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Apologies
(Justin's point of view)

Há pouco mais de meia hora que estava num bar perto de casa, com Ryan. Um jogo de setas era disputado entre nós, apesar da vontade para jogar não ser tanta, quanto costumava ser. Passávamos tardes a jogar setas, bilhar ou matraquilhos neste bar.

O meu telemóvel vibrou, o que me levou a tirá-lo do bolso à pressa. Era Brandon e na mensagem, o número de Amyah.

Sem pensar duas vezes, mandei-lhe mensagem.

Texting: Amyah Johnson
- Temos que falar. Amyah, eu não enviei aquele video. Este é o meu número, não o outro. – Justin McCann

Suspirei e encarei o Ryan.

Não conseguia perceber o porquê de estar tão afetado. Mas a verdade, é que estava, bastante afetado. E agora, após a conversa com Brandon, eu percebi que ela precisava de alguém.

Contou-me que já não se viam tanto quanto antigamente, visto que estavam em sítios diferentes e Amyah não tinha como ir a Santa Monica com tanta frequência. Perguntava-me o porquê, visto que estavam a meia hora de distância. Balancei a cabeça, pois não queria criar confusões dentro de mim.

Text from: Amyah Johnson
(03:02pm) – Não quero as tuas explicações para nada. Mete-te na tua vida
- Mas eu preciso de te as dar. Deixa o teu orgulho de parte
(03:05pm) – Com uma condição. Quero saber quem mandou o video
- Tudo bem. Onde nos encontramos?
(03:08pm) – No parque à frente do meu prédio

- Vejo-te depois.

Os nossos punhos tocaram-se e ele desejou-me boa sorte para acalmar a fera. Ri-me das palavras dele e sai do bar.

(...)

Sentado num dos bancos, esperava que Amyah aparecesse.

Sentia-me um pouco nervoso, pois não sabia o que lhe dizer. Ou como estava o seu estado espírito, se ainda irritado com o que aconteceu na escola, se já mais calmo e controlado.

Ela era de facto diferente das raparigas que conhecia. A sua personalidade revoltada, os seu temperamento instável. A morte do seu irmão, principalmente. Era isso que mais lhe afetava. Queria perguntar-lhe o que aconteceu e como aconteceu, mas tinha noção que iria tocar numa ferida ainda aberta e que provavelmente, acabaria a sangrar por algum lado.

Ouvi algum movimento atrás de mim, o que me fez olhar para trás. Amyah aproximava-se de mim lentamente, sentando-se ao meu lado, pouco depois.

Aquilo que tinha planeado dizer, evaporou-se.

- Quem é que mandou o video?

- Não sei. – Ela levantou-se, pronta para ir para casa. Agarrei no braço dela, para que se voltasse a sentar. – Tu sabes quem foi.

- A Ashley? O Ryan?

- O Ryan nunca faria isso. – Garanti-lhe, pois acreditava na pessoa que cresceu comigo, mesmo estando com uma rapariga como a Ashley.

- Ela está fodida. – Sussurrou entre dentes, fechando a mão em punho.

- Como é que estás? – Perguntei, ignorando totalmente o que havia dito sobre a Ashley. Ela olhou para mim, mostrou um sorriso irónico e revirou os olhos. – Alguma coisa que possa fazer?

- Que tal deixares de me controlar? Eu não preciso de ninguém atrás de mim, muito menos de ti. Vê se metes isso na cabeça.

Levantou-se, virando-me costas, pronta para ir para casa, uma outra vez. Levantei-me também, envolvendo os meus dedos no pulso dela, para que não fosse. Amyah soltou-se, virando-se para mim. Os nossos olhares cruzaram-se e nenhuma palavra deixou a boca de ambos.

Reparei que já não segurava as típicas sete pedras, mas que estava nervosa. Os olhos dela brilhavam, refletindo-me neles.

- O que é que queres de mim, Justin?

- Nem eu sei. – Encolhi os ombros, sendo-lhe totalmente honesto. – Não consigo deixar de pensar no que te aconteceu, no teu estado. E eu sei que te falta algo, sei que precisas de algo.

- Eu estou bem, perfeitamente bem! – Apontou para o rosto dela. O rasgão que tinha no lábio estava quase invisível. O seu rosto sem qualquer vermelhão ou nódoa negra.

- Porque é que fazes isto a ti mesma? Afastas todas as pessoas que se preocupam contigo!

- Isso não te diz respeito, foda-se Justin! – Elevou o tom de voz, ainda mais do que aquilo que tinha elevado.

Amyah voltou a sentar-se no banco, correndo os dedos pelos cabelos. Suspirou frustrada e apoiou a cabeça nas mãos. Sentei-me perto dela, levando a mão até ao seu queixo, para que me encarasse.

- Eu sei que perdeste alguém bastante importante para ti, mas não te deixes perder também.

Ela balançou a cabeça e os seus olhos ficaram mais brilhantes que o normal. Sabia que tinha tocado no seu ponto fraco. Na tal ferida aberta. Surpreendi-me, por não me ter esmurrado. A expressão dela tornou-se menos agressiva e mais tranquila, embora desanimada.

O meu dedo moveu-se pela bochecha dela, que logo se afastou. Baixei a mão e olhei para a pequena fonte à nossa frente.

Não sabia o que lhe dizer. Como desenrolar uma conversa. Ela era tão difícil de se falar, tão reservada. Criou um muro à sua volta, algo que Brandon me havia dito e agora, podia confirmar.

- Porque insistes tanto?

- Não sei.

- Porque raio não desistes? Não percebes que não quero ser ajudada?

- Não sei e não sei. – Desta vez, eu suspirei frustrado, pois não tinha resposta para lhe dar. Não lhe conseguia explicar o porquê de insistir tanto, se nem mesmo eu sabia o porquê.

- Desculpa as minhas atitudes na escola. – Levantou-se novamente. – Eu preciso de ir, ok?

Balancei a cabeça, deixando-a ir desta vez.

Mantive-me naquele banco durante dez, quinze minutos, até que me levantei e caminhei até à paragem. Chutava cada pedra que cruzava o meu caminho, desanimado com a conversa.

Precisava de fazer com que entendesse que não precisa de carregar o peso sozinha, visto que tem várias pessoas que se preocupam com ela.

E não precisava de falar comigo, bastava-me que falasse com alguém.

Sabia que isso não iria acontecer tão cedo. E agora, com as férias, provavelmente ia isolar-se. Se a quisesse encontrar, tinha que continuar a ir ao túnel com Michael ou simplesmente mandar-lhe mensagem. Algo que não tencionava fazer, pois não esperava que aceitasse encontrar-se comigo.

E também, não queria que se sentisse pressionada ou invadir o seu espaço.

AMYAH  ➛  JUSTIN BIEBER Onde as histórias ganham vida. Descobre agora