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By nick_weasleymalfoy

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๐“๐ก๐ž ๐–๐ž๐š๐ฌ๐ฅ๐ž๐ฒ
{01} O embarque na plataforma 9ยพ
{02} O Chapรฉu seletor
{03} O Mestre das Poรงรตes
{04} O Lembrol de Neville
{05} O Cรฉrbero do 3ยฐ Andar
{06} O Caso Gringotes
{07} Dia das bruxas
{08} Jogo de Quadribol
{09} Quem รฉ Nicolau Flamel?
{11} Norberto, o dragรฃo Norueguรชs
{12} Floresta Proibida
{13} Estranho encapuzado
{14} No alรงapรฃo
{15} O Jogo Vivo
{16} Taรงa das casas
{17} Fim de ano
{18} Carro enfeitiรงado
{19} A toca
{20} Floreios e Borrรตes
{21} De volta ร  plataforma 9ยพ
{22} O berrador
{23} Mandrรกgoras e discussรตes
{24} Gilderoy Lockhart
{25} O novo apanhador da Slytherin
{26} Sangue ruim
{27} A danรงa no salรฃo
{28} Detenรงรฃo
{29} Aniversรกrio de morte
{30} A mensagem na parede
{31} Histรณria da Magia
{32} Poรงรตes Muy Potentes
{33} O balaรงo errante
{34} Enfermaria e Amuletos protetores
{35} O Clube dos Duelos
{36} Ofidioglota
{37} A Poรงรฃo Polissuco
{38} Beijo de Natal
{39} Diรกrio e banheiro inundado
{40} Cartรฃo Cantado
{41} Diรกrio roubado
{42} Na Cabana de Hagrid
{43} Aragogue
{44} Cรขmara Secreta Pt. 1
{45} Cรขmara Secreta Pt. 2
{46} Caso Solucionado
{47} Fim de Ano
{48} Fรฉrias
{49} Dementador
{50} Terceiro ano
{51} Folhas de chรก
Leiam aqui!
{52} Bicuรงo
Bรดnus de Aniversรกrio | Draco Malfoy
{53} Amigos
Aviso!!
{54} Riddikulus!
{55} Nรฃo รฉ real
{56} Noite das garotas
{57} A fuga da Mulher Gorda
{58} Garota Mistรฉrio
{59} Segredos
{60} Amarga derrota
{61} O Mapa do Maroto
{62} Hogsmeade
{63} Presentes de Natal
{64} O sumiรงo de Perebas
{65} Gryffindor versus Ravenclaw
{66} A 2ยฐ invasรฃo de Sirius Black
{67} O Ressentimento de Snape
{68} A final do Campeonato de Quadribol
{69} Exames finais
{70} O assassinato do Hipogrifo
{71} Gato, Rato e Cรฃo
{72} Sirius Black
{73} Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas
{74} O Segredo de Vega Misttigan
{75} O Servo do Lorde das Trevas
{76} O beijo do dementador
{77} Enfermaria
{78} Malfeito feito
{79} Fim de Ano
{80} Fรฉrias
{81} A Chave de Portal
Bรดnus 30K | Vega Misttigan
{82} Bagman e Crouch
{83} A Copa Mundial de Quadribol
{84} A Copa Mundial de Quadribol Pt. 2
{85} A Marca Negra
{86} Caos no Ministรฉrio
{87} A bordo do Expresso de Hogwarts
{88} O Torneio Tribuxo
{89} Olho-Tonto Moody
{90} Falsas Prediรงรตes
{91} Beauxbatons e Durmstrang
{92} O Cรกlice de Fogo
{93} Os Quatro Campeรตes
{94} Amigos Improvรกveis
{95} Doninha Albina
{96} O Juiz Imparcial
{97} Amizade quebrada
{98} Primeira Tarefa
{99} O Convite de Rita Skeeter
{100} A Frente de Liberaรงรฃo dos Elfos Domรฉsticos
{101} Aula de Danรงa
โ•‘ ๐†๐ซ๐ฎ๐ฉ๐จ ๐“๐–
{102} Convites
Bรดnus 40/50K | Lavender Brown
{103} Nos Preparativos
{104} O Baile de Inverno
Bรดnus 60K: O baile, by: Draco
{105} Coraรงรฃo em Pedaรงos
{106} O Furo Jornalรญstico de Rita Skeeter
{107} O Improvรกvel
{108} A Segunda Tarefa
{109} Um dia nem tรฃo especial
{110} 01/03/1986
Bรดnus 70K: Charlie Weasley
{111} A Volta de Almofadinhas
๐๐š๐ญ๐ซ๐จ๐ง๐ฎ๐ฌ
{112} Eu Odeio Rita Skeeter!
{113} A Loucura do Sr. Crouch
{114} Azaraรงรตes e a Cicatriz
Bรดnus de Aniversรกrio | Hermione Granger
{115} Mais uma Manchete
Bรดnus: Namoro de Mentirinha
{116} A Terceira Tarefa
Bรดnus 80K: Ginny Weasley
{117} Cruciatus!
{118} A Terceira Tarefa Pt. final
{119} Declรญnio
Bรดnus 90K: Rony Weasley
{120} O Comeรงo
{121} Fim de Ano
Bรดnus 100K: Sol Lestrange
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โ•‘ ๐„๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ ๐๐ž ๐‡๐š๐ฅ๐ฅ๐จ๐ฐ๐ž๐ž๐ง
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โ•‘ ๐๐จ๐จ๐ค ๐Ÿ

