{76} O beijo do dementador

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    Eu nunca fiz parte de um grupo tão esquisito. Bichento descia as escadas à frente; Lupin, Pettigrew e Rony vinham a seguir, parecendo competidores de uma corrida de seis pernas. Depois vinha o Prof. Snape, flutuando feito um fantasma, os pés batendo em cada degrau que descia, seguro por sua própria varinha, que Sirius apontava para ele, Vega vinha logo ao lado dele e os dois conversavam algo, imagino que Black estivesse tentando recuperar os onze anos que perdeu sem saber que tinha uma filha. Eu, Harry e Hermione fechavamos o cortejo, Os dois me ajudando a descer as escadas.

   Voltar ao túnel foi difícil. Lupin, Pettigrew e Ron tiveram que se virar de lado para consegui-lo; Lupin continuava a cobrir Pettigrew com a varinha. Eu os via avançar lentamente pelo túnel em fila indiana. Bichento sempre à frente. E nós logo atrás de Black, que continuava a fazer Snape flutuar à frente com a cabeça mole batendo sem parar no teto baixo.

   Tive a leve impressão de que Black não estava fazendo nada para evitar as batidas.

— Você sabe o que isso significa? — Perguntou Black abruptamente a Harry enquanto fazíamos um lento progresso pelo túnel — Entregar Pettigrew?

— Você fica livre... — Respondeu Harry

— É. Mas eu também sou, não sei se alguém lhe disse, eu sou seu padrinho.

— Eu soube. — Disse Harry

— Bem... os seus pais me nomearam seu tutor. — Disse Black formalmente — Se alguma coisa acontecesse a eles...

   Vega virou pra trás e deu um sorriso para Harry. Pela primeira vez eu a vi sorrir de verdade, sem sarcasmos ou nada.
  
— Naturalmente, eu vou compreender se você quiser ficar com seus tios. — Disse Black — Mas... bem... pense nisso. Depois que o meu nome estiver limpo... se você quiser uma... uma casa diferente...

— Quê, morar com você? — Perguntou, batendo a cabeça, sem querer, numa pedra saliente do teto

— E comigo. — Vega falou saltitante, parecia animada com a possibilidade  — Com a minha mãe também, isso depois que os meus pais conversarem e se resolverem, sabe?

— Deixar a casa dos Dursley? — Perguntou Harry

— Claro, achei que você não ia querer. — Disse Black apressadamente — Eu compreendo, só pensei que...

— Você ficou maluco? — Disse Harry, com a voz quase tão rouca quanto a de Black — Claro que quero deixar a casa dos Dursley! Você tem casa? Quando é que eu posso me mudar?

   Black virou-se completamente para olhar o garoto; a cabeça de Snape raspou o teto, mas Black não pareceu se importar. Eu e Hermione nos entreolhamos com um sorriso.
  
— Você quer? — Perguntou ele — Sério?

— Sério! — Respondeu Harry.

  O rosto ossudo de Black se abriu no primeiro sorriso verdadeiro que eu já o tinha visto dar. A diferença que fazia era espantosa, como se uma pessoa dez anos mais nova se projetasse através da máscara de fome; Vega também pareceu muito feliz com a notícia e começou a dizer que sempre quis ter um irmão.

   Os três não se falaram mais até chegar ao fim do túnel. Bichento saiu correndo à frente; evidentemente apertara o nó do tronco com a pata, porque Lupin, Pettigrew e Rony subiram penosamente mas não houve ruídos de galhos ferozes. Black fez Snape passar pelo buraco, depois se afastou para que Vega, eu, Harry e Hermione pudéssemos passar.

   Finalmente todos conseguimos sair.
  
   Os jardins estavam muito escuros agora; as únicas luzes vinham das janelas distantes do castelo. Sem dizer uma palavra, começamos a andar. Pettigrew continuava a arquejar e, ocasionalmente, a choramingar. Harry parecia extremamente feliz com a notícia que deixaria os Dursley.

𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐄𝐀𝐒𝐋𝐄𝐘, draco malfoy [1]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora