CAPÍTULO 54

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As portas se abriram.
A orquestra iniciou sua bela e harmoniosa sinfonia. Trombones e clarinetes ressoaram.
Os olhares se voltaram subitamente a mim enquanto todos se erguiam ao ver minha imagem no início do salão, ainda na passagem da porta, todos prontos para me receber como uma noiva que se dirigia ao altar, bom, eu estava prestes a assumir um compromisso, só não esse tipo de compromisso.
A decoração estava impecável, assim como imaginei que ficaria.
Enormes lenços em tons de verde musgo foram dispostos pelo teto. Uma iluminação dourada enobrecia o lugar. Um ambiente alegre e cheio de vida era o que o salão irradiava.
Todas as importantíssimas pessoas – clero, famílias reais, grandes chefes de Estado e outros políticos de valor – ocupavam seu assentos de honra naquele imenso recinto, além, obviamente, de toda a mídia presente.
Todo mundo que era alguém estava presente.
As vidraças permitiam que a luz oferecida pelo pôr do sol entrasse e clareasse mais ainda o espaço, brilhando contra o meu vestido cheio de predarias fazendo com que eu resplandecesse no meio de todos ali.
Foi necessário que eu respirasse profundamente mais de uma vez, acalmando meu coração agitado que não me deixava tranquilizada.
Percebo minhas mãos trêmulas e me forço o máximo que posso para faze-las parar.
Fecho os olhos tentando me concentrar.
Quando os abro, vejo ser o meu momento. O momento em que eu caminharia diretamente para o meu futuro irremediável. A hora havia chegado e era impensável adiar por mais tempo.
Meus primeiros passos adentrando o local foram dados, algo se acendeu dentro de mim, e assim a minha caminhada até o púlpito se iniciou.
Tudo abrangia algum detalhe em ouro puro. O ar continha algo completamente majestoso, capaz de tirar o folego.
A decoração não era como eu imagina que ficaria, oh, com certeza não, era muito melhor do que eu sequer poderia ter pensado em planejar.
A caminhada apresentava um bom passo, sem ser rápida, mas também não tão lenta. Era graciosa e leve, nobre e imponente; o queixo erguido e um olhar impassível, postura ereta; uma atmosfera pomposa e magnificente pairava sobre mim; em poucos minutos eu seria a rainha, e era assim como eu deveria me portar.
Conforme me aproximava cada vez mais do pequeno altar, mais convicção eu adquiria, sentindo-me cada vez mais otimista a tudo aquilo.
Isso, toda essa cerimonia, esse apoio e a confiança extra que recebi ao começar a caminhada, me faziam sentir de uma forma inexplicável.
Uma onda de felicidade invadia o meu peito, deixando-me radiante e sorridente. Um novo brilho meus olhos adquiriram, e eu finalmente pude enxergar a esperança, pura e vívida.
Era algo em abundância, e que eu não sentia a tempos. Sentia falta daquela sensação. A sensação que me ajudava a ter força para combater tudo e todos que viessem contra mim.
Eu estava destinada àquilo.
Esse era o meu futuro.
E eu não poderia pedir coisa melhor.
O púlpito ficava a frente de um grande arco decorado com rosas brancas e algumas trepadeiras que o cercavam de forma encantadora.
Mais a frente, pude ver Reynold e o senhor Abhram – pai de Alicia e Peter, e primeiro ministro – além dos principais conselheiros de cada área essencial do meu reino. Na primeira fila minha família – incluindo Felix – se posicionavam. Mais atrás consegui ver Madame Bernard e Marli. Na minha diagonal, vi câmeras que gravavam todo o momento, reconheci dois jornalistas familiares e muito empolgados, eram Gregory e Lilian, bem que eles disseram que estariam aqui em carne e osso para que pudessem gravar e ver tudo o que aconteceria no evento mais esperado do ano.
Cada aliado meu, agora, encontrava-se junto de sua família e reino.
Todos as pessoas que eu possuo um carinho especial estavam presentes. E eu me sentia mui grata por isso, era um dos meus grandes desejos para essa coroação.
Continuo a caminhar com passos firmes e um olhar superno; a calda cintilante da minha capa escorrendo por todo o caminho que havia feito até agora.
E mesmo que tudo parecesse estar em câmera lenta em um momento imensamente importante como aquele, demorei menos tempo do que imaginava para atravessar todo aquele salão e finalmente estar de frente ao do bispo nomeado pelo parlamento para que realizasse a minha cerimonia de coroação.
