Teenage Bounty Hunters 2 (Ste...

By 307Bitanic

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Numa noite em que tudo deu errado, as irmãs Blair e Sterling tiveram de aprender a lidar com os diversos conf... More

Sterling, você é minha filha
Será que elas irão nos odiar para sempre?
Eu te amo
A verdade
Alex?
Como você soube?
Querida eu do passado
Se eu pudesse
Amiga da Sterling?
Relacionamento Cristão
E o que ela disse?
Ciúmes
Alicia Farwell
Isso sim que é diversão!
As anotações
Mal posso esperar
Padawan
Cúmplices
O encontro (parte 1)
O encontro (parte 2)
Sterling?
Volte agora!
Desculpa
Os preparativos
Sábado
Hartleben
Margaret
Domingo
Vamos?
Fique
Confia em mim
Será que ele é confiável?
O almoço
Caça ao tesouro
Aquela droga de livro da Blair
Um mês
Nossa única chance
Srta. Bela Adormecida
Precisamos conversar
Você me beijou!
A novata
Longa história
Carreira solo
Consulta
Alohomora
Somos Caçadoras de Recompensas
E o Uber?
Viva os honorários!
Casa na árvore
As gravações
As cartas de Margaret
É muito arriscado
A perseguição
A embarcação
Cassiopeia
Cem dólares
Tentando se manter viva
Acidente
Anderson
Um erro
Xeque-mate
Eureka!
Meisner
Harvey-Johan
Não posso te prometer
Bodas de papel
O presente de April
Slow Burn
Edifício Playcenton
Fim de jogo - Parte 1
Fim de Jogo - Parte 2

Acabou

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By 307Bitanic


        Blair acordou de repente, num sobressalto, quando sentiu seu tronco projetar-se para frente, como se fosse cair de algum abismo. No instante em que abriu os olhos, imediatamente sentiu uma dor fortíssima na cabeça a atingir, deixando-a brevemente desorientada. Piscou algumas vezes para que os seus olhos se ajustassem à luz. A região de sua cabeça que latejava era justamente a parte de trás, lugar exato onde lhe acertaram com brutalidade a porra de uma garrafa de bebida quente, que se espatifou em vários pedacinhos com o impacto. Mas era como se tudo tivesse sido afetado com o golpe, porque a dor parecia generalizada. Sentiu que poderia explodir a qualquer instante.

       As dores no corpo também se fizeram bem presentes, qual a sensação de aperto em seu pescoço. Sufocante. Desesperador. Foi por meio dessas ligeiras impressões de vivências que sua mente despertou, fazendo-a se lembrar de alguns momentos antes de ter desmaiado.

       Quase morte. Agonia. Estrangulamento. Ar lhe escapando aos pulmões. Sorriso de satisfação no rosto do homem sobre si. Quase inconsciência total. E o tiro que veio de sabe-se lá onde, efetuado por sabe-se lá quem. Quatro tiros, ao todo. Ou será que foi impressão? Sangue jorrando. Miolos. As mãos ao redor de sua garganta se afrouxaram. O homem caiu morto ao seu lado. Vozes masculinas ao longe... Até tudo virar escuridão.

       Lembrou-se. E se lembrar não foi tão bom. Os sentidos voltaram vívidos quando recobrou à consciência de fato. Seus olhos finalmente puderam ver o que ainda não tinha percebido. Ao respirar fundo, engasgou-se com o cheiro desagradável. Era algo parecido com mofo ou coisa pior. Estava presa. Amordaçada, seus braços e pernas encontravam-se atados a uma cadeira de madeira completamente desconfortável. Quis gritar, mas só saiu um gemido esganiçado de sua garganta. O som, abafado. A isso se deveu o pano grosso colocado ao meio de seus dentes, preso com dois nós em sua nuca.

       Seus olhos perscrutadores e ávidos por informação vasculharam o redor. Sozinha. Encontrava-se sozinha. O ambiente quase não recebia luz, até porque estava de noite do lado de fora. Mesmo assim, não havia nenhuma janela ou duto. Pelo menos, não visivelmente. Nenhuma ventilação. Era só um cômodo de mais ou menos 3m², a cadeira, ela e a porta de ferro, que a trancafiava ali. Apenas. Um pavor nunca antes sentido a dominou por completo diante daquela realidade.

       Meu Deus, onde é que eu estou??? Cadê o Alex???

     E a resposta para a sua pergunta veio quase que imediatamente.

      Alguém finalmente deu as caras depois do que pareceram horas de espera e agonia, só que a presença do sujeito se mostrou extremamente indesejada no instante em que seu rosto fora revelado. Blair começou a rugir e a tentar se soltar da cadeira, a fúria e a repulsa ficaram claramente refletidas em seus olhos. Lembrava um animal feroz cuja soltura seria arriscada demais. Mesmo assim, reação melhor não poderia ter ocorrido para o homem, que sorriu com satisfação diante da garota.

