106 - No Coração de Asgard

5 0 1
                                    

No dia de uma noite interminável, a mulher subiu alguns degraus diante de uma enorme estátua de pedra tomada pela neve. Seus olhos derramavam lágrimas que o vento uivante do frio soprava para longe.

— Por que, meu Deus? O que acontece que esta terra piora e a noite parece se tornar mais e mais eterna? Mais e mais fria! Mas que pecado será esse que cometemos para termos de resistir a uma provação tão terrível? Que destino cruel é esse o de governar sem ter o que poder fazer por seu povo que morre de fome, de frio e de tristeza?

Ela cai de joelhos em uma pequena plataforma imediatamente abaixo do Colosso de Odin. Entre ela e a estátua de pedra abre-se um abismo enorme cuja escuridão perde-se no fundo do fosso.

— Diga-me, ó Deus, o que há neste futuro? Dê-nos uma chance de ver outra vez a luz do sol. Salva teu povo, Odin!

Ninguém lhe responde, como nunca haviam respondido desde que havia nascido abençoada com a função que lhe cabia. E ajoelhada, como fazia todos os dias, orou por Odin e seu Cosmo iluminou a Estátua de Pedra.

Quando, pela primeira vez na sua vida, sua oração foi interrompida por um ronco profundo que parecia crescer, como se algo se levantasse do fundo do abismo. Uma voz finalmente lhe respondeu.

— Hilda.

A voz gutural ecoada pelas montanhas chamou a atenção da mulher, que levantou-se diante daquela enorme estátua que lhe chamava. E repetiu seu nome:

— Hilda.

— Fala-me, Odin, Senhor dos Aesir! — suplicou ela.

— Leva meu povo ao Sol!

— Ao Sol, Senhor?

— Ao Sol.

— Mas Pai Odin, seu povo de Asgard perdura nesta Terra-Sua há milênios em seu nome, padecendo da maior provação de todas que é viver longe do calor e do Sol.

A voz não lhe repetiu, como se fosse incapaz de formular frases mais complexas. E então Hilda viu-se cega por um brilho intenso de luz que a fez fechar os olhos por um instante. E quando os abriu novamente, a voz profunda do fundo da terra lhe falou novamente.

— Leva meu povo ao Sol! Hilda! — e repetiu antes de desaparecer. — Ao Sol!

Hilda adiantou-se sobre o parapeito daquele pedestal como se quisesse chamar e clamar pelo Todo-Poderoso, quando percebeu um brilho tênue em cima do parapeito. Era um Anel de Ouro. O Anel dos Nibelungos, ela bem reconhecia entre os Tesouros de Asgard.

— Odin. — chamou ela à Estátua. — Não existem palavras na Terra para agradecer seu imenso presente. Levarei nosso Povo ao Sol dessa Terra e usarei seu presente para que nunca mais eu duvide de sua força. Um Anel de Ouro. Um pedaço do Sol. Eu compreendi a nossa missão. É tempo de libertar Asgard.

A sacerdotisa olhou para aquele anel que, por si só, emanava certo frio e presença nefasta, mas que ela sabia ser imperdoável apartar-se de um presente de Odin. Ela o tomou entre os dedos e sentiu ressoar a força que emanava do objeto. Era tempo de despertar.

Colocou o Anel dos Nibelungos no dedo anelar e sentiu como se toda a história preenchesse seu peito, e o seu seidr, outrora tão pleno e belo encheu-se de força e vibração.

— Não faça isso! — gritou alguém às suas costas, fazendo com que Hilda imediatamente olhasse naquela direção.

Um homem correu pelo pátio externo do Palácio Valhalla até aproximar-se dela; com o devido respeito, o homem ajoelhou-se, mas gritou.

— Por favor, Senhorita Hilda, não coloque o Anel!

— O que está dizendo, Sigmund?

— Este Anel de Ouro é o terrível Anel dos Nibelungos, que só deve ser usado por Odin no Fim-dos-Tempos. Não é o momento de usá-lo.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaWhere stories live. Discover now