52 - O Demônio da Ilha Canon

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Dias atrás, Ikki de Fênix chegou até uma pequena ilha vulcânica no Mar Egeu, chamada de Ilha Canon. Por conta de sua constante atividade sísmica, a fumaça e as cinzas eram frequentes em seu céu, de forma que não havia qualquer turismo ou motivo para viajar até ela. Mas para Ikki havia um grande motivo.

Seu braço direito ainda estava congelado e dormente desde que enfrentou Hyoga no Vale da Morte, ainda quando estava ao lado dos Cavaleiros Negros contra Saori e Seiya. Seis dias e seis noites no vulcão e ela estaria novamente recuperada. Mayura conhecia a fama antiga da Ilha e como seu próprio conhecimento não havia sido suficiente para recuperar o braço de Ikki, ela julgou que não seria uma má tentativa seguir os conselhos de Hyoga, afinal foi ele justamente o causador daquele ferimento.

Portanto Ikki chegou à ilha certa noite chuvosa e encontrou um vilarejo miserável, mas autossuficiente, que vivia aos pés de um vulcão ativo. Como não eram comuns visitas àquele lugar, ela logo atraiu para si uma certa atenção, de modo que o mais velho da ilha foi recepcioná-la debaixo de chuva no centro do vilarejo ao lado de uma fonte, onde Ikki juntou suas coisas para passar a noite.

— Bem-vinda, Cavaleira.

Ikki abriu os olhos e viu diante de si um homem velho, mas ainda firme das pernas, o cabelo calvo e grisalho. Ela levantou-se para tentar ser educada o máximo que podia.

— Estou de passagem. — falou Ikki, tentando evitar confusão.

— Sei o motivo pelo qual veio aqui. Quer se recuperar à beira do vulcão. — falou o velho.

— Como sabe disso?

— Ora, essa é a Ilha Canon. Não há qualquer outro motivo para vir até aqui.

— Então é verdade.

— Foi verdade por muito tempo. — retrucou o velho homem e Ikki olhou para ele confusa com seus olhos perdidos. — Meu nome é Heitor. Venha, saia dessa chuva, fique em minha casa e eu lhe explicarei.

A garota, muito desconfiada, não viu com bons olhos o convite, mas sua viagem havia sido mesmo terrível e mal não faria passar ao menos aquela noite debaixo de um teto. De todo jeito, a voz e o conhecimento daquele velho pareciam ser antigos, de modo que a ele não fosse estranho ela ser uma Cavaleira e muito menos estar ali para se curar à beira de um vulcão.

Acompanhou o velho homem pela chuva e para sua casa. O casebre do velho homem era simples e ele morava com uma garota um pouco mais nova do que ela.

— Tome. — ofereceu à menina um chá amargo assim que chegou e ela aceitou.

— Há muito tempo que não vem ninguém para cá. — falou o velho. — Quem te contou sobre a Ilha Canon?

— Um aliado. — respondeu ela.

— Um aliado. — repetiu o velho. — Fala como se estivesse em uma guerra.

— Pois estamos. — disse Ikki.

— Aqui estamos perto, mas também muito longe dos eventos do Santuário. — falou o velho.

— Quem são vocês? — perguntou Ikki.

— Somos um povo esquecido. — falou ele. — Há muitas centenas de anos que meu povo cuida desse vulcão e de suas águas termais, passando a responsabilidade de geração para geração. Meus antigos avós costumavam dizer que a função nos foi concedida pela própria Deusa Atena.

Ikki surpreendeu-se ao ver que o velho homem falava sem nenhuma ressalva sobre os segredos de Atena.

— Mas eu sei melhor e a verdade é que nossos antepassados foram expulsos do Santuário por qualquer pecado que tenha sido e a misericórdia de Atena foi poupar suas vidas, mas para sempre cuidar desse lugar terrível. Assim como tem sido o lar de muitos daqueles que há quinze anos apenas trocaram uma palavra com o Traidor da Triste Noite.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaWhere stories live. Discover now