— Ora, ora, ora... — ele brincou com as palavras proferidas, gozando do sabor delas em sua boca. — Parece que o leãozinho finalmente acordou.

        Era John Stevens.

        Ele contornou deliberado e vagarosamente a cadeira em que ela estava sentada, numa volta de 360º, e deslizou a ponta dos dedos no rosto e no cabelo de Blair, acariciando-os, e ela desesperadamente se contorceu ao toque, enojada e raivosa.

        John parou defronte, então, e a estudou por um breve instante.

— É muito bom te ver. — comentou casualmente para iniciar a conversa unilateral. — E, se me permite dizer, você está realmente linda. Bom... Só um pouco machucada aqui, descabelada ali, mas quem se importa, não é mesmo? — e riu um riso forçado. Os olhos dela, se fossem armas, já o teriam matado. — Cresceu bem.

       Respirando fundo, ele jogou os cabelos longos para trás e o prendeu com um elástico que tinha no pulso. Depois, guardou os óculos falsos no bolso do paletó.

— Estou ponderando sobre a possibilidade de tirar esse pano da sua boca. Mas apenas se você me prometer que será uma boa garota. — coçou o queixo sem barba. — Posso confiar em você, leãozinho?

        O apelido era tão escroto e repugnante que ela teve vontade de vomitar. Como a resposta à pergunta dele não veio, ele entendeu que era uma afirmação. Quem cala, consente, certo? Ai, ai... Então John decidiu seguir com a ideia, para se arrepender amargamente momentos mais tarde.

        Assim que abaixou o pano que a amordaçava, Blair começou a gritar a plenos pulmões em desespero, pedindo por socorro. John, para calá-la, desferiu-lhe um tapa tão forte na cara que estalou, a bochecha atingida começou a queimar e a doer. O grito cessou na mesma hora. Ele, portanto, segurou o rosto dela possessivo e agressivamente com uma das mãos.

— Qual foi a parte que você não entendeu, sua vadia??? — as palavras soaram ríspidas e cortantes, o hálito de bebida quente ricocheteou no rosto dela devido a pouca aproximação.

         Ela, aproveitando-se da pouca distância, catarrou impiedosamente no rosto de traços rústicos, e parte de seu cuspe atingiu a boca dele. Tão nojento que a fez gargalhar de satisfação com a careta que John fez. O retruque dele foi lhe desferir outro tapa na cara e, daquela vez, com o punho cerrado. Sangue imediatemente respingou para todas as direções devido à força depositada no golpe.

          Blair continuou a rir só para provocá-lo. A serenidade já tinha abandonado o semblante do Stevens há tempos. No lugar, havia ira por causa da ousadia dela. Como pode me desafiar dessa maneira?? Ele voltou a selar a boca dela com o pano.
 
— Sabe, Blair... — com o maxilar tensionado, John suspirou pesadamente. — Seria bem fácil para mim deixar que o Theodore te estrangulasse até que o ar escapasse completamente de seu lindo corpo. Muito, muito fácil, até porque ele já estava quase obtendo êxito na prática. A única coisa que eu precisava fazer era deixá-lo lá, sobre você, por mais alguns instantes. Mas, não, eu intervi. Salvei você. Sabe por quê? Porque eu achei que você merecia uma morte bem mais digna. Mas a verdade é que eu já estou começando a me arrepender disso...

       John retirou o paletó e o abandonou em um canto qualquer daquele cômodo. Mas, antes, lembrou-se de retirar dali um canivete.

— Eu não iria jogar Poker hoje. Não, não iria. — com a arma branca em mãos, ele brincou com ela enquanto falava. Deslizou o polegar e o indicador pela lâmina, como se estivesse limpando-a. — O andar de cima, este que suponho que tenha sido o seu objetivo alcançar, é um verdadeiro paraíso, devo dizer. Para os que querem se drogar, há um ambiente especificamente voltado para isso. Para os que querem se esbaldar em luxúria e sexo, também tem. Para quem quer apenas fumar um bom charuto enquanto joga conversa fora, idem. E tem a minha recreação favorita: a sala dos homens de verdadeiro poder. Lá, julgamos minuciosamente quanto vale cada virgem e as vendemos para os nossos contatos ao redor do mundo. Para padres. Políticos. Embaixadores. Sacerdotes. Reis. Enfim, para todo tipo de gente poderosa que você possa imaginar.

