95 - A Batalha Mortal de Freia

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O Palácio Valhalla recebia uma leve nevasca que flutuava no ar antes de se desfazer nas pedras de mármore de uma bonita sacada onde Hilda observava a cadeia de montanhas e florestas distante no horizonte; atrás dela, sempre seus conselheiros Sid e Siegfried, trajando suas Robes Divinas e ajoelhados atrás de sua senhora. Um clima de tensão entre os três, enquanto a mulher caminhava de um lado ao outro da sacada.

— Com licença, senhorita Hilda. — apresentou-se também Alberich entre eles.

Olharam todos para o belo rapaz, que também comparecia trajando sua sagrada Robe Divina; cientes de que a rivalidade entre eles não poderia transparecer diante de Hilda, comportaram-se todos ajoelhados esperando os desígnios da representante de Odin naquela terra. Os olhos claros de Hilda refletiam o branco do céu amaldiçoado de Asgard e viram ao longe um vulto negro assomar-se contra o céu e pousar em sua mão: um grande corvo-do-norte, que ela acariciou para apartar o cansaço de seu vôo. O animal crocitou levemente e Hilda pareceu perder o fôlego por um instante antes que o soltasse para a liberdade de seus vôos misteriosos.

— Fenrir nos traiu. — comunicou Hilda para os conselheiros atrás de si.

Entre os Guerreiros Deuses às suas costas houve certa comoção e os três entreolharam-se, com Siegfried socando o chão à sua frente e quebrando a pedra com sua enorme força.

— Não é surpreendente. — comentou Alberich, atraindo para si os olhos consternados de todos que estavam ali. — Talvez tenhamos sido ingênuos de que ela lutaria ao lado de Asgard, dada a tragédia que abateu sua família há tantos anos.

— Ela ainda é uma filha de Asgard. Isso deveria ser maior do que qualquer coisa! — protestou Siegfried.

— A mágoa familiar talvez tenha sido maior do que seu dever para com nossa terra. — adicionou Sid.

— Inferno, eu não acredito que ela tenha traído Odin dessa forma. — inconformava-se ainda o maior dos Guerreiros Deuses. — Devemos buscá-la e jogá-la nos calabouços.

— Não é tempo para se lamentar. — falou Hilda a eles. — Nossa amaldiçoada terra sente falta de seus guerreiros valorosos de outros tempos.

— Nossa terra sente falta de qualquer tipo de guerreiro. — falou Alberich, com certo veneno.

Os rostos lívidos de Sid e Siegfried imediatamente o encararam, mas Alberich não lhes deu atenção e seus olhos continuavam pregados ao vestido da valquíria Hilda adiante deles, que ainda olhava para Asgard abaixo. Ele continuou, corajoso.

— Senhorita Hilda, estamos sendo atacados pelo Santuário de Atena e sequer temos Guerreiros Deuses suficientes que sejam leais à esta terra que tanto amamos. Talvez seja o momento de revogar a prisão e perdoar Sigmund, pois ele certamente poderia ser de grande ajuda neste momento, uma vez que está claro que estamos sendo invadidos.

— Alberich! — bradou Siegfried, levantando-se e partindo para cima do homem à menção do nome de seu aprisionado irmão. Outra vez Sid parecia escalado para tentar conter o amigo e levantou-se para apartar a dupla, e outra vez Alberich escapou da morte graças à voz forte de Hilda que os fez parar.

— Escute, Alberich, e me escute muito bem. — seus olhos eram pesados como se Odin os olhasse através dela. — A traição de Sigmund é tão grave quanto àquela de Fenrir em sua floresta. Duvidar de minha autoridade é duvidar de Odin. Sua prisão não será revogada e não mais falaremos o nome do prisioneiro daqui para o fim desta batalha. Está claro isso, Alberich?

Ele estava de pé, afastado da ira de Siegfried, pois afinal o conselheiro parecia insistir em trazer aquela chaga que tanto o feria por dentro diante de Hilda, a pessoa que ele mais estimava. Bem sabia Siegfried que Alberich o fazia de propósito, para que seu coração vacilasse pelo ódio e desgosto. Mas Alberich ajoelhou-se finalmente diante de Hilda e jurou.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaWhere stories live. Discover now