Assim que fiquei cara a cara com ele, a música foi trocada, encerrando a bela melodia, pelo hino de nosso reino que foi tocado pelos primorosos instrumentos de fricção, sopro e corda. Não durou muito mais que cinco minutos para que essa parte da cerimonia fosse encerrada, e então, a parte que me envolvia, se iniciasse.
Respire...
-Senhoras e senhores, majestades de todos os reinos vindos do norte e do sul, do leste e do oeste, e a todos os membros do clero presentes, sejam muito bem-vindos a cerimonia de coroação da princesa, Grace Fernsby, legitima herdeira do trono e primogênita do rei August Florian Fernsby II, que descanse em paz. – O bispo inicia. – Que todos sejam testemunhas vívidas do que ocorrerá aqui nesta bela tarde.
Neste instante, a plateia assenta-se mais uma vez em seus acentos logo após a introdução feita.
-Estamos aqui para reconhecer Grace Fernsby, como nossa rainha. – Ele anuncia em alto e bom tom. – A partir desta tarda, ela será a representante de todos. A partir desta tarde, o poder político, econômico e social estará sobre sua cabeça. A senhorita está de acordo com isso? – O senhor que aparenta certa idade pelos cabelos brancos e pele enrugada, pergunta.
-Sim. – Digo solene.
-Grace Fernsby, coloque sua mão direita sobre a Bíblia para o juramento. – Ele diz e eu faço assim como pede. – Você promete lealdade ao seu povo, não importando a circunstância?
-Prometo. – Falo assentindo positivamente com a cabeça.
-Você promete seguir a constituição do reino?
-Prometo.
-Você promete sabedoria, compreensão e justiça para com todos, independentemente da raça ou classe social?
-Prometo. – Repito de novo.
-Promete colocar suas obrigações e os desejos do reino acima dos seus próprios?
Inalo uma grande quantidade de ar.
É o ultimo juramento...
-Prometo. – Digo após alguns segundos e então retiro minha mão da Bíblia, pronta para o próximo passo.
-Sendo assim. – Ele assente para que eu me ajoelhe e assim o faço. – Em meio a testemunhas, ao poder consagrado de Deus neste servo, e a confiança do parlamento e da constituição em mim, eu, com grande honra e privilegio, declaro você, rainha Grace Fernsby de Southcost, que a graça de Deus e a sua sabedoria transcorram por vossa majestade. – Diz saindo de trás do púlpito e se direcionando a um dos servos, era ele quem segurava uma almofada estofada em tom bordo que carregava a minha coroa.
Era dourada, delicada e suave, não era grande e chamativa, muito pelo contrario, assim como eu havia pedido, a coroa possuía seu próprio encanto minimalista. O diadema continha ornamentos em ouro que pareciam flores e pequenos ramos a trançando. Os botões das flores de ouro possuíam pedrinhas de esmeralda, dando cor a ela.
Essa era a minha coroa.
Uau...
Ainda ajoelhada, o mais velho se dirige a mim, onde encaixa perfeitamente a coroa em minha cabeça.
Ela tinha o tamanho ideia, o peso ideal. Era perfeita. Incorrigível.
Tudo estava perfeito.
Após tal feito, me levanto e viro-me a todos os presentes, que continuavam imóveis desde que se sentaram.
O senhor se posiciona ao meu lado, onde, após alguns instantes, declara:
-Que Deus salve a rainha Grace Fernsby de Southcost! – O bispo anuncia a todos.
-Que Deus salve a rainha! – A multidão repete em coro como ocorre em todas as cerimonias de coroamento.
-Está feito. – O mais velho diz ao meu lado, assentindo em cumprimento o qual eu retribuo.
Naquele altura, posteriormente a suas últimos palavras, a audiência levantou-se em êxtase e começaram a aplaudir.
Assistia todos do púlpito; era uma visão envolvente.
Eles agora são meus súditos.
Meus olhos correm em direção a minha família. Minha mãe e Daphne estavam aos prantos, soltei uma leve risada mesmo dali ao ver a cena. Henry segurava Auggie no colo que aplaudia e acenava para mim. Felix me fita com orgulho, lançando um sorriso maroto enquanto bate palmas como todo o resto do salão.
Oh céus...
Eu havia me tornado rainha.
Eu havia me tornado rainha!
Lágrimas de felicidade se despendem dos meus olhos com tal constatação.
Ah meu Deus! Eu sou rainha.
O orgulho que percorria por mim era grandioso.
Eu... e-eu sou rainha.
De alguma forma, minha fixa caiu só agora, mesmo após toda essa cerimonia.
E agora, eu oficialmente, com muito louvor e exuberância posso dizer:
Eu sou uma rainha...



E agora, eu oficialmente, com muito louvor e exuberância posso dizer:Eu sou uma rainha

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O Preço da CoroaWhere stories live. Discover now