       Por mais que ela soubesse o quão sórdida e depravada e amaldiçoada e imunda era a alma daquele sujeito defronte a si, ainda assim se viu chocada. Chocada, em especial, porque não podia crer que uma situação desumana e bárbara qual aquela (tráfico de mulheres) acontecia bem embaixo do nariz de todos. Como??? Ficou bem claro para Blair que a palestra era só uma desculpa bem da esfarrapada e nojenta para que aqueles filhos da puta pudessem se reunir tranquilamente sem levantar qualquer alarde ou suspeita. Afinal, o que senhores e senhoras de smoking e vestidos caros e inegavelmente deslumbrantes, respectivamente, poderiam oferecer de risco à humanidade numa reunião, não é mesmo? Eram apenas bons milionários debatendo sobre negócios e assuntos considerados inteligentes e complexos. Apenas...

       John Stevens era a porra de uma escória! Era e sempre seria. Ele e todo o seu bando de marginais. A cada segundo que Blair era obrigada a olhar para a cara cínica dele, mais repulsa e ódio ela sentia borbulhar dentro de seu âmago.

— E hoje fizemos algumas transações. Transações que, por muito pouco, não nos tornaram ainda mais ricos do que já somos, isso tudo em menos de uma hora. — Ele sorriu, perverso. — Eu quis comemorar, é claro. Claro que eu quis. Então, depois de comer uma ou duas vagabundas lá em cima, Tobias e Mateo, que são amigos meus, e eu decidimos torrar uma graninha aqui no Poker para passar o tempo... Qual foi nossa surpresa ao nos depararmos justamente com o cenário desastroso em que você se encontrava. Matei aqueles velhos inúteis para, assim, dar uma morte mais digna não só a você, mas ao Alex também. Pode me agradecer depois, eu deixo.

         À menção do nome do namorado, Blair se colocou em estado de alerta, agitando-se por dentro. Seu semblante desenhou a preocupação e o desamparo, deixando explícito o questionamento que sua boca, àquela hora, não era capaz de fazer: ele está bem??

— Ele ainda não morreu, se é isso que quer tanto saber. — John pareceu tê-la compreendido, lido a sua expressão. — Ainda não. Estão lidando com ele em outro lugar. Alguma sala aqui por perto. Já eu, no caso, quis você.

       Com o último comentário, ela conseguiu enxergar um brilho quase cruel e vil em seus olhos claros, como se matá-la não fosse prioridade para ele naquele momento. Muito pelo contrário. John deu a entender que tinha em mente coisas bem mais convenientes.

       Blair sentiu o estômago embrulhar com a sugestão.

— No começo, quando eu vi grande parte dos meus negócios ser arruinado, qual a união e a prosperidade da minha família, pelo escândalo, pensei em cometer suicídio, porque fiquei completamente desorientado. A polícia local estava atrás de mim. O FBI estava atrás de mim. A CIA. A Interpol. Não suficiente, até mesmo as muitas figuras de autoridade que foram expostas pelo vazamento das informações começaram a me caçar também. Eu estava cercado. A corda estava cada vez mais tensa envolta do meu pescoço. E eu nem tinha a minha família para me servir de base. Eu não tinha nada. — contou ele dramaticamente. — A minha fuga do país e o meu desaparecimento por tanto tempo foram necessários para que eu pudesse me recuperar do baque e tivesse forças para reagir. Era impossível que eu saísse nas ruas despreocupadamente, porque corria a chance de eu ser reconhecido. Então tive que depender de favores por um tempo. No início, fiquei escondido no Panamá para ter como arquitetar alguns planos de ação a partir daquela derrota recente. Depois, fui escoando de um lado a outro para tomar conta da minha grande fortuna, e fui me moldando de acordo com a necessidade.

        Enquanto ele falava e falava e falava, ela usava o tempo ao seu favor para sua própria fuga.

— Mas acho que você já saiba disso tudo, não? Afinal, se me encontrou depois de todos os anos, certamente esteve na minha cola. — supôs, e estava certo. Ele sorriu para ela, depois balançou a cabeça em negação. — Você não parou, não é? Desde a morte do seu pai, eu digo. Aposto que quis me encontrar de todas as maneiras. E para quê? Para acabar feito uma otária bem aí. — e apontou com o queixo para o lugar em que ela se encontrava. A risada agora lhe tomou a boca, uma risada carregada de provocação. — Por que simplesmente não deixou para lá? Eu sou impegável, será que você não percebeu até agora? Não é você nem tampouco a sua raivinha de adolescente acumulada por anos que vai me parar. Você não é nada, Blair. Você e a sua irmã até conseguiram me prender uma vez, é verdade. Palmas para vocês duas por isso. Mas eu fui solto mais rapidamente do que o tempo que vocês estiveram dentro do útero da mãe de vocês sendo geradas. — e mais um riso debochado. John realmente amava ouvir o som de sua própria voz. Ele realmente acreditava que estava no comando.

       Mas ele a subestimou. Ah, mas o fez com muita desgraça!

