111 - A Espada Balmung

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A presença de Siegfried havia sido tão poderosa que sua ausência naquele instante era como um vácuo em Asgard. Freia choramingava, sentada no chão, a partida daquele tão bom amigo, de quem conhecia profundamente o amor que tinha por seu irmão e a dor que sentiu quando o viu ser preso e jogado nos calabouços de Valhalla. E como seu dever para com aquela terra o fez sufocar toda a admiração e o amor que sentia por quem o havia criado. Tudo para não desviar um centímetro da trilha de Odin. E naquele dia trágico, se havia alguma dúvida no peito de Siegfried da traição de seu irmão, toda ela se desanuviou de maneira terrível, vitimando dois do mesmo sangue em um último e valoroso esforço do Guerreiro Deus.

— Hilda! — chamava ela, com a voz baixa e lamuriosa, quase inaudível. — Pare com tudo isso, por favor.

Mas a Princesa de Asgard já parecia não ter mais força, pois embora sua crença e fibra fossem invejáveis e seu coração ardente como o sol capaz de desanuviar as imagens que cegavam Siegfried, Freia tinha naqueles homens e mulheres de Asgard as suas fundações, de modo que tantos amigos caídos e outros tantos sofrendo haviam finalmente derrubado a Princesa, que sentia-se até aquele momento lutando uma guerra sozinha.

— A Espada Balmung, Seiya! — gritou Ikki às suas costas, compadecida daquele sofrimento de Freia. — Junte as Safiras e desperte a Espada Balmung para livrarmos Hilda de seu feitiço.

O garoto então então olhou para a palma de sua mão e encontrou as Sete Safiras de Odin, que outrora haviam protegido os Guerreiros Deuses de Asgard. Ele as fechou no punho e olhou adiante de si, encontrando a face atônita de Hilda, que certamente se colocaria em seu caminho.

E mesmo que o Cavaleiro de Pégaso tivesse apenas seu sobretudo e aquelas sete pedras preciosas na mão, ele não fugiria de seu dever, e então caminhou decididamente até o parapeito daquela pequena plataforma imediatamente abaixo do Colosso de Odin.

Hilda não fez nenhuma menção de impedi-lo de subir aqueles degraus, mas ao vê-lo chegar mais perto, Seiya percebeu que finalmente foi notado pela valquíria. Mas ainda assim ela não colocou-se em guarda ou fez qualquer movimento que desse a impressão de que lutaria para pará-lo; pelo contrário, ela parecia realmente demovida daquela batalha e ainda chocada com a partida de seu mais fiel Conselheiro e amigo.

Seiya subiu o pequeno lance de escadas para uma plataforma exatamente à frente daquele enorme abismo que se abria aos seus pés e, do outro lado do despenhadeiro, para o torso colossal de Odin que levantava-se para velar aquela Terra do Norte. O Cavaleiro de Pégaso olhou para cima e viu a lâmina daquela enorme espada próxima a ele. Suas palavras eram vacilantes, mas respeitosas.

— Odin. Eu preciso que nos dê a Espada Balmung para que nós possamos salvar Hilda e selar a Relíquia dos Mares trancando Poseidon nos Oceanos!

A montanha parecia ter se calado novamente.

— Me dê a sua resposta. — pediu Seiya mais uma vez, com a mão estendida para os céus mostrando àquele Colosso as Sete Safiras.

Mas ninguém lhe respondia.

— Odin! — gritou Seiya, tentando algo com sua voz. — Odin!

Um riso breve e sutil escapou da voz de Hilda às suas costas, mas Seiya não virou-se para ela.

— Por que não me responde? — perguntou-se Seiya fechando o semblante.

O riso de Hilda tornou-se ainda mais presente, de modo que ela mesma caminhou os degraus para estar junto de Seiya naquela plataforma debaixo do enorme Colosso de Odin.

— Pégaso, não gaste sua voz nessa vã esperança. — falou ela para o garoto com deboche na voz.

— O que quer dizer com isso?

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaWhere stories live. Discover now