{10} O Natal e os Desejos Profundos

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By nick_weasleymalfoy

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10. O Natal e os
Desejos Profundos
       
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  Não faz bem viver sonhando e se esquecer de viver.
 
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    Porém, mesmo com a promessa de continuar pesquisando sobre Nicolau Flamel, que prometemos à Hermione. Uma vez começadas as férias, eu, Ron e Harry estávamos se divertindo à beça para se lembrar disso. Já que as meninas estavam em casa, eu tinha meu dormitório só pra mim, o que me deixou um pouco assustada, então convenci os meninos a dormir no quarto deles, mas me neguei a deitar na cama de Seamus, Neville ou Dean, então expulsei Ron da dele e o fiz dormir na de Seamus, para que eu pudesse ficar com a cama do mesmo. Os professores não implicaram, já que Ron era meu irmão, eles abriram essa exceção.
    
   O Salão Comunal estava muito mais vazio do que o normal, por isso podíamos usar as poltronas confortáveis ao pé da lareira. Nos sentávamos a toda hora para comer tudo que pudéssemos espetar em um garfo de assar – pão, bolinhos, marshmallows – e o mais divertido com certeza era tramar maneiras de fazer Draco ser expulso, o que nos divertia em discutir mesmo que não fosse produzir resultados.

   Ron também fez questão de ensinar Harry a jogar xadrez de bruxo. Harry advertiu que era exatamente igual ao xadrez de trouxa exceto que as peças eram vivas, o que fazia parecer que a pessoa estava dirigindo tropas em uma batalha.

   Era o nosso jogo preferido, vovô que nos tinha nos dado o tabuleiro, era antigo, mas eu e Ron amávamos, o xadrez bruxo sempre foi nosso lance de gêmeos, então fiquei meio chateada com ele compartilhar isso com Harry, mas não falei nada enquanto apenas os via jogar.

   Enfim era chegada a noite de Natal, Harry tinha ido para  a cama apreensivo pensando talvez que não ganharia nenhum presente. Mas, eu não tinha tanta certeza disso.

   Acordei cedo e a primeira coisa que vi foi uma pilha de embrulhos ao pé da minha cama ( Na verdade, a cama de Ron ).

— Feliz Natal, Rox. — Disse Ron sonolento, quando eu pulei da cama

— Feliz Natal, Ron. — Respondi sorridente

  Notei que Harry ainda dormia então fui até sua cama e comecei a balançar o garoto.

— HARRY ACORDA, É NATAL!

— Am?...

   Ele abriu os olhos sonolento e nos olhou, eu e Ron estávamos quase em cima dele, um de cada lado da cama.

— FELIZ NATAL, HARRY! — Falamos em coro

— Para vocês também. — Ele abriu um largo sorriso

   Se levantou e logo notou a pequena pilha de presentes ao pé de sua cama.
  
— Olhe só isso! Ganhei presentes?

— E o que é que você esperava, nabos? — Ron Ironizou logo virando-se para a sua pilha que era bem maior do que a de Harry, mas por incrível que pareça, pela primeira vez, desde que nascemos, ela não era maior que a minha

   Corri até meus presentes querendo os abrir rápido. Peguei primeiro o pacote de cima, era uma caixa retangular embrulhada em papel cor de rosa e amarrado por um laço amarelo e tinha um pequeno bilhete, com uma letra bem apresentável, “Feliz Natal, Rox! - L.B”. Demorei alguns segundos para adivinhar quem era, mas logo notei que era Lavender, interessante ela ter me mandado uma caixa com cerca de quatro chocobolas com recheio de mousse de morango e doce de leite. Fiquei feliz dela ter lembrado de mim, mas me entristeci por não ter mandado nada pra ela.

— Você está com mais presentes do que eu. — Ron murmurou vendo a milha pilha

  Comecei a pegar um por um só vendo quem havia sido o remetente.

— Lavender, Parvati, Amélia, Hermione, Mamãe, Papai, Charlie, Bill, vovô, Seamus...

   Parei ao ver que um dos pacotes não tinha remetente, era uma caixa toda preta e o laço também era preto.
  
— O Seamus te mandou presente? — Ron arregalou os olhos, mas nem respondi

  Eu observava atentamente o pequeno envelope que veio preso à ele, era uma letra bonita escrita com tinta preta, apenas quatro palavras.

  Desculpa.
  Feliz natal, Rox!

— Tá explicado porque eu tenho menos, nenhuma Lavender, Parvati, Amélia, Seamus ou sei lá mais quem me mandou algum presente! — Ron prosseguiu quase irritado — O Seamus te mandou presente, Harry?

— Não. — Ele riu — Tá com ciúmes da Rox?

   Eu nem me importava com o diálogo deles, tirei calmamente o laço e depois tirei a tampa da caixinha, me deparando com uma caixinha de feijãozinho de todos os sabores, uma caixa com sapos de chocolate e mais duas barras de chocolate. Mas quem havia me mandado isso? E porque me pediu desculpas?

  Olhei pro meu irmão que parecia mais calmo enquanto terminava de abrir seus presentes e Harry fazia o mesmo. Comecei a abrir os outros também, Seamus também me mandou doces, assim como Amélia, Parvati me mandou um acessório estranho com penas e um filtro de sonhos, não sei, disse que era pra usar no cabelo.

— Rúbeos, meus tios... — Harry falou depois de já ter aberto dois de seus presentes, restando apenas três  — Mas, quem mandou estes?

  Observei um embrulho meio disforme em sua pilha e era quase igual a um que tinha na minha e na de Rony, então tinhamos um bom palpite de quem tinha mandado. Ron ficou vermelho ao ver e me olhou só como se fosse pra confirmar e eu balancei a cabeça confirmando.

— Mamãe. — Falamos ao mesmo instante

   Harry nos olhou sem entender. Ron então apontou para o embrulho.

— Eu e Rox disssemos à ela que você não estava esperando receber presentes. — Ron explicou

— Merlin, ela fez pra você um suéter Weasley.

    Harry rasgou o papel e encontrou exatamente o que eu imaginava, um suéter tricotado com linha grossa verde-clara e uma grande caixa de barras de chocolate feito em casa.

— Todos os anos ela nos faz um suéter. — Prosseguiu Rony, desembrulhando a dele — E a minha é sempre cor de tijolo.

