99 - As Garras do Trovão

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A Capitã Geist apareceu nas ruínas com seu sobretudo e metade da Armadura de Prata de Ofiúco, emprestada por sua companheira Shaina. Ela desceu da coluna tombada e tomou o corpo de Shun nos braços, notando os cortes que ele tinha no pescoço, no rosto e nas pernas. Seus olhos ainda estavam moídos de dor, pois finalizada a música que apartava seus sentidos, os ferimentos do garoto lhe traziam grande aflição. Geist olhou do menino para o chão e notou as partes intactas da Armadura de Andrômeda espalhadas pelo chão de maneira curiosa.

— Andrômeda. — chamou Geist pelo garoto.

— Geist? — surpreendeu-se ele, abrindo os olhos. — O que faz aqui? E o Seiya? June?

— Estão todos bem, Andrômeda. — respondeu ela, seriamente. — Por que deixou-se ferir tanto assim, Shun?

Ele não respondeu.

— Tirou sua própria Armadura? O que significa isso?

— As minhas Correntes são inúteis contra este Guerreiro Deus. Elas não detectam ameaça alguma vindo dele e por isso não o atacam.

Geist ponderou sobre aquela informação e então olhou demoradamente para o violinista que, calmo e sereno, esperava que o resgate fosse concluído.

— Isso não explica porquê se desvencilhou também de sua defesa, Andrômeda. — falou ela novamente para o garoto.

— Não acho que esse Guerreiro Deus queira realmente me matar. — Geist outra vez olhou para o rosto sereno de Mime.

— Seu estado parece sugerir o contrário, Andrômeda. Vamos, sente-se aqui e repouse.

Deixou o corpo de Shun encostado em uma parede destruída e somente então virou-se para encarar aquele Guerreiro Deus que até então esperava pacientemente. Quando do seu banimento do Santuário, Geist dedicou-se à um costume que havia adquirido ainda quando era muito criança: os livros. Percebeu então que aquela figura diante dela lhe remontava a algumas famosas histórias do Norte. Não somente isso, ela fez questão de observar cada centímetro daquela figura serena diante de si.

— Preciso de sua Safira de Odin. — falou Geist apenas.

— É o mesmo discurso de Andrômeda. Fuja com ele daqui ou terá o mesmo destino que ele.

Mime lançou no ar uma ameaça e Geist pareceu absorver suas palavras, embora mantivesse os olhos escuros duramente pregados no Guerreiro Deus. Ela então lentamente armou sua guarda e sem que houvessem trocado mais nenhuma palavra, Mime percebeu que outra luta recomeçaria.

O Guerreiro Deus fechou os olhos e levou o arco de seu violino às cordas, novamente tocando seu maravilhoso réquiem que encheu o peito de Geist de uma profunda tristeza e admiração. A peça maravilhosa e cheia de alma tocada no andamento de valsa em tonalidade menor era de uma sensibilidade raríssima, ao ponto de Geist considerar um desperdício terrível que um talentoso violinista como aquele se deixasse rebaixar a atuar como um guerreiro, sem notar que ela mesma era de classe semelhante.

Mas se os seus ouvidos se deleitavam com a música, Geist observou claramente como espalharam-se pelas ruínas imagens de Mime tocando nas mais diversas distâncias e poses, todas as duplicatas tocando aquele violino belíssimo aos seus ouvidos.

— Não escute a música! — alertou Shun, às suas costas.

Era um apelo sem sentido aquele, pois Geist queria ouvir a música; a beleza da melodia que invadia seus ouvidos era tal que ela nunca havia escutado e, portanto, não lhe passava pela cabeça tentar silenciá-la. Uma à uma, no entanto, as duplicatas de Mime foram desaparecendo e Andrômeda desesperou-se nas costas de Geist, mas ela realmente tinha apenas ouvidos para aquela canção.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