{82} Bagman e Crouch

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    Me desvencilhei de Rony e me levantei. Tínhamos chegado, pelo que parecia, a um trecho deserto de uma charneca imersa em névoa. Diante de nós havia dois bruxos cansados, com cara de rabugentos, um dos quais segurava um grande relógio de ouro, e o outro, um grosso rolo de pergaminho e uma pena. Ambos estavam vestidos como trouxas, embora sem muita habilidade; o homem do relógio usava um terno de tweed com botas de borracha até as coxas; o colega, um saiote escocês e um poncho.

— Bom-dia, Basílio. — Cumprimentou o papai, apanhando a bota que nos transportara e entregando-a ao bruxo de saiote, que a atirou em uma grande caixa de chaves de portal usadas, a um lado; logo vi, entre elas, um jornal velho, latas de bebidas vazias e uma bola furada.

— Olá, Arthur. — Disse Basílio em tom entediado — Não está de serviço, não é? Tem gente que se dá bem... estivemos aqui a noite toda... é melhor você desimpedir o caminho, temos um grupo grande chegando da Floresta Negra às cinco e quinze. Espere um pouco, me deixe ver onde é que você vai ficar... Weasley... Weasley... — Ele consultou a lista no pergaminho — A uns quatrocentos metros para aquele lado, primeiro acampamento que você encontrar. O gerente é o Sr. Roberts. Diggory... segundo acampamento... pergunte pelo Sr. Payne.

— Obrigado, Basílio. — Disse papai e fez sinal para que o acompanhassemos

   Saímos pela charneca deserta, incapazes de distinguir muita coisa através da névoa. Passados uns vinte minutos, avistamos uma casinha de pedra ao lado de um portão. Mais além, pude distinguir mal e mal as formas fantasmagóricas de centenas de barracas, montadas na ondulação suave de um grande campo, no rumo de uma floresta escura no horizonte. Nos despedimos dos Diggory e nos aproximamos da casa.

  Havia um homem parado à porta, coantemplando as barracas. Parecia ser realmente um trouxa, era o tal Sr. Roberts que Basílio havia mencionado, ele apenas informou onde ficaria nossas barracas e papai o pagou em dinheiro de trouxa, o que foi meio engraçado porque ele não entendia bem aquelas notas estranhas, confesso que nem eu entenderia. Quando o Sr. Roberts pareceu intrigado, não só com isso, mas com a forma de que muitos estavam vestidos e começou a falar do que já tinha visto até aquela hora, um bruxo de bermudão largo materializou-se do nada ao lado da porta da casa e lançou-lhe um feitiço modificando sua memória. Então o Sr. Roberts entregou o mapa do acampamento para o meu pai e o bruxo de bermudão nos acompanhou em direção ao portão do acampamento. Parecia exausto; a barba por fazer azulava seu queixo e havia olheiras roxas sob seus olhos. Uma vez longe do raio de audição do gerente, ele murmurou para papai:

— Estou tendo um bocado de problemas com ele. Precisa de um Feitiço da Memória dez vezes por dia para ficar feliz. E Ludo Bagman não está ajudando. Anda por aí falando em balaços e goles a plenos pulmões, sem a menor preocupação com a segurança antitrouxa. Pombas, vou gostar quando isso terminar. Vejo você mais tarde, Arthur.

  E desaparatou.

— Pensei que o Sr. Bagman fosse chefe de Jogos e Esportes Mágicos. — Falei surpresa — Devia ter mais juízo e parar de falar de balaços perto de trouxas, não devia?

— Devia. — Concordou o papai, sorrindo e passando conosco pelo portão do acampamento — Mas Ludo sempre foi um pouco... bem... displicente com a segurança. Mas não se poderia desejar um chefe mais entusiasta para o Departamento de Esportes. Ele jogou quadribol pela Inglaterra, sabem. E foi o melhor batedor do Wimbourne Wasps que o time já teve.

  Avançamos lentamente pelo campo entre longas fileiras de barracas. A maioria parecia quase normal; os donos tinham visivelmente tentado o possível para fazê-las parecer equipamento de trouxas, embora tivessem cometido alguns deslizes ao acrescentarem chaminés ou cordões de sinetas ou cata-ventos. Porém, aqui e ali, havia uma barraca tão obviamente mágica que eu não me surpreendi que o Sr. Roberts estivesse desconfiado. Lá para o meio do campo, havia uma extravagante produção de seda listrada como um palácio em miniatura, com vários pavões vivos amarrados à entrada. Um pouco adiante, passamos por uma barraca que tinha três andares e várias torrinhas; e, mais além, havia uma outra com um jardim anexo, completo, com banho para passarinhos, relógio de sol e fonte.

𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐄𝐀𝐒𝐋𝐄𝐘, draco malfoy [1]Kde žijí příběhy. Začni objevovat