        Ele a subestimou. Ele subestimou o poder dos anos. Ele fervorosamente não deu os devidos créditos aos sete anos passados. Ele subestimou a garra e a determinação dela. Ele subestimou todas as horas de terror psicológico a que ela foi submetida para seu treinamento profissional. Ele subestimou o preparo físico pelos quais ela teve de passar, que a levaram ao extremo incontáveis vezes. Ele subestimou todos os dias em que ela não dormiu apenas pensando em formas inteligentes e silenciosas de o matar. Ele subestimou os cursos que ela tinha nas costas. Todos. Especialmente o de Fuga. Ela não passou por todas aquelas desgraças em sua preparação durante longos sete anos em vão. Não mesmo. Mas ele a subestimou, porque não estudou sua inimiga. Ele não a conhecia da forma como acreditava que conhecia. Sua soberba o levaria à ruína.

      Talvez ela tenha se deixado levar um pouco pela emoção no começo da missão e se descuidado quando interceptou aqueles nove homens na sala do Poker. Ela e Alex. Não calcularam ao certo os riscos, o que foi um baita erro, ainda mais para eles. Mesmo assim, tinham treinado para todos os tipos de situações possíveis. E, portanto, podiam tomar o controle de volta.

       O maior dos maiores erros de John foi não ter atirado nos dois quando teve tempo e oportunidade.

— Foi um verdadeiro presente para mim ver você outra vez esta noite, Blair. Nunca imaginaria, juro. E me sinto honrado que você tenha procurado por mim durante tanto tempo. Significa que esteve pensado em mim, não? — John era tão debochado e escroto que chegava a ser repugnante. Blair se esforçou para não demonstrar qualquer reação, manter-se impassível, mas o desgosto ficou bem evidente em seu semblante.

        Ele quis rir.

      Respirando fundo com certa satisfação, voltou a tirar o pano da boca dela.

— Vou te dar mais uma chance. — disse, mas deu para ver que ele ficou em estado de alerta, pronto para silenciá-la outra vez ao sinal de qualquer outra crise de gritos que surgisse de repente. Quando viu que não veio, John relaxou ainda mais. — Conversa comigo, Blair, quero ouvir a sua voz.

       Como podia ser tão sujo? Como podia ser tão podre?

      Olhar para a cara dele era um castigo dos céus sem fim. Talvez estivesse no inferno, defronte ao diabo em pessoa, e nem soubesse.

— Vai ser um grande prazer para mim.

      Ela torceu a boca.

— Você deve ser muito infeliz, não é, John? — a voz dela foi ouvida pela primeira vez. Alfinetou-o sem piedade. — Seus filhos te odeiam. Sua esposa te odeia. Seus amigos te odeiam. Você teve que sair FUGIDO de seu próprio país. Você NÃO tem honra. Você precisa ficar se disfarçando para poder sobreviver. Você é procurado pelas MAIORES corporações de investigação do mundo. Você não tem lar. Você não tem NADA. — cuspiu aquela dura verdade com muito gosto na cara dele e sentiu o doce gosto da vingança agradar o seu paladar. — Voce não é NADA. Sua vida está destruída e você é a porra de um miserável. Você é tão pobre, mas tão pobre, que a ÚNICA coisa que você tem é dinheiro.

        Aquela última frase o machucou tanto, o afetou de uma maneira tão forte que ele não teve nem argumento para retrucar. Arrependeu-se de novo de tê-la deixado falar. Diante da resposta, era preferível que ela tivesse gritado. A cara de bosta que desenhou a fisionomia de John foi satisfatória demais para ser ignorada. Ela conseguiu atingi-lo EXATAMENTE onde mais doía. Atingiu o alvo com tanta precisão que fez valer o seu curso de Sniper.

— Deixa eu te perguntar, Jonathan: — ela continuou, divertindo-se com os seus próprios comentários provocativos. — você soube que será avô?

        As sobrancelhas dele arquearam sutilmente com a informação. A surpresa, por mais que discreta, se fez presente.

— April e Sterling casaram. Foi lindo! Pena que não te convidaram... E minha irmã está grávida. — ela deu as notícias com muita animação e o veneno escorria por sua boca que nem mel. — Parabéns, vovô! — fez questão de ironizar para desgraçar ainda mais a vida dele. — Sua filha favorita é uma advogada FODA, está indescritivelmente linda, tem o próprio dinheiro, gosta de mulheres com muito orgulho, está casada com a minha irmã e vai ser mãe. — contou. — Deve ser bem chato para você não ter participado disso tudo, não é? Foi excluído de tudo. Tadinho...

         O biquinho que ela fez para fingir tristeza pela situação dele logo foi substituído por uma gargalhada potente e sarcástica. Uma gargalhada ecoou. E sua risada o irritou profundamente, deixando-o transtornado. Mexeu com o ponto mais frágil do íntimo dele, deu para sentir a desgraça espiritual rondando-o. Era exatamente o que ela queria.

