Capítulo 113

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Layla narrando

A mulher na minha frente me encarou de uma forma seria e seus olhos agora tinham ficado de uma cor diferente, estavam perolados e ela ficou encarando o nada por um bom tempo, até seus olhos voltarem a ficar negros.

-Ela está usando algum tipo de feitiço para não ser encontrada, apenas uma pessoa pode saber onde ela está...Você, a única de que posso ter certeza é de que ela está por perto.

Eu-Por perto? Ela está aqui na cidade?

-Talvez sim, talvez não. Mas então, seu último pedido, qual será?

Eu não tenho mais nada para pedir, já sei a verdade sobre minhas origens e também sei que minha mãe está por perto, talvez eu até possa encontrá-la, se eu puder encontrá-la, tentarei.

Eu-Não tenho mais nada a lhe pedir.

-Tens certeza? *concordei* Ok, nos veremos em breve.

E assim ela sumiu como fumaça, a cor dos olhos de Lucas voltaram ao normal e então ele fechou os olhos com força, percebi o mesmo cambalear e coloquei Nina no chão rapidamente e o pegando antes que o mesmo caísse, ele tinha desmaiado...

Nina abriu os olhos devagar e quando viu Lucas desacordado me olhou preocupada, talvez tenha sido um erro vir por aqui, mas... Eu finalmente tive certeza das minha origens e finalmente pude saber da minha mãe... Se ela está por perto, significa que ela está bem.

Eu coloquei Lucas nas minhas costas e fiquei segurando o mesmo com uma mão e com a outra eu peguei Nina no colo, ambos pesavam um pouco, mas era melhor garantir do que remediar, ultimamente tem acontecido vária coisas comigo, eu só tenho atraído coisas ruins... Não quero que nada aconteça com nenhum deles.

O resto do caminho foi meio estranho, ainda sentia que estavam me observando e apesar de não ver nada, sentia pessoas ao meu redor, sem falar nos sussurros... Como eu nunca senti isso antes?

Nina se agarrou a mim fortemente, eu realmente não queria que nada disso acontecesse. Foi assim até eu chegar na esquina daquela rua, no início da mesma tinha uma faixa impedindo que as demais pessoas passassem, não que impedisse a maioria deles...

Eu passei por baixo daquelas faixas com um pouco de dificuldade e antes de passar completamente ouvi uma pessoa falar "Não vá, você não pode não deixar de novo". Ok, foi bem estranho, mas eu nem liguei, só queria que aquela sensação de estar sendo seguida e observada passasse.

Quando finalmente saímos da rua, deixei Nina no chão e percebi a mesma mais aliviada, na rua não tinha praticamente nenhuma alma, já que era horário de trabalho e geralmente as coisas eram afastadas daquele local. Algumas poucas pessoas que moravam por perto, já me conheciam, aliás...

Quase a cidade toda me conhece, vamos dizer que a minha família vem de uma das famílias mais antigas daqui, onde todos da família eram mulheres, ninguém nunca realmente viu os parceiros das mulheres da nossa família.

Isso pode ser estranho, mas desde criança me falavam isso, que minha família era estranha... Minha mãe provavelmente nunca soube quem era seu pai e minha avó também não deveria saber... Talvez eu tenha sido a única a descobrir.

De qualquer jeito, a cidade me conhece por causa da minha família, vamos dizer que apesar dela ser considerada "estranha", todos respeitam ela, isso é meio que bom para mim, também ajudou na minha fama na escola...

Fui até uma lanchonete que tinha, eu gostava do lugar, por ser um pouco afastado da cidade, não tinha muito tumulto, o lugar era simples, porém tinha um ar acolhedor, por isso eu gostava dele, sem falar que as pessoas já me conheciam e gostavam de mim.

Quando eu entrei, Aline, uma atendente do local, já veio até mim sorridente, mas logo a mesma perdeu seu sorriso.

Aline-Aconteceu algo? Você está pálida e... Quem são essas crianças?

Coloquei Nina no chão, tinham alguns poucos clientes no local, a menina na minha frente me puxou para dentro do local e passei por alguns funcionários que me cumprimentaram, fiquei surpresa por não ver nenhum rosto diferente.

Bom, venho aqui desde criança, algumas vezes eu pagava, outras não tinha dinheiro e então ajudava cantando, apesar de quase ninguém saber disso, eu canto, todos daqui dizem que minha voz é linda, eu não acredito muito, mas toda vez que eu canto, vários clientes aparecem no local... É estranho.

Bom, essas tais "estranhezas" Sempre me perseguiram...

Ela me levou até o vestiário e eu deixei Nina sentada em um banco e do lado, deixei Lucas deitado, expliquei que mais uma vez tinha fugido da escola, mas não entrei em detalhes sobre meu encontro estranho com certas "almas".

Aline-Parece que seu amigo acordou.

Eu olhei para o lado e percebi que o menino deitado no banco tinha acordado, eu fui até o mesmo e me agachei na sua frente, coloquei a mão em sua testa para ver se o mesmo tinha febre, ao ver que o mesmo não tinha sorri aliviada.

Eu-Você está se sentindo bem?

Lucas-Só um pouco tonto.

Ele estranhamente me abraçou fortemente, eu retribui o abraço e por algum motivo sentir meu coração esquentar... Eu me senti culpada por levá-lo para aquele lugar e apesar de nem mesmo ter percebido, eu fiquei muito preocupada com o mesmo.

Aline-Desculpa atrapalhar, mas... Então, você vai querer comer alguma coisa?

Eu concordei e me soltei do abraço, mas não me afastando do menor, perguntei as duas crianças o que elas queriam e elas disseram seus pedidos, eu também disse a ela e então voltamos para a frente do estabelecimento.

Sentamos em uma mesa e esperamos nossos pedidos, enquanto isso os menores conversavam sobre o que havia acontecido anteriormente, aliás, estavam cochichando como se eu não pudesse ouvir.

Por incrível que pareça, Nina se apegou a Lucas rapidamente e ouvi a mesma dizer que ficou preocupada com ele, bom, ela é minha sobrinha... Por eu ter tecnicamente adotado Lucas, eles são "tecnicamente" primos.

Quebra de tempo

Todos os funcionários estavam reunidos, algumas pessoas chegaram um pouco mais perto também, afinal, deviam estar curiosos, certamente eu não tinha nenhum dinheiro, então o dono da loja, pediu para que eu cantasse no estabelecimento.

Apesar de fazer um tempo desde a última vez que eu cantei, não me senti insegura, pelo contrário... Eu sempre sinto uma sensação boa ao cantar, como se eu pertencesse a algum lugar e a música me lembrasse dele.

Eu comecei a cantar e fechei os olhos, pude sentir as pessoas se aproximarem mais, olhares sobre mim, também pude ouvir passos de pessoas chegando, eu nunca entendi o porquê das pessoas gostarem de me ouvir cantar.

Ao terminar meu canto, ouvi vários aplausos, nem percebi o tanto de pessoas acumuladas em um mesmo cubículo, Lucas e Nina, assim como todos ali, estavam com olhares admirados.

Era um momento tão nostálgico pra mim...

TransformadaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt