37 - O Tigre e o Dragão

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Em Jamiel, Shun surgia do vale que abrigava o Cemitério para a ponte de pedra que o levaria até o pontilhão em que se levantava o templo de pedra branca de Mu. Atravessou a ponte seguro de si com sua Urna de Bronze nas costas; o garoto lembrava-se das histórias que ouvia na Ilha de Andrômeda. Que as habilidades da Mestre Mu eram conhecidas no reparo de Armaduras era algo de que quase todos os Cavaleiros do Mundo conheciam. Mas lembrava-se de seu Mestre corrigir uma injustiça, pois dizia que Mu não era uma mera ferreira do Santuário.

— As Armaduras possuem vida e vontades próprias. — dizia seu Mestre. — E se assim for, Mu não é uma ferreira, mas um curandeira extremamente capaz. As pessoas buscam Mu apenas pelo reparo de suas Armaduras, sem dar-se conta de que ela é, em verdade, uma talentosa curandeira.

E, diante daquele templo branco e sujo, Shun arriscou imaginar se ela não saberia alguma forma dentro do universo de que faziam parte para devolver a visão à sua amiga Shiryu. E com essa esperança no peito notou com surpresa que o templo não tinha entrada alguma em seu andar térreo.

Viu no alto, entretanto, que uma pedra levantava-se flutuando no ar de maneira impossível, quando foi surpreendido por uma criança correndo por detrás do templo até ele.

— Andrômeda! — gritou a voz de criança abraçando Shun imediatamente.

Era a menininha que havia lutado contra ele. Era Andrômeda Negra. Mas ali ela estava com uma camisa verde muito grande para seu corpinho, uma bermuda na altura de suas canelas e botinas nos pés. Andava com dificuldades, pois claramente a roupa não parecia ser sua. Na testa, tinha duas marcas tortas e pequenas.

— Ai, que emoção. Você trouxe sua armadura. Posso ver, posso ver, posso ver? Ai, você num lembra de mim? Sou a Lunara! A gente teve uma luta incrível no vale, lembra? Eu quase ganhei de você.

— O que você faz aqui nesse lugar? — perguntou ele, sincero.

— Ah, a Mestre Ikki que me trouxe! Disse que aqui eu poderia aprender um tanto de coisa legal. E ela tinha razão! Eu já até criei minha própria Armadura! Vem, vem ver!

Ela puxou Shun, mas o garoto Kiki teleportou-se ao lado dos dois.

— Ô, sua enxerida, aqui a gente recebe as visitas jogando pedra neles. Você não deixou eu terminar minha entrada!

— Ah, Kiki, é o Andrômeda. A gente é amigo!

— O nome dele é Shun! — ralhou Kiki.

— Ai, que nome lindo! — maravilhou-se Lunara. — Foi a Mestre Ikki que deu?

— Não. — respondeu Shun sem graça, mas com um sorriso no rosto.

— Ai, e como está a Mestre Ikki? — perguntou Lunara, pois ela não parava de falar.

Kiki a empurrou para o lado de modo que ficasse diante de Shun.

— Perdoa essa peste, eu ainda não acredito que a Mestre Mu deixou ela ficar aqui.

— A Mestre Mu me adora!

— Ela te odeia! — acusou Kiki.

— Tenham calma os dois. — pediu Shun. — Onde está a Mestre Mu?

— Oh, Shun. Veio para reparar sua Armadura? Infelizmente a Mestre Mu não está aqui e não volta tão cedo.

— Eu posso reparar! — gritou Lunara absolutamente animada, Shun riu e Kiki correu atrás dela, que já tinha ido dentro do templo buscar suas ferramentas.

— Calma, Lunara. — pediu Shun. — Está tudo certo com a minha Armadura. Mas eu queria conversar com a Mestre Mu. Para onde ela foi? — perguntou ele.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaWhere stories live. Discover now