        Para mostrar que estava no poder e que não tinha se afetado, o Stevens usou do canivete ao seu favor. Deslizou a ponta da lâmina pelo pescoço dela, como se ponderasse se a enfiava de uma vez ou se esperava mais um pouco.

        Ela zombou.

— Achei que quisesse conversar, Jonathan... Isso não é conversar.

      Ele assentiu com a cabeça veementemente, concordando. Então, em vez de usar o canivete para cortar o pescoço dela, utilizou-o de outra maneira: rasgou o vestido azul a partir do decote até a altura do abdômen, depois terminou o serviço com a mão mesmo, depositando no ato toda a sua raiva. Ela mordeu o maxilar a fim de controlar sua respiração.

— Quanto você acha que eu valho, uh? — instigou ela.

        Ele a deixou com apenas as roupas íntimas, mas quase arrebentou uma das alças de silicone transparente do sutiã devido à brutalidade.

— No momento, você não vale a porra de um prato de comida, sua vagabunda.

        Blair sorriu com sarcasmo.

— Você me subestima tanto que chega a ser engraçado. — disse deliberadamente, a cabeça pendendo um pouco para trás. Fechou os olhos ao tomar uma respiração. — Eu deixo você apreciar o meu corpo, John. É o mais perto que você vai chegar mesmo... — ele começou a desabotoar a própria camisa. — Você pode até me tocar, mas nunca vai conseguir me ter. Nunca vai conseguir me levar ao prazer. Você é desprezível! Tão desprezível que precisa pagar pra simular que levou alguém ao prazer. Tão patético! É de dar dó. Ninguém quer nem de graça essa porra pequena e murcha aí que você tem entre as pernas.

        O olhar dele sobre ela era tão mortal que chegava a ser palpável. Os dentes rangiam. O ódio já lhe tomara conta há muito tempo. E ela se divertia. Não o encarava. Permanecera de olhos fechados, com o rosto voltado para o teto, enquanto falava. Enquanto fazia piada.

       Blair o inferiorizava e o ridicularizava para que ele sentisse o desespero, a necessidade de se provar o contrário. As descrições malvadas o forçavam a agir de acordo com aquilo que ele queria mostrar: superioridade. Ele era incapaz de ignorar as ofensas, porque seriam um reflexo de quem ele era. E ele não queria ser visto como um fraco, não podia admitir tal característica. Feria gravemente a sua autoimagem. Portanto, John fazia questão de se mostrar mais homem. De parecer imponente. Todavia, quanto mais ele se esforçava para tal, para parecer coerente com o que tecnicamente o seu sobrenome simbolizava (perigoso, imbatível, imparável), mais ele se tornava pequeno e vulnerável, afinal de contas toda a sua energia estava sendo desprendida para aquela função e ele estava perdendo o foco. Blair sabia exatamente que isso aconteceria. É claro que ela sabia. A maioria dos homens, especialmente aqueles com ego frágil, quando atingidos bem em cheio, lutam com todas as forças para se mostrarem maiores. O que não sabem é que se tornam bem pequenos, no lugar.

        Blair deixou a cabeça cair para frente outra vez para olhá-lo quando ouviu o som do desfivelar do cinto dele.

— Graças a Deus que o Alex não parece com você nem um pouco. — ela continuou a provocá-lo. — Imagina que desprazer seria ter essa visão do inferno todas as vezes em que fôssemos transar...

        A comparação. Ah, a boa e velha comparação! Nunca falhava.

        Transtornado, ele fez valer o conceito de escória quando colocou o pênis ereto para fora e se aproximou dela. Blair se esforçou tanto para não vomitar que a careta desgostosa e a ânsia ficaram estampadas em seu rosto. John segurou o cabelo dela com força.

— Abre a boca! — exigiu, o tom de voz autoritário e implacável.

         Mas ela não o fez. Selou os lábios com tamanha precisão e necessidade, como se a sua vida e sua dignidade e sua honra dependessem disso. Seus dentes estavam cerrados.

— Abre a porra da sua boca, sua vagabunda!

          Sem sucesso.

         Ele iria forçá-la a manipular seu membro com a boca para fazê-la pagar por suas palavras proferidas. Para castigá-la. Para fazê-la sofrer. Porém as investidas fracassadas provaram para ele que ela não era nenhum animal domesticado. E nem poderia. Era uma selvagem. E ele achou que sabia exatamente como lidar com esse tipo de comportamento. Apenas achou...