— Não reclama. — Revirei os olhos enquanto abria o meu — E o meu definitivamente sempre é cinza. A mesma coisa do de Ron, até a letra é a mesma, ela só muda a cor pra não acabarmos trocando.

— Claro que é a mesma letra, nossos nomes começa com R, né!?

— Foi realmente muita gentileza dela. — Harry falou sorridente enquanto experimentava as barrinhas de chocolate que mamãe tinha mandado

   Observei agora o de Hermione antes de abrir os outros. Para Harry foi sapos de chocolate, para Ron feijõezinhos de todos os sabores e para mim um livro sobre Quadribol, ela é mesmo uma fofa.

  Vi Harry apanhando o último presente, era uma coisa sedosa e prateada, que escorregou para o chão onde se acomodou em dobras refulgentes.

— Já ouvi falar disso. — Ron falou em voz baixa, deixando cair a caixa de feijõezinhos de todos os sabores que ganhara de Hermione

— Sim. — Exclamei — Se é o que eu acho que é, é realmente raro e realmente valioso.

— E o que é?

    Harry apanhou o pano brilhoso e prateado do chão.

— É uma capa da invisibilidade. — Ron falou com uma expressão de assombro no rosto.

— Sim, sim. Tenho certeza de que é. Experimente!

    Harry jogou a capa em volta dos ombros, Ron soltou um berro rapidamente surpreso e eu arregalei os olhos, surpresa.

— É, sim! Olhe para baixo!

    Harry olhou para os pés e logo notou que tinham desaparecido. Correu então para o espelho. Não deu outra, o espelho refletiu sua imagem, só a cabeça suspensa no ar e o corpo completamente invisível. Ele cobriu a cabeça e a imagem desapareceu completamente.

— Tem um cartão! — Observei — Caiu um cartão!

    Harry logo tirou a capa e apanhou o cartão. Tentei me esticar pra ver, mas felizmente, Harry leu em voz alta:

— Seu pai deixou isto comigo antes de morrer. Está na hora de devolvê-la a você. Use-a bem. Feliz Natal.

— Quem mandou? — Ron perguntou, sempre tão curioso

— Não tem assinatura. — Harry respondeu observando o cartão sem parar

— Eu daria qualquer coisa para ter uma dessas. Qualquer coisa... — Falei admirada com a capa

    Antes que pudéssemos dizer ou pensar qualquer outra coisa, a porta do dormitório se escancarou e Fred e George entraram aos pulos. Notei que Harry escondeu rapidamente a capa, acho que não queria que meus irmãos vissem.

— Feliz Natal! — Disseram em coro

— Ei, olhe só, o Harry ganhou um suéter Weasley também!

   Os gêmeos estavam usando suéteres azuis, uma com um grande F, a outra com um G.
  
— Mas a do Harry é melhor do que a nossa. — Comentou Fred, erguendo o suéter de Harry

— Ela com certeza capricha mais se a pessoa não é da família. — Ironizei me jogando na cama

— Por que vocês não estão usando a de vocês? — George olhou para mim e Ron — Vamos, vistam logo, elas são ótimas e quentes.

— Detesto cor de tijolo. — Lamentou-se Ron, desanimado enquanto vestia o suéter

   Comecei a vestir o meu também.
  
— Pelo menos, a de vocês não é a mesma cor — George falou acanhado — Só porque somos gêmeos, ela quer que usemos tudo da mesma cor ou do mesmo jeito.

— Que bom que o nosso é de cor diferente. — Cruzei os braços brava — Nosso nome já começa com a mesma letra, se fosse da mesma cor então, já era demais.

— Que barulheira é essa?

   Tinha que ser o chato do Percy pra meter a cabeça para dentro da porta, com um olhar sério. Ele trazia consigo um suéter grosso pendurado no braço, que Fred logo agarrou.

— Vista logo, Percy, todos estamos usando as nossas, até Harry ganhou uma.

