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Todos estavam nos observando. Espantados com o que havíamos acabado de contar comentavam entre si. Raciocinando o que isso significava e qual, provavelmente, seria o nosso próximo passo.
-Espera. – Samuel diz fazendo com que o burburinho de vozes se cessasse. – Então vocês duas estão dizendo que não conseguiram caçar, mas que encontraram o covil de Northshire onde há seis pessoas e que sabem nos guiar até lá? – Ele juntou tudo.
-Achei que já estivesse claro. Mas sim, basicamente. – Falei dando de ombros.
-E vocês dizem assim? Simplesmente assim? – Ele questiona exaltado.
-Como queria que fizéssemos? Estamos aceitando sugestões de como contar para os nossos aliados que achamos o esconderijo inimigo. – Claire fala já se irritando.
-E como exatamente encontraram? Não entendi bem essa parte. – Jade questiona.
-Estávamos caçando. Escutamos barulhos e percebermos ser algum grupo. Sugeri que víssemos quem eram. Me aproximei, vi que eram os herdeiros de Northshire e então voltamos para lhes contar, já sabendo da importância que isso teria. – Expliquei tentando ser o mais clara possível para que ninguém mais ficasse em duvida com qualquer coisa do ocorrido.
-E bom, agora que sabemos sobre isso e temos essa vantagem, iremos usa-la ao nosso favor e agir o mais rápido possível, assim, esse torneio acaba, saímos desse lugar, ganhamos a guerra e voltamos para as nossas casas sãos e salvos. – Claire acrescentou.
-Só precisamos de um plano e uma boa estratégia. – Ben nos lembra. – A ponto de que sejamos certeiros o suficiente para que este seja o ultimo combate. – Completa seu pensamento. Acho que nunca o vi falar uma frase tão grande quanto essa.
Neste exato momento Samuel e Felix se entreolham, pareciam cumplices de um grande segredo.
Juntei tudo e compreendi o que haviam pensado.
-E aposto que vocês dois já tem uma, certo? – Indaguei e todos os olhares se voltaram para ambos.
-Eu e Samuel vínhamos montando uma estratégia. – Felix responde à pergunta implícita, os braços cruzados e o olhar distante, ou melhor, pensativo.
-Não está pronta e ainda há alguns furos, mas podemos aperfeiçoa-la. – Samuel replica.
-De qualquer jeito, nos digam. – Alexia diz ansiosa. – Podemos ajudar. Duas cabeças pensam melhor que uma. Bom, nesse caso oito. – Ela se corrige.
-Está bem. – Samuel fala e todos prestam mais atenção ainda nos dois, era possível que uma bomba explodisse ao nosso lado, mas nenhum de nós movesse um musculo pela tanto de concentração que depositávamos nos dois. – É... primeiramente teríamos iscas, umas duas ou quatro pessoas teriam que se encenar uma luta com os terroristas de Northshire. – Ele pausa. – Olha, até que esse nome pegou. – Diz se distraindo quanto ao uso de "terroristas" para denominarmos os que estão do lado de Northshire.
-Samuel, foco. – Claire o repreende e ele volta.
-Continuando. Enquanto os de nós lutávamos contra os terroristas, os resto estaria escondido nas proximidades. Em cima das arvores, atrás de troncos, enfim, o que encontrássemos.
-Espera. Primeiro, não sabemos como é o lugar que estão, ou seja, não saberíamos onde nos esconder; e segundo, como nos infiltraríamos no covil inimigo sem que nos percebessem? – Jade pergunta.
-Poderíamos começar a luta um pouco distante? – Ben sugere e todos o encaram confuso. – Como a Grace disse, ela e a Claire escutaram eles conversando e rindo e por isso se aproximaram, poderíamos fazer o mesmo, ou até fingir alguma luta. Enquanto eles se aproximavam dos de nós que seriam as iscas, os outros iriam se escondendo. Durante a luta, quem estivesse no combate poderia ir os levando, de forma que parecesse ser por causa da luta, até onde os outros estarão. – Explica soltando todos os pensamentos que estiveram presos até agora. Ele é bem mais inteligente do que pensava.
-Brilhante! – Alexia exclama.
-Ok, fechamos um dos furos. – Felix fala. – Depois iríamos todos nos juntar para lutar contra eles, estamos com dois a mais o que significa outra vantagem. – Termina de explicar seu plano.
O plano deles é bom, e de fato pode funcionar...
-E se caso der errado? – Questiono procurando eliminar todos os furos antes de decidirmos que seguiremos esse esquema.
-Dissemos que ainda havia furos. – Felix me lembra.
-Temos quase toda a tática formada, certo? – Alexia confirma e todos assentem. – Precisamos somente ver todas as formas possíveis de perdermos e solucionarmos meios de acabar com qualquer uma dessas falhas? – Ela junta tudo.
Levanto meu olhar para cima, cogitando e juntando tudo o que vimos até agora.
-É, é exatamente isso. – Respondo por todos.
-Então é melhor colocarmos nossas cabecinhas para funcionar. – Jane nos adverti.
Por um momento todos ficam em silencio. Nem uma sequer palavras era ecoada. Todos pensando e avaliando.
Ben, que antes permanecia sua cabeça baixa, os olhos em movimentando, fazendo, como Jane disse, sua cabeça funcionar, levanta o olhar, e reparo quando o faço.
Ele pensou em algo.
-E se eles estiverem em maior número? – Mais uma vez, todos o encaram confusos. – E se aquelas seis pessoas forem apenas uma parte do grupo maior que formam? Talvez as pessoas que pensamos estarem mortas estão espalhadas por aí nos procurando, enquanto eles vieram nessa direção, também nos procurando.
-Tem essa hipótese. – Felix analisa. – Mas acho que não. Não seriam tolos o suficiente para fazerem isso. Se nos encontrassem todos juntos teriam mais chances, além de que podem demorar dias até se encontrarem novamente com o grupo que foi dividido. Geraria mais consequências negativas do que positivas. – Ele divaga e concordo com Felix. Os motivos que ele apresentou foram plausíveis o suficiente para mim, e acho que pode estar certo.
-Menos um. – Samuel pronuncia citando as falhas, ou seja, menos uma falha em nosso esquema.
-O que acontecerá se eles inverterem o jogo? Se matarem alguns de nós e ficarmos em menor numero. – Alexia questiona, o olhar preocupado e tenso.
-Isso só saberemos lutando. Temos que dar tudo o que temos e não deixar que isso aconteça. Simples. – Felix responde direto.
Pensava. Pensava em tudo o que poderia dar de errado. E se achava alguma resposta em mim mesma não compartilhava com o resto. Era inútil já que eu mesma já havia solucionado. Por isso, continuava refletindo sobre erros que poderíamos cometer e que não poderiam, de forma alguma, serem cometidos.
Precisávamos de algo, para o caso de que algo desce errado, que os exterminasse de uma vez por todas, algo que não fosse falho, algo que teríamos certeza que funcionaria. E em hipótese alguma desse errado. Algo poderoso e forte o suficiente para que os matassem de uma vez só. Mas o que? Que tipo de arma além das nossas habilidades poderíamos usar.
Nossa habilidades!
É obvio. Somos tão poderosos. Podemos fazer coisas tão extraordinárias. Tudo o que precisamos está bem aqui, na nossa frente, bem diante de nossos olhos, em nossos próprios corpos.
Mas como é a melhor forma de usa-los? Uma forma certeira suficiente para que seja infalível.
Lembra Grace. Lembra dos treinamentos. Seus treinamentos! Já fiz isso tanta vezes, mas quando realmente preciso, não me vem nada?!
Respiro fundo e tento me concentrar em mim mesma. Daqui, o poder que tenho maior conhecimento é o meu mesmo, então é melhor que eu comece explorando o mesmo.
Até onde o meu poder se estende? Até onde posso leva-lo? Qual é o meu limite?
Subitamente, um flashback de um dos últimos treinamentos se passa pela minha mente. É o meu primeiro treinamento com Felix. Estava tão nervosa com ele, e mesmo assim ele me venceu, o que me deixou mais irritada que nunca. Quanta infantilidade a minha..., mas voltando. Logo depois, lutei contra...? Contra Peter! Sim, sim, contra ele, tenho certeza. E eu o venci como? Ah sim, através de seus poderes de água permiti que minha eletricidade percorresse, tomando o caminho de seu corpo e podendo o eletrocutar. Água é uma corrente poderosa e infalível para a eletricidade.
O lago!
Minha mente grita.
É isso! O lago. Ele é a solução. Tudo o que eu precisava estava diante de meus olhos. Bem na minha frente. Como uma peça de quebra-cabeça obvia, mas que, por estarmos tão imersos no problema, não paramos para observar com atenção o envolto, fazendo cegarmo-nos e não acharmos a solução que está bem diante de nós.
Felizmente, consegui perceber a tempo.
E, neste momento, eu havia um plano bem formado em minha mente.
Saio do meus devaneios e observo o meu redor novamente, lembrando-me onde estou e com quais pessoas. Só agora percebo que estão discutindo e argumentando sobre algo. Jane