        Quando se agachou um pouco para poder esfregar seu "objeto sexual" nela, distraído o suficiente para perceber algo além do desprezo ininarrável desenhado na fisionomia dela, Blair finalmente conseguiu desatar os nós de suas mãos presas às cordas, qual aprendeu em seu treinamento de Fuga. Assim, em um só movimento indiscutivelmente preciso e hábil, ela conseguiu levar a mão direita ao cabelo e soltou a presilha longa e curva que ali estava, deixando seus cabelos escuros caírem definitivamente sobre as suas costas. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta para ela, que teve tempo de raciocinar exatamente o que faria. Pare ele, porém, foi tão repentino e brusco que não lhe deu nem tempo de reação. Foi um vulto, um borrão quase imperceptível, quando o braço direito dela desceu na toda e cravou a presilha pontiaguda profundamente no pescoço dele. Um simples acessório de cabelo era uma arma. Quem imaginaria, não? Ninguém, é verdade. Mas era.

        O rosto do Stevens, que antes estava carregado com uma ira regozijadora, ficou imediatamente pálido enquanto seus músculos se contorciam em uma expressão de choque e dor, então Blair pressionou o êmbolo pequeno que havia na presilha, injetando nele uma dose letal de etorfina. A paralisia foi instantânea. Xeque-mate!

         A Wesley perdeu muitas e muitas horas de sono pensando em como conseguiria manipular este específico fármaco narcótico em seu laboratório particular. Considerou e desconsiderou ideias. Testou. Frustou-se. Então chegou ao seu objetivo: matá-lo sem deixar muitos rastros. O curso de Produtos Perigosos que fez anos atrás serviu tão bem quanto uma luva para aquele momento.

         John caiu. Caiu da forma mais patética e horrorosa que alguém poderia cair: com aquela merda que ele chama de pinto para fora. A cena mais deplorável que Blair já fora obrigada a presenciar. Então, após finalmente se soltar por completo, ela inclinou-se sobre o corpo quase sem nenhuma vida e, sustentando o olhar daquele sujeito com um sorriso de satisfação, ela pisou com toda a força do mundo no meio das pernas dele com o salto alto que usava, esmagando definitivamente o membro murcho.

— Para você saber que não deveria me subestimar. Não deveria se atrever a me tocar. Não deveria brincar comigo nem com a minha família, seu filho da puta, desgraçado! — praguejou em alto e bom tom, carregada de uma fúria e um rancor há muito tempo acumulados. Só ela sabia o quanto esperou por aquele momento. — Tomara que você queime no fogo mais ardente do inferno e a sua alma vá para o lugar mais sórdido do submundo.

         Afastou-se, mas só o suficiente.

         Ela sentiu um peso enorme ser tirado de suas costas e seu coração passou a bater mais aliviado. Mas ela não ficou feliz. Não, não mesmo. Não ficou feliz, porque a morte dele não iria trazer Anderson de volta. Não iria trazer a antiga Blair. Não iria trazer aquelas vítimas. Não iria confortar o coração das famílias que foram atingidas pela crueldade e perversidade dele. Mas ela estava aliviada. Aliviada porque havia um John a menos no mundo e, a longo prazo, isso era muita coisa.

        Ela engoliu a saliva penosamente.

        Se o Stevens sentiu alguma dor naqueles últimos instantes, não foi capaz de expressar. Mas seus olhos, sim. O azul das orbes, enquanto perdiam pouco a pouco o brilho, refletiu a agonia e o desespero. Refletiu a dor alucinante que nem mesmo ele poderia reprimir ou fazer parar. Mas, se levar em consideração todas as atrocidades que ele fez em vida, aquela punição não chegava nem aos pés de tudo o que ele merecia sofrer. Mesmo assim, Blair se sentiu satisfeita. Ficou bem ali, parada defronte a ele, observando a vida lhe dar as costas. Observando o movimento torácico parar de vez. Observando a tensão do corpo cessar e os músculos relaxarem para sempre. Observando ele a observar sem poder fazer nada.

        Ela poderia, sim, ter usado aquela presilha para matar o desgraçado que a tentou asfixiar até a morte. Mas, em seu julgamento durante aqueles instantes, preferiu morrer a ter de desperdiçar a arma destinada ao Stevens. Aprendeu durante os seus anos de treinamento que, se estivesse em uma posição em que não poderia agir para se defender, era porque calculou muito mal os riscos e não respeitou a primeira regra do jogo: não ser pega. Uma vez que era, tinha de escolher entre abortar a missão e dar um jeito de escapar... Ou se entregar. Se matasse aquele homem velho antes sobre si, seria o mesmo que abortar a missão, porque se deixou encurralar. Não agiu com cautela, deixou a emoção falar mais alto. Então, por causa de seu próprio erro, optou por morrer.

       Claramente não era a sua hora ainda. Deus decidiu dar a ela mais uma chance de tentar de novo. Obrigada, Senhor!