— Eu... Não... Quero. — Percy disse com a voz embargada, enquanto os gêmeos forçavam o suéter por sua cabeça, entortando seus óculos

— E você hoje não vai se sentar com os monitores. — George falou sério — Natal é uma festa da família.

   E assim os dois carregaram Percy para fora do quarto, com os braços presos dos lados pela suéter. Eu estou começando a achar que minha família é louca.

   A festa de natal foi incrível, tivemos um almoço maravilhoso. Passamos uma tarde muito alegre ocupados em uma furiosa guerra de bolas de neve. Depois, frios, molhados e ofegantes, voltamos para junto da lareira no Salão Comunal da Gryffindor, onde Harry estreou o novo jogo de xadrez que ele tinha ganhado, perdendo espetacularmente para mim e depois para Rony.

   Acho que ele não teria levado uma surra tão grande se Percy não tivesse tentado ajudá-lo tanto.

     Depois de um delicioso lanche, sanduíches de peru, bolinhos, gelatina e bolo de frutas, eu já estava bastante cansada, farta e sonolenta para fazer outra coisa senão sentar e assistir Percy correr atrás de Fred e George por toda a torre de Gryffindor porque eles tinham furtado seu crachá de monitor. Eu, Harry e Ron apenas gargalhavamos da situação. Depois cansados demais para fazer qualquer coisa caímos no sono, aquele natal com certeza tinha sido incrível.

≪━─━─━─━─◈─━─━─━─━≫

— Você podia ter nos acordado. — Falou Rony, aborrecido

   Estávamos tomando café da manhã e Harry tinha acabado de nos contar que saíra escondido na noite anterior, usufruindo de sua Capa da Invisibilidade, ele queria apenas ir na Seção Reservada da Biblioteca para ver se encontrava algo sobre Flamel, mas depois de sair do local às pressas, fugindo de Snape, Filch e Madame Nora, ele encontrara uma sala de aula vazia e escura, que tinha um espelho mágico, onde ele afirma que conseguiu ver seus pais.

— Vocês podem vir hoje à noite. Vou voltar, quero lhes mostrar o espelho.

— Eu gostaria de ver sua mãe e seu pai. — Comentei, animada

— E eu quero ver toda a família de vocês, todos os Weasley, vocês vão poder me mostrar os seus outros irmãos e todo o mundo.

— Você pode vê-los a qualquer hora. — Retrucou Rony — É só vir à nossa casa neste verão. Em todo o caso, talvez o espelho só mostre gente morta. Mas é uma pena você não ter achado o Flamel.

— Pois é. — Concordei apanhando uma torrada — Coma um pouco de bacon, Harry, ou outra coisa qualquer, por que é que você não está comendo nada?

— Você está bem? — Perguntou Rony, que assim como eu olhava para Harry — Está com uma cara tão estranha.

   Mas Harry não respondeu. E naquela noite, nós três saímos do Salão Comunal, cobertos pela Capa da Invisibilidade, tenho o cuidado de andar bem devagar. Andamos a esmo pelos corredores escuros durante quase uma hora.

— Estou falando. — Disse Rony — Vamos esquecer tudo e voltar.

— Harry, tem certeza que estamos indo pelo caminho certo? — Perguntei insegura

— Sim! — Sibilou Harry — Sei que é em algum lugar por aqui.

   Passamos pelo fantasma de uma bruxa alta que deslizava na direção oposta, mas não vimos mais ninguém. Na hora em que Rony começou a reclamar que seus pés estavam dormentes de frio, Harry pareceu ver algo.

— É aqui... logo aqui... é.

   Empurramos então uma porta, que estava ao lado de uma armadura. Harry deixou cair a capa dos ombros e correu para o espelho. Eu olhei as coisas a volta, primeiramente, curiosa como sempre.

   Parecia uma sala de aula fechada. Os vultos escuros das mesas e cadeiras se amontoavam contra as paredes e havia uma cesta de papéis virada – mas escorada na parede à minha frente havia uma coisa que não parecia pertencer ao lugar, alguma coisa que parecia que alguém acabara de pôr ali para tirá-la do caminho.

