seu corpo virando e fugindo para sempre. Shun chamou seu nome muitas vezes, mas ali ele sequer podia escutar sua voz manifestar-se. Gritou muitas vezes em desespero, ordenou que a corrente o deixasse voar até o amigo, mas ela estava em seu limite e ele não conseguia alcançar; suas mãos não chegavam nas de Hyoga. Até que sua Corrente o puxou de volta para a Casa de Gêmeos e ele viu-se novamente no chão daquele templo maldito. Sem o amigo.
Puxou o ar com desespero, pois percebeu que não podia ter puxado o ar naquela dimensão, pois lá não havia.
— A Corrente de Andrômeda é conhecida por ter o maior instinto de Defesa entre todas as Armaduras. — falou a voz ecoada do fantasma. — Não fosse por ela, teria o mesmo destino do Cavaleiro de Cisne.
— Para onde o enviou? — perguntou Shun, ofegante.
A voz fantasmagórica afirmou categoricamente.
— Para outra dimensão.
— O que significa uma outra dimensão? — perguntou Shun.
— Sua pequena mente jamais poderia compreender. — falou o fantasma. — Ele está preso para sempre e vagará sem rumo pelo vasto universo até o fim dos tempos.
Shun, em desespero, pensou em Hyoga perdido em um lugar que ele mesmo sequer compreendia o que poderia ser.
— Não se preocupe, pois você também irá fazer companhia a ele na Outra Dimensão.
Novamente o Cosmo dourado ao redor daquele sujeito terrível; os olhos de seu elmo rasgaram o tecido da realidade e ele revelou a abertura para aquela outra dimensão. Uma imensidão cósmica, galáxias, nuvens estelares e cometas distantes.
As Correntes de Shun novamente detiveram seu voo para o infinito, ainda presas e teimosas ao redor de duas colunas. Shun segurava-as com a maior força que podia, pois dessa vez seu corpo era sugado com violência para aquele infinito. Ouviu então aquela voz grave e estacada ecoar por todo o universo em que estava.
— Sua Corrente ainda tenta te ajudar. Mas não por muito tempo.
Shun pôde apenas sentir uma oscilação em seu cosmo até que seu braço direito simplesmente cedeu, como se a corrente houvesse estourado no seu comprimento. Segurou-se unicamente pela mão esquerda que o girou no universo e ele pôde ver, com horror, que o Cavaleiro de Gêmeos, já muito distante lá embaixo no templo, tinha sua corrente nas mãos, pronto para quebrá-la e finalmente dar cabo de sua vida. Ele nada podia fazer.
A Corrente de Andrômeda finalmente rachou e o desespero em seu peito rompeu em um grito que reverberou nas paredes daquela dimensão. Por Saori. Por Seiya.
Por Ikki.
A dimensão explodiu feito um vitral e ele caiu de volta na Casa de Gêmeos.
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Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya
FanfictionReimaginação da história de Seiya de Pégaso, escrito e narrado com alterações na história. Arte da Capa: Tiago Fernandes (@tfernandes)