        Ela se ajeitou com o resto de seu vestido rasgado, mas não teve muito sucesso. Logo, para não precisar sair praticamente despida, vestiu o paletó que John havia deixado de lado em um canto daquele pequeno cômodo. Roubou dele a carteira, as chaves e o canivete. Com o Stevens morto no chão frio, ela passou por ele e checou a saída antes de se colocar finalmente para fora. Não havia ninguém naquele corredor. Mesmo assim, procurou ter mais cuidado.

        Deslizando por aquele hall, procurou ouvir o som de humanos pelas três portas que ali havia, mas foi só na última que obteve sucesso. Havia duas vozes masculinas. Soube, então, que a terceira voz estava impossibilitada de falar. A terceira só poderia ser Alex.

        Ela bateu na porta de ferro com os nós de uma das mãos e esperou que um dos dois capangas fosse atender. Como eles não estavam esperando que fosse ela, não foram ariscos. Desvantagem. Assim que um deles abriu, ela imediatamente cravou o canivete no peito dele, atingindo o coração, e o girou para si, transformando-o em seu escudo caso o outro desatasse a atirar. Prendendo-o com um mata leão pelo pescoço com um dos braços, ela usou o outro para sequestrar a arma dele.
        
        O segundo homem, assim que compreendeu a situação, imediatamente fez o mesmo com o Alex, que virou seu alvo. O Stevens estava desacordado, sangue jorrava de seu nariz e boca, e havia inúmeros hematomas roxos espalhados por sua pele branca. O coração de Blair falhou uma batida com a visão e uma certa sensação de medo lhe acometeu. Medo de que tivesse chegado tarde demais. Por um instante, ela chegou a cogitar se ele ainda estaria vivo, mas logo percebeu que sim. Caso contrário, o segundo homem não estaria tão seguro de si e de sua salvação quando fez Alex refém.

        Blair apontou para o seu oponente enquanto mantinha o braço enlaçado firmemente ao redor do pescoço do primeiro, que já estava praticamente morto. Agonizava. O canivete ainda estava cravado em seu coração.

— Abaixa a sua arma agora ou eu estouro os miolos do seu namorado antes que você tenha tempo de puxar o gatilho. — exigiu o homem numa ameaça.

        A Wesley nem se moveu. Ela sabia que não era um blefe, porém não podia se dar ao luxo de estar vulnerável. Ele atiraria de um jeito ou de outro. Portanto, em vez de confiar na trégua, que jamais viria, ela começou a pensar em uma maneira de acertá-lo antes que ele tivesse tempo de reação.

        Blair inspirou e expirou calmamente com o intuito de controlar a respiração, focalizar a atenção, encontrar uma brecha.

       Por um longo instante, foi apenas isso: os dois se encarando com intensidade. Ela apontava para ele e ele, a fim de forçá-la a abaixar a arma, apontava para a cabeça do Alex sem nenhum pudor.

— Você não vai conseguir tirá-lo vivo daqui se ousar atirar em mim. Será que não percebeu, flor? — o homem alertou, mas a entonação de sua voz deu a entender que ele caçoava da cara dela. Mais um que a estava subestimando.

       Blair lhe lançou um sorriso de canto.

— Olha... John Stevens está morto lá na outra sala. Seu amigo aqui — e com um só movimento, ela empurrou o cara já sem vida em seus braços, que caiu de barriga para baixo no chão, e o canivete cravou-se ainda mais em seu peito. — também está. Por que você acha que é um felizardo?

        Tão rápido quanto se livrou do corpo, a mira de sua arma voltou a manter o oponente como alvo.

— Por quê? — ele devolveu a pergunta com uma risada. — Porque eu tenho o seu namorado como refém.

— Tem, é?

— Antes que você pense em apertar o gatilho, a munição da minha arma já vai estar cravada na cabeça desse bonitinho aqui.

      Ela se aproximou, passo por passo, lentamente, qual um predador fisgando a presa.

— Fique exatamente onde você está, porra! — a postura dele mudou na mesma hora. Enrijeceu. O olhar tornou-se duro e ele começou a falar alto. — Se você der mais um passo, sua vagabunda, eu juro que atiro nesse filho da puta!

        Então ela parou.

— Você é a segunda pessoa que me chama de vagabunda hoje. — fingiu estar pensativa. — E a primeira está morta... Deve ser algum sinal. Acho que seria interessante se você me entregasse ele, não acha? — e apontou com o queixo para o Alex, que ainda estava inconsciente. — Só para eu não ter o desprazer de te matar também.

        O homem forçou uma risada, que mais pareceu desesperada que engraçada.

        Então ela continuou a falar e falar e falar e falar para distraí-lo. Para cansá-lo. Para sufocar as poucas esperanças que ele ainda armazenava em algum canto de seu ser. Ela tinha ciência de que qualquer ato mal calculado seria o decreto da morte de Alex. Diante disso, esperou até se ver defronte ao momento perfeito. E ele chegaria.