   Era o objeto ao qual Harry falara, e agora jazia olhando para ele. Um magnífico espelho, da altura do teto, com uma moldura de talha dourada, aprumado sobre dois pés em garra. Havia uma inscrição entalhada no alto: Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn.

— Estão vendo? — Harry cochichou

— Não consigo ver nada. — Sibilou Rony

— Olhem! Olhem eles... ali, meu pai e a minha mãe...

   Eu me virei para Harry franzindo a testa.

— Só consigo ver você.

— Olhem direito, vamos, fiquem aqui onde eu estou.

   Harry deu um passo para o lado, mas com Rony diante do espelho, não consegui mais ver Harry, apenas meu irmão com o seu pijama de lã escocesa.

   Rony, porém, estava mirando a própria imagem, petrificado.

— Olhe só para mim! — Exclamou

— Você está vendo toda a sua família à sua volta?

— Não, estou sozinho, mas estou diferente... pareço mais velho, e sou chefe dos monitores.

— Você? — Perguntei com um tom de deboche

— O quê? — Fez Harry sem entender

— Estou... estou usando um crachá igual ao do Bill... e estou segurando a taça das casas e a taça de quadribol, sou capitão do time de quadribol também!

   Rony despregou os olhos dessa visão magnífica para olhar excitado para mim e Harry.

— Vocês acham que esse espelho mostra o futuro?

— Como pode mostrar? A minha família está toda morta. — Suspirou Harry

— Sai daí, cabeção. — Empurrei Rony ansiosa para ver o que apareceria

   Tive que piscar os olhos duas vezes, sem acreditar no que eu presenciava, meu coração deu um solavanco e senti minha respiração ofegante.

   Lá estava eu, refletida, mas eu não parecia comigo mesma. Estava radiante, mais velha talvez, meus cabelos não tinham mais os cachos cheios e sim eram lisos e brilhantes como o de Ginny, longos até minha cintura. Minhas roupas não eram jeans, moletom ou nada do que sou acostumada a usar, estava usando um vestido de seda lilás, com flores em alguns pontos dele. Na minha cabeça tinha algo, uma tiara, ou... uma coroa?

  Mas que diabretes é isso?!

— Que foi? — Rony perguntou — Que você está vendo?

   Apertei meus olhos azuis para a imagem e vi uma vassoura na minha mão, uma das mais velozes e incríveis. Então notei que havia duas pessoas atrás de mim, mas não eram Harry e Rony, e sim papai e mamãe, ambos sorridentes segurando meu ombro, parecendo extasiados de orgulho e satisfação. Como se sussurrassem para o vento “Nossa princesinha”, como se tivessem orgulho de mim.

— Rox!? — Insistiu Rony

   Eu olhei para trás, Harry e Ron continuavam ali, então voltei a olhar meu reflexo, mamãe e papai atrás de mim, o vestido lilás, a vassoura de quadribol. Meu coração deu outro solavanco e eu dei um passo rápido pra trás.

— O que você viu? — Harry perguntou parecendo intrigado

— Na-nada. Ficou branco. — Menti, suspirando com dificuldade

  Rony deu um pulo pra frente e voltou a se olhar, sorridente.

— Me deixe dar outra espiada. — Pediu Harry

— Você teve o espelho só para você a noite passada, me deixa olhar mais um pouco.

— Você só está segurando a taça de quadribol, que interesse tem isso? Eu quero ver os meus pais.

— Não me empurre...

   Eu apenas abracei meu próprio corpo, querendo sair logo dali. Um ruído repentino do lado de fora no corredor, no entanto, pôs fim à discussão dos dois. Não tinham se dado conta do como estavam falando alto.

— Depressa!

   Rony atirou a capa de volta para nos cobrir na hora que os olhos luminosos de Madame Nora apareceram à porta. Nós três ficamos imóveis, ambos pensando a mesma coisa – será que a capa fazia efeito para os gatos? Passado um tempo que pareceu uma eternidade, ela se virou e foi embora.

—Isto é perigoso. Ela pode ter ido buscar o Filch, aposto que nos ouviu. Vamos.

   E Rony puxou a mim e Harry para fora do quarto.

   A neve ainda não derretera na manhã seguinte.

— Quer jogar xadrez, Harry? — Convidou Rony, enquanto eu lia o livro que Hermione me mandou

— Não.

— Por que não descemos para visitar Rúbeo? — Afastei o livro e olhei para ele

— Não... vão vocês...

— Sei o que é que você está pensando, Harry, naquele espelho. Não volte lá hoje à noite.

   Senti meu estômago embrulhar quando Rony mencionou o espelho, tive uma sensação que ele não era nada bom.

— Por que não?

— Não sei, estou com uma intuição ruim, e de qualquer forma você já escapou por um triz muitas vezes, demais.

— O Rony tem razão, Harry. — Acrescentei — Filch, Snape e Madame Nora estão andando por lá. E daí se eles não conseguem ver você? E se esbarrarem em você? E se você derrubar alguma coisa?

— Você está falando igual à Hermione.

— Estou falando sério, Harry Potter, não vai não.

   Mas Harry não parecia destinado a nos ouvir, eu sabia que ele iria novamente. E não sei como, naquela noite eu o segui, segurando sua capa no instante que ele fez menção de passar pelo buraco do retrato.

— O que você quer!? Eu vou de qualquer jeito. — Ele resmungou

— Eu sei. — E passei a capa por mim também, de modo que nós dois ficamos cobertos

— Você quer ir comigo?

— Não, aquele espelho é estranho, mas se você quer ir... vamos.

— E o Rony?

— Rony viu algo comum... — Comentei pensativa — Você viu seus pais mortos, e eu...

— Tá tudo bem? — Ele perguntou quando meu olhos marejaram um pouco e eu passei as mãos por eles — Você viu alguma coisa também, né?

— É besteira. — Resmunguei, tentando parecer forte

— Pode contar comigo, sabe se quiser me contar...

— Tá tudo bem. — E tentei lhe dar um sorriso — Vamos.

   Naquela noite, encontramos o caminho ainda mais rapidamente do que na anterior. Harry andava tão depressa que eu sabia que estávamos fazendo mais barulho do que seria sensato, mas não
encontramos ninguém.

   Harry sorriu quando parou em frente ao espelho, eu tive o cuidado de ficar distante, não sei se queria ver de novo o que vira no outro dia, então apenas pensei em sentar em cima de uma mesa e esperar por Harry, no instante que o menino se abaixou para sentar no chão diante do espelho. Eu estava tentando pensar qual o sentido daquele objeto, ao mesmo tempo que imaginava como deveria ser pra Harry ver seus pais ali, seus pais que morreram quando ele tinha apenas um ano.  Não havia nada que pudesse impedi-lo de ficar ali a noite inteira com a família, os olhando e desejando que estivessem aqui com ele Nada. A não ser...

— Então, outra vez aqui, Harry? Rox?

  Senti como se suas tripas tivessem congelado. Olhei para trás no mesmo momento que Harry. Sentado em uma das mesas junto à parede estava ninguém menos que Alvo Dumbledore. Devíamos ter passado direto por ele, tão depressa, que nem reparamos.

— Eu... eu... não vimos o senhor.

— É estranho como você pode ficar míope quando está invisível. — Disse Dumbledore, e eu senti alívio ao ver que ele sorria

   “Então”, continuou Dumbledore, escorregando da cadeira até o chão para se sentar ao lado de Harry, e esticou a mão fazendo menção para que eu me sentasse junto a eles “vocês dois, como centenas antes de você, descobriram os prazeres do Espelho de Ojesed.”

