Joseph iria ódia-lo. Como odiava as minhas calças.

Esta manhã, quando Kellan nos falou do almoço, pediu-me para não agir como uma pessoa diferente do que realmente era. Quem tinha que aceitar a família com quem iria estar era ele, não os seus pais. E Kellan, já nos havia aceitado há muito tempo.

Kellan era diferente do pai. Menos conservador, reservado e intimidante. Os olhos daquele homem eram profundos e misteriosos.

Cada olhar, um julgamento.

- Fale-me de si, Leah. – A voz autoritária captou as minhas atenções. Saboreava a pouca comida dentro do meu prato, quando a questão foi colocada.

- O que quer saber?

- Conte-me sobre a sua vida ao lado de um criminoso, sem querer faltar ao respeito, claro. – Quase cuspi o sumo que tinha dentro da boca. Pousei o copo com alguma brutidade e os olhares pousaram em mim.

A minha mãe não sabia o que dizer. Kellan tentou atenuar o assunto, mudando de assunto, enquanto os meus olhos se mantinham focados no homem. Estava incrédula com o descaramento dele. O meu pai pode ter cometido muitos erros, mas não significa que seja um criminoso.

Continuava a encará-lo. Ele continuava a insistir no assunto. A minha mãe referiu que os primeiros anos foram ótimos, apesar dos problemas que começaram a surgir.

- Foi esse o motivo que levou à explosão do carro, onde o seu filho estava? – Agora atingiu o limite. Ultrapassou-o. – Pelo que sei, o carro foi sabotado...

- Desculpe, mas qual é o seu interesse? – Interrompi. Os olhos da minha mãe pousaram em mim e a sua expressão mostrava o quão aterrorizada estava.

Ela sabia que era um assunto bastante delicado. E, a forma como foi mencionado, piorou tudo. Conseguia perceber os seus gestos, sabia que não queria que causasse uma cena num restaurante e muito menos, com os pais do seu noivo. Mas sinceramente, não havia como não intervir.

Joseph continuou a falar do caso. Sabia da sabotagem, dos problemas que o meu pai arrastou para a própria família, sendo talvez esse o motivo da sabotagem.

Vingança. Pagamento. Negócios. O que fosse.

- Ou então, o miúdo estava envolvido nas confusões do próprio pai.

- Não acha que já chega? – Elevei o tom de voz. Joseph olhou-me chocado, devido ao meu tom rude.

- Menina, modere o seu tom. – Alertou-me. Kellan interveio, avisando o pai que estava a ir longe demais. O mesmo, referiu que necessitava de conhecer a noiva e futura mulher e aqueles casos eram importantes. – Com todo o respeito, Amyah, mas a menina precisa de educação.

- Com todo o respeito, Joseph, vá-se foder.

- Amyah! – A minha mãe guinchou, escandalizada com o que havia dito.

Levantei-me da mesa, saindo do restaurante apressada.

Quem é que aquele homem pensa ser, para falar do meu pai e do meu irmão, sem que os mesmos se pudessem defender? O meu pai está a pagar todos os dias pelos erros que cometeu e o meu irmão, pagou com a própria vida!

Se isso não era castigo suficiente para mim e para a minha mãe, então não sei o que poderá ser pior.

Encostei-me à parede do restaurante, um pouco afastada da porta. O que eu dava por ter um cigarro comigo. Senti lágrimas nos meus olhos, o que me deixou ainda mais frustrada. Não podia dar parte fraca, não podia deixar que pessoas insignificantes tivessem tanto efeito em mim.

- Amyah? – Passei a palma das mãos pelos olhos, antes de olhar para a minha mãe, que estava acompanhada pela Madison. A rapariga com lágrimas a deslizar pela bochecha.

Ambas se aproximaram de mim.

- Não consegui evitar. – Murmurei baixo, embora rude.

- Ainda bem que não. – Madison pronunciou-se, surpreendendo-me. – Ele mereceu aquilo que disseste. Acredita.

Mostrei-lhe um sorriso pequeno e ela desculpou-me pelas atitudes do avô, pois não esperava algo tão insensivel e desnecessário da parte dele.

(...)

Um silêncio constrangedor estava instalado no carro, desde que saímos do restaurante. A minha mãe continuava bastante sensibilizada com o que acontecera no restaurante. Mantinha os olhos na janela, sem se pronunciar. Madison, tentava controlar as lágrimas, embora algumas deslizassem involuntariamente.

Enquanto Kellan, provavelmente sentia um peso enorme sob os ombros. O próprio pai a arruinar um jantar tão importante, onde lhe deu a conhecer a noiva e a sua filha.

- Leah, está tudo bem. – Sussurrou, entrelaçando os dedos com os da minha mãe. Ela encarou-o, com olhos chorosos e um sorriso forçado. – Nunca devia de ter aceite o convite, podia adivinhar algo do género.

- Não tens a culpa que o teu pai seja... Especial.

- Esquece o jantar, esquece tudo o que ele te disse. Não tenho dúvidas daquilo que quero para mim, Leah. Uma mulher como tu, só se conhece uma vez na vida.

A minha mãe agradeceu-lhe pela compreensão e pelo apoio.

Kellan decidiu passar pelo Mc Donalds, visto que o jantar terminou mais cedo do que o planeado. A minha mãe e a Madison foram buscar os pedidos, enquanto eu e o Kellan ficamos no carro.

Por um lado, sentia necessidade de me desculpar pelo que havia dito e por ter piorado o clima, mas por outro, não me sentia minimamente arrependida.

- Tenho que admitir Amyah, tu és qualquer coisa.... – Inclinou-se ligeiramente, para me conseguir encarar. – Nunca antes ouvi ninguém falar com o meu pai, como tu falaste.

- Pois... – Mordi o interior da minha bochecha, sem saber o que lhe responder.

- Não te preocupes, eu gostei da resposta. – Gargalhou. Relatou todo o episódio e as expressões que fiz ao longo da conversa. Ele gargalhava e falava ao mesmo tempo, embrulhando as palavras. – És um desafio, mas eu gosto de desafios.

- Não vou retribuir o elogio, lamento. – Brinquei e ele sorriu.

A tensão atenuou-se.

Quando a minha e a Madison voltaram ao carro, o ambiente estava muito melhor. As conversas baseavam-se em coisas aleatórias, o que me dez descontrair um pouco.

AMYAH  ➛  JUSTIN BIEBER Where stories live. Discover now