Capítulo 89

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Layla narrando

Depois de tomarmos o sorvete, fomos dar uma volta na praça e foi nesse momento que eu me perguntei como faria para despistar ele? Quer dizer, para começo de conversa nem sei por que eu o "convidei" Para tomar sorvete, só agi impulsivamente.

Em que enrascada eu fui me meter? Ele já sabe que eu quero falar com Nina e não vai deixar nós duas sozinhas nem pagando. E agora?

Kaique-Então... Como tem sido a sua vida na alcatéia?

Eu-Bem e a sua vida perto dos humanos? Deve ser estranho tratá-los como amigos, sabe... Você deveria ser ator, por que do jeito que você os engana, manipula e ainda dá uma de bom vizinho... Não é mole não.

Kaique-Isso era para me provocar?

Eu-Não, longe disso, só estava elogiando o quão bem você pode fingir.

Nesse momento Nina estava brincando no balanço enquanto eu estava sentada em um banco junto com Kaique que agora estava usando o moletom para esconder seu rosto... Eu simplesmente não consegui segurar as palavras, quer dizer... Como ele pode manipulá-los e não sentir remorso nenhum?

Kaique-Eu não estou manipulando ninguém, são os humanos dessa cidade que são muito ingénuos.

Eu-É, foi por isso que eu voltei, para impedir que você continuassem seus joguinhos com eles.

Eu estou com raiva, apesar dessa cidade ser chata e as pessoas bastante conservadoras, foi o lugar onde eu nasci e cresci, sem falar que as pessoas daqui sempre foram boas para mim, nunca tentaram algo de ruim... Minha avó tambem escolheria proteger essa pequena cidade no meio do nada... Onde ambas crescemos...

Agora eu sei por que minha avó nunca se mudou desse lugar. Ele pode parecer calmo, mas esconde várias coisas, histórias e... Outras coisas inimagináveis, eu não queria ter descoberto isso desa forma, mas... Pa-
rece que eu e minha avó temos algo em comum e isso me deixa feliz... Eu a admirava muito.

Kaique-Apesar de dar uma  de desinteressada... Você não voltou apenas pela alcatéia, voltou pelos humanos que moram aqui tambem não foi?

Eu-Sim, e eu vou proteger os dois, a alcatéia e as pessoas daqui, custe o que custar.

Falei firmemente, algo pareceu fazer um clik, não tinha por que eu me sentir triste pela morte  da minha avó, ela fez o certo e morreu para defender as pessoas que amava, dane-se todas as leis e essa profecia, eu vou enfrentar tudo que vier porque... Eu quero proteger as pessoas que eu amo.

Kaique-Isso foi algum tipo de ameaça?

Eu-Não, foi um aviso para se afastar deles, se fizer algo para machucá-los eu mesmo o matarei.

Kaique-Não é como se você pudesse fazê-lo.

Eu-Você quer pagar pra ver?

Perguntei virando minha cabeça em sua direção, ele estava com o capuz, porém eu ainda podia ver seu rosto e seus olhos... Ele pareceu surpreso, aliás, até eu estava surpresa comigo mesma.

Kaique-Eu pensei que essa era apenas uma cidade chata e sem importância para você, sempre vía você com livros, parecia querer fugir de tudo, o que te fez mudar de ideia?

Eu-Quero proteger as pessoas que eu amo, eu tenho uma motivação agora que nunca tinha percebido, sabe... Eu tenho pena de vocês, são vazios e não sabem amar.

Kaique-Você não sabe nada sobre nós.

Eu-Na verdade eu nem preciso conviver com você pra saber como a vida de você é, você e eu fomos criados de formas diferentes, você... Não é que não sabe nada sobre mim.

Nina saiu do balanço e veio correndo até mim e parou na minha frente.

Nina-As crianças não querem brincar comigo... Elas falaram que eu sou estranha.

Eu-Você não é estranha, vamos lá com elas.

Ela concordou e eu me levantei, ela pegou na minha mão e fomos andando até algumas crianças, Nina não era estranha, quer dizer, não era Branca que nem Kaique, tinha os cabelos ruivos, olhos azuis, porém... Ainda não aprendeu a esconder as "presas", deve ser por isso.

-Layla? Você voltou.

Bom, como eu disse algumas vezes, aqui eu conheço todos, todos me conhecem e assim... Todos conhecem todos, então, é óbvio que as crianças me conhecem também, de vez em quando eu brincava com elas.

Eu-Eu tinha ido viajar para... Conhecer lugares novos, mas já estou de volta, agora... Me digam, por que não querem brincar com Nina?

Todos se entre olharam, abaixaram a cabeça e ficaram calados, eu me agachei na frente deles, era um grupo de duas garotinhas e três garotos.

-Ela... Nos assusta.

Nina pareceu triste.

Eu-Por que? Ela não tem nada de diferente de vocês.

-Mas... -

-Acho que ela não tem nada de diferente da gente, na verdade acho que ela pode ser bem legal...

Falou um garoto de cabelos castanhos, ele era o neto da dona Valentine, aquela senhora que veio bater na minha porta, juntando as peças, acho que ela deveria saber de tudo, né? Devia ter pedido mais informações e não ter saído correndo que nem uma garotinha assustada, no final das contas eu não iria conseguir fugir para sempre.

Eu-E ela é, que tal brincarem com ela?

Uma das garotas chamou Nina para brincar e eles começaram a correr, menos um, o Lucas, neto da dona Valentine... Ele estava me encarando.

Lucas-Minha avô... Falou que você apareceria aqui e me pediu para dizer que... Ela quer conversar com você.

Falar com ela? Bom, eu vou, isso não vai me matar, sem falar que acho que ela sabe bem mais coisas do que eu, afinal, ela sabia sobre "eles", então deve saber mais alguma coisa.

Depois de dizer o que tinha que falar, Lucas começou a correr até as crianças, aliás, ele pareceu ficar bem feliz por Nina estar brincando com eles, sei lá, mas... Acho esse garoto parecido com a avó.

Eu voltei a me sentar no banco.

Eu-De qualquer jeito, você ainda pode conseguir encontrar algo ou... Alguém, o que você tem não é uma vida de verdade, você não quer viver o resto da sua vida atrás de mim e do alfa, quer? Não acho que você queira ser capacho do seu pai para sempre. Por que é isso que você é para ele, no fundo você sabe...

Ele ficou calado, eu senti como se eu também quisesse salvá-lo, ele não é o pai dele, assim como Nicolas não é, o mesmo escolheu outro caminho, então Kaique também pode, certo?

Kaique-Por que está em dizendo isso?

Eu-Porque... Apesar de tudo... Eu me importo com você e sei que pode seguro outro caminho, entende? Você não tem que seguir o mesmo caminho que seu pai, apesar de ele ter "montado" Uma família, nem ele, nem a mulher dele, nem você ou seus irmãos são felizes.

Eu peguei em sua mão e por um momento tive a sensação de sentir minha avó, quer dizer, por um segundo eu pude ver ela sorrindo para mim e até mesmo senti o perfume dela... Acho que ela está feliz por eu finalmente ter entendido... Eu finalmente achei uma razão, entende? Me sinto feliz por isso.

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