— Eu não sabia que se chamava assim, professor. — Fez Harry no instante em que me sentei ao seu lado

— Não sei se senti... prazer ao ver o que eu vi... — Falei insegura

— Oh, tenho certeza que sim, se esquecer as mágoas do passado, perceberia o tanto de prazer que àquela visão a trouxe e o tanto que você queria que fosse real.

  Abaixei meus olhos para o chão pensando na cena, e se eu realmente queria que meu pais tivessem orgulho de mim, e percebi que Dumbledore estava certo... eu desejava tanto que aquilo acontecesse que aquela cena me causou medo, por ser um desejo tão profundo e obscuro. Mas então percebi algo...

— Como o senhor sabe o que eu vi?

— Tenho apenas desconfianças do que deve ter sido. Mas, bom... espero que a essa altura você e Harry já tenham percebido o que ele faz?

— Bom... me mostra a minha família... — Disse Harry

— E mostrou o seu amigo Rony, o irmão de Rox, como chefe dos monitores.

— Como é que o senhor soube? — Perguntei surpresa

— Eu não preciso de uma capa para me tornar invisível. — Disse Dumbledore com brandura — Agora, vocês são capazes de concluir o que é que o Espelho de Ojesed mostra a nós todos?

   Harry sacudiu negativamente a cabeça, enquanto eu só pensava.

— Deixe-me explicar. O homem mais feliz do mundo poderia usar o Espelho de Ojesed como um espelho normal, ou seja, ele olharia e se veria exatamente como é. Isso ajuda vocês a pensar?

   Eu pensei. Então respondi lentamente:

— Ele nos mostra o que desejamos... seja o que for que desejemos... — Ia acrescentar que ele mostra nossos desejos profundos e obscuros, mas me perdi nas palavras

— Sim e não. — Disse Dumbledore — Ele mostra-nos nada mais nem menos do que o desejo mais íntimo, mais desesperado de nossos corações. Você, Harry, que nunca conheceu sua família, a vê de pé à sua volta. Ronald Weasley, que sempre teve os irmãos a lhe fazerem sombra, vê-se sozinho, melhor que todos os irmãos. Já você, Rox...

   E eu abaixei meus olhos para o chão de novo, tentando não encarar Dumbledore e muito menos Harry nos olhos.

— Está tudo bem. — Disse Dumbledore — O que quero dizer é que o espelho não nos dá nem o conhecimento nem a verdade. Já houve homens que definharam diante dele, fascinados pelo que viram, ou enlouqueceram sem saber se o que o espelho mostrava era real ou sequer possível.

  “O espelho vai ser levado para uma nova casa amanhã, e peço que vocês não voltem a procurá-lo. Se algum dia o encontrar, estarão preparados. Não faz bem viver sonhando e se esquecer de viver, lembrem-se. E agora, por que vocês dois não põem essa capa admirável outra vez e vão dormir?”

   Harry se levantou e estendeu a mão para me ajudar a levantar.

— Senhor, Prof. Dumbledore? Posso lhe perguntar uma coisa? — Chamou ele

— Obviamente você acabou de me perguntar. — Sorriu Dumbledore — Mas pode me perguntar mais uma coisa.

— O que é que o senhor vê quando se olha no espelho?

— Eu? Eu me vejo segurando um par de grossas meias de lã.

   Harry arregalou os olhos, e eu franzi a testa.

— As meias nunca são suficientes. Mais um Natal chegou e passou e não ganhei nem um par. As pessoas insistem em me dar livros.

   Foi somente quando estávamos de volta à cama que ocorreu a mim que talvez Dumbledore não tivesse dito a verdade. Mas, pensei, enquanto empurrava Perebas para longe do meu travesseiro, que Harry fizera uma pergunta muito pessoal, não eram todos que contariam de bom grado o que vêem ali. Eu mesma... espero que ninguém saiba que meu desejo mais profundo é ter a atenção dos meus pais... ser a princesa da família, o orgulho...

   Sei bem que isso é impossível.
   Eu deveria mudar meus desejos...

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