       Em um dos monólogos infindáveis de Blair, ele não sabia se a mandava, aos gritos, calar a boca; se prestava atenção no que estava sendo dito; se punha ou tirava o dedo do guarda-mato. A verdade era que ele estava chegando à exaustão, mas não queria se render facilmente, só que a situação em si já estava durando muito mais do que o previsto. Ele suava, suor brotava em sua testa, e a cabeça girava de um lado a outro em busca de alguma saída. Qualquer coisa. Ele não tinha mais mental para sustentar a marra e o moral, encontrava-se a ponto de entregar o controle de bandeja. Se ele ousasse atirar em Alex, ele morreria. Estudando o seu semblante aflito e desesperado, percebia-se que ele não queria morrer. E se entregasse Alex, claramente também morreria. Ou seja, de um jeito ou de outro, seu final era certo: saco preto. Mas quis dificultar a vida de sua oponente ao máximo, também. Se a sua morte era certa, ao menos queria ter a chance de ir com um pouco de honra e dignidade.

       Era aquele o momento de agir.

       Observando-o agitado demais, muito mais agitado do que o normal, Blair percebeu que ele faria alguma besteira em breve. Foi então que, enquanto continuava a falar, daquela vez sobre um assunto que o manteria preso em si por alguns segundos, ela própria entrecortou a fala no meio quando seu dedo indicador direito pressionou finalmente o gatilho.

        O tiro certeiro foi bem na mão dele, que segurava a pistola. Esta caiu no chão com um baque. Um grito gutural de dor escapou da garganta do homem e sangue passou a jorrar sem muita cerimônia dali. Como ele estava prestando atenção no que Blair dizia, não imaginou que ela usaria da oportunidade para atirar. Não houve nem chance de reação. Alex estava livre e caído no chão, ainda desacordado, mas bem longe da mira da arma. Mesmo assim, com a queda brusca, seu corpo pareceu dar sinais de reação. A Wesley, então, no instante em que percebeu o sucesso do ato, não perdeu mais tempo e descarregou o carregador no homem, perfurando-o várias vezes. Nenhum som, porém, foi ouvido, visto a música alta e o silenciador preso ao armamento.
  
       Uma poça vermelho-escura logo se formou ao meio do cômodo e se espalhou um pouco para os cantos. A visão daquele corpo sem vida era horrenda e deplorável, e não havia qualquer satisfação dentro de Blair por tê-lo matado. Não existia nada. Ela era um vazio. Talvez por estar em choque. Talvez pela razão de sua mente estar bloqueando o turbilhão de sentimentos para poupá-la. Fosse como fosse, ela só conseguia mesmo sentir o cansaço. O cansaço e nada mais. A exaustão tanto física quanto mental de todos os dias em que não conseguiu dormir por estar pensando naquela missão.

       Tinha acabado, finalmente!

       Enquanto observava, com olhos vagos e ombros caídos, o morto, ela respirou fundo. Respirou fundo mais de cinco vezes. Quiçá seis ou sete. Nem ela mesma tinha feito a conta. Então, vagarosamente, limpou a arma com o paletó de John para tirar as suas digitais e a deixou no chão. Sabia que não adiantaria muita coisa, pois suas digitais também estavam no canivete, porém o fez só para fingir que se esforçou para encobrir seus rastros. Naquele pequeno espaço de momento, nada mais importava.

       Depois, afastando o cabelo molhado de suor de sua testa e o prendendo em um coque mal feito, ela se aproximou do namorado.

       Agachando-se, ficou de joelhos defronte a ele. Chacoalhou-o. Chacoalhou seus ombros ininterruptamente. Chamou por seu nome. Em seguida, deitou a cabeca em seu peito para ouvir sua respiração. Parecia normal. Logo, com os dedos médio e indicador pressionados numa região específica do pescoço dele, sentiu os batimentos através da carótida. Alex encontrava-se bem, mas seu rosto e corpo estavam tão machucado... Ela continuou a chamar por seu nome. Teve paciência, mesmo tendo ânsia por despertá-lo. E aos poucos ele foi voltando. Aos poucos foi recobrando os sentidos. Aos poucos foi ajustando a visão à luz até que conseguiu identificá-la. Um sorriso preocupado desenhou o rosto dele naquele instante, porque ele não conseguiu enxergar nada além dos castanhos nos olhos dela.

         Blair o abraçou de repente, um abraço apertado, mas não forte o bastante, porque ela sequer tinha forças para o fazer.

— Acabou. — ela deu a notícia. Era para ter tido animação em seu tom de voz, era essa a expectativa, mas tudo o que saiu foi um sussurro. — Acabou, Alex. Vamos embora.

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