Capítulo 107

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Layla narrando

Nicolas-Você parece estranha, aconteceu alguma coisa?

Eu-Não, nada.

É claro que aconteceu, quer dizer, várias coisas vem acontecendo desde aquele dia... Mas eu prefiro não falar sobre isso, até porque iríamos acabar entrando em uma discussão e tudo o que eu menos quero agora é ter que discutir com alguém... De novo.

Nicolas-Você não falou nada sobre eu ser o seu professor.

Eu-Não tenho nada o que falar, foi você que decidiu isso.

Mas é claro que eu queria exigir que ele fosse lá se demitir, os 12 selos não seriam loucos o suficiente para atacar a escola, pelo menos eu acho que não, a única coisa que eu quero agora é um pouco de paz e melhor que isso, eu queria um pouco de liberdade também.

Coisa essa que eu nunca mais tive desde que fui para a alcatéia, sempre tinha alguém a me vigiar, o único momento em que pude ficar um pouco só foi na semana do meu cio, só que dessa vez eu não queria ter ficado só, então não foi uma coisa muito... Boa.

Nicolas-Er... E então, como foi a sensação de voltar para a cidade?

Eu-Foi boa...

Foi péssima! Eu pensei que teria ao menos um pouco de liberdade mais estou cercada por todos os cantos, sem falar que acabei de perder minha melhor amiga, mas tem um lado bom, pelo menos agora, eu tenho Lucas...

Ele foi a única coisa boa que aconteceu por aqui, ninguém na cidade me conhece bem ao ponto de vir me cumprimentar, sempre com os olhares curiosos sobre mim, isso me deixa nervosa.

Nicolas-Você não parece estar falando a verdade, ou você se tornou uma ótima mentirosa ou você simplesmente não está dando a mínima para nossa conversa.

Eu olhei para ele e deu de ombros, talvez seja os dois... Eu mudei desde que fui para lá, descobri coisas que não deveria e agora estou meio que ameaçada de morte, mas no momento eu realmente não estou nem ai pra isso.

Não sei se é pelo cansaço, ficar com todas essas coisas acumuladas apenas para mim, não é bom, talvez seja isso, ou talvez seja pelo fato de eu não me importar mesmo, parando para pensar, apesar de eu finalmente ter achado minha razão para viver... Eu apenas sou uma peça no meio de tantas outras.

Eu também estou sendo manipulada, seja pelo André que mentiu para mim esse tempo todo, por Nicolas que também mentiu e do nada descobri que é meu sobrinho, sem falar em Ivy e Lyra, elas sabem mais coisas do que aparentam e hora ou outra estou sendo manipulada por elas.

Antes eu também era manipulada, por André novamente, que sempre me disse para nunca conversar ou criar laços com outras pessoas, talvez fosse porque ele queria me proteger dessas pessoas hipócritas, ou talvez fosse apenas um desejo egoísta dele para fazer ele e apenas ele, ser meu "porto seguro".

Minha avó também me usava, mas não tem como eu ficar com raiva dela... Ela já morreu e tudo que ela fez está no passado agora.

Eu nunca agora por mim própria, nunca fiz minhas próprias escolhas, sempre pensando no melhor para os outros, mas nunca pensando no melhor para mim... Eu sempre achei que sabia de tudo sobre as pessoas a minha volta, mas era ao contrário.

Eu não quero mais ser apenas um fantoche na mão deles, quero tomar minhas próprias decisões independente do que eles pensem, eu quero viver por mim mesma e não pelos outros, eu quero sentir as coisas boas da vida e quero poder desfrutar delas.

Dessa vez, sou eu quem estou no comando sobre mim mesma.

Eu-Nicolas, me beija.

Nicolas-O que?

Sem esperar qualquer outra pergunta besta, eu o puxei para perto e selei nossos lábios, e daí se ele é meu sobrinho? Isso pode nem ser verdade, eu não vou deixar uma pequena suspeita atrapalhar.

Sem perder tempo, eu pedi passagem com a língua e ele concedeu, dessa vez quem estava tomando a iniciativa era eu e isso era uma sensação tão boa!

Dane-se se a gente estava numa praça sendo observada por um monte de crianças, eu puxei ele mais pra perto e senti ele colocando a mão na minha nuca, eu tinha que admitir que ele beijava bem.

A gente só se separou por causa da falta de ar e quando percebi já tinham um monte de crianças paradas nos olhando, não demorou muito para eles bater em palmas e eu fiquei confusa, enfim, nada para se preocupar.

Eu-Acho melhor voltarmos já está tarde.

Falei lhe dando um selinho breve, eu queria aproveitar o agora, talvez eu fizesse mesmo o que Ivy sugeriu, beijar de um por para sentir a sensação, é errado? Com certeza, mas eu não ligo mais.

Chamei Lucas e fui andando na frente, enquanto Nicolas ainda estava sentado no banco olhando para o nada, em outras circunstâncias seria eu que estaria ali, afinal, ele sempre teve a iniciativa e sempre deu "investidas" Em mim, dessa vez quem vai fazer isso sou eu.

Se eu agir assim, posso evitar de me machucar, ou pelo fingir que não me machuquei, porque se tem uma coisa que é certa é que quanto mais as pessoas sabem onde dói, mas elas vão te fazer chorar.

Sempre foi assim...

Eu que nunca quis ver, aliás, eu via, eu sempre tentei me afastar das pessoas, André me fez perceber o quanto elas podem ser más e manipuladoras, ele sempre me disse que elas eram assim, mas eu não fazia ideia de que quanto mais eu me afastava, mas elas se aproximavam. Aliás, elas já estavam bem do meu lado.

Eu estou no meio do fogo cruzado, então não posso mais servir de trouxa para os outros, é da minha vida que estamos falando, não posso mais ser usada pelas pessoas...

Lucas-Eu não vou perguntar se você está bem, porque você vai dizer que sim, apesar de ser mentira. Você pode fazer o que quiser da sua vida, já que ela é sua, mas... O único erro que você pode cometer é pensar que está sozinha.

Eu olhei para o pequeno ao meu lado e suspirei, ele tinha razão de certa forma, o pior erro é pensar que está sozinha e não confiar em ninguém, ficar cegada pela maldade do mundo... Não poder confiar em ninguém a sua volta, não poder dizer o que realmente está sentindo... É a pior dor.

TransformadaHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin