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Frank Hardy (1)

As minhas unhas batucavam na pedra sólida que constituia uma mesa de visitas. Os nervos eram evidentes, só de olhar para mim. Há cinco anos que não entrava naquela penitenciária, após ter virado as costas aos meu pai. Nada provou a sua inocência, nada me fez crer na sua palavra.

Exceto, agora. Depois de cinco anos, a mesma pessoa estar envolvida no acidente do meu irmão e no rapto de Brandon.

Quando a porta se abriu, olhei para a mesma, encontrando um homem com a barba comprida, o cabelo grisalho e a pele pálida. Aquilo que eram musculos, eram agora apenas pele e osso. Estava bastante desidratado, descuidado.

Os seus olhos arregalaram-se assim que me encontrou. Cinco anos depois, a sua filha decide visitá-lo.

- Quando fui informado de uma visita, esperei toda a gente, menos tu. – Murmurou, sentando-se à minha frente.

- Precisamos de falar. – Pousou as mãos sob a mesa. – Frank Hardy, quero saber tudo sobre ele.

- Qual o interesse?

- Ele está por trás da morte do Andrew e tentou fazer com o mesmo com Brandon.

- Reabriram o caso? – Assenti e a sua expressão tornou-se tensa. – Porque razão?

- Pelo que percebi, acharam evidências ao investigar o desaparecimento do Brandon semelhantes ao acontecimento do Andrew. – Encolhi os ombros.

- O Frank Hardy destruiu a minha vida, não deixes que estrague a tua, Amyah. – Lutei contra a vontade de revirar os olhos.

- Eu já não sou a criança que conheceste, podes ter a certeza disso. – Murmurei, captando as suas atenções. Ele ficou tenso, sem saber o que dizer. – Agora diz-me, onde posso encontrar esse homem.

- Onde sempre o encontrei, Santa Monica. Numa das tabernas dois quarteirões acima do nosso. Ou, no que costumava ser nosso. Se não o encontrares, irás reconhecer alguém que te levará a ele.

- Nomes?

- Alexa Hardy, a filha.

- Obrigada. – Comecei a levantar-me, mas ele impediu-me. Deixei-me estar, sentada à sua frente. – Sim?

- Não tens nada para me dizer? – Encolhi os ombros, sabendo a que se referia. – Há cinco anos que não te vejo Amyah, cinco anos! E tu não tens nada para me dizer?

- O que queres que diga?

- Quero saber como estás, como está a tua vida, não achas?

- A minha vida está ótima, não se nota logo? – Revirei os olhos e a expressão dele tornou-se suave e desanimada. – Se tudo correr como quero, vais sair daqui.

- E a tua mãe, como está?

- Noiva. – Murmurei um pouco bruta. – Nem sonha que estou aqui.

- Promete que vais ter cuidado, Amyah. – Balancei a cabeça, e ele suspirou. As suas mãos alcançaram as minhas. – Taberna Roofs.

Agradeci-lhe novamente, garantindo que voltaria a visitá-lo brevemente. Pousei um saco sob a mesa, chamando um dos guardas. O mesmo verificou o conteúdo do mesmo, apercebendo que era apenas comida e um sumo, entregando o mesmo ao meu pai. Ele agradeceu-me pela visita e pela comida, voltando a avisar-me sobre Frank Hardy.

Acenei-lhe, antes de sair da penitenciária e caminhar até ao carro. JC e Josh esperavam-me no mesmo.

Assim que entrei, um suspiro abandonou os meus lábios. JC entregou-me o meu telemóvel, este cheio de chamadas e mensagens. As chamadas eram da minha mãe, pelo menos a maior parte, já as mensagens, tanto de Justin, como da minha mãe e de Kaya.

Ignorei todas as mensagens, assim como chamadas. Como eram quase três da tarde, decidi parar numa pastelaria, para comer qualquer coisa. Algo que JC me agradeceu inúmeras vezes.

- Então... Como correu? – Encarei Josh, que parecia receoso com a resposta. Ou com a minha reação.

- Normal, acho. – Encolhi os ombros. – Não aparecia à frente dele há cinco anos, Josh.

- Deve ter sido um choque para ele, não?

- Deixou isso bem claro. – Forcei uma gargalhada. – Pelo menos, sei que tem uma filha e a taberna que frequenta.

- Uma filha?

- Sim, JC. Deve ter a nossa idade, provavelmente. E pelo que sei, também frequenta a taberna.

- Amyah, no que estás a pensar?

- Numa pequena visita a Alexa Hardy. – Algo ocorreu-me naquele instante, fazendo-me questionar o assassinato que colocou o meu pai atrás das grades. – Se o meu pai matou a família dele, de onde surgiu a Alexa?

- Pontas soltas?

- Espero que sim, JC, espero que sim.

(...)

Entrei no apartamento, preparada para ignorar todas as perguntas por parte da minha mãe. Não só a voz dela ecoou pelos meus ouvidos, mas como uma voz tão conhecida que não esperava ouvir.

Os meus olhos encontraram o Justin ao lado da minha mãe. Pousei as chaves do carro de Kellan sob a mesa perto da porta, apercebendo-me que a minha mãe caminhava na minha direção. Tal como Justin. Madison e Kellan, sentados no sofá também com os olhos postos em mim, algo que começava a ser irritante.

Dona Leah reclamava por não ter respondido ou retomado as chamadas, explicando-me o quão preocupada estava. Nem mesmo, lhe disse onde pretendia ir.

- Já acabou? – Atirei, quando silenciou por fim.

- O que foste lá fazer?

- Esqueceste-te que o teu ex-marido está lá? – Respondi rude e sem me importar com a presença de Kellan. Os meus olhos encontraram Justin, novamente. – E tu, o que raio fazes aqui?

- Sê bem educada, Amyah! Eu pedi que viesse, porque estávamos ambos preocupados contigo.

- Que eu saiba, ele não me é nada, portanto não percebo o porquê de aqui estar. – Revirei os olhos e comecei a caminhar até ás escadas, enquanto a minha mãe gritava o meu nome.

Ignorei por completo as suas palavras e subi as escadas para o quarto, trancando a porta.

Sentei-me na cama, já com o pijama vestido e com os fones nos ouvidos, pois não tencionava ouvir a minha mãe batucar na porta ou chamar por mim. Silêncio, era aquilo que precisava. Aliás, apenas o som da música.

Não conseguia deixar de pensar no meu pai. Na aparência descuidada dele, do quão diferente estava.

AMYAH  ➛  JUSTIN BIEBER Onde as histórias ganham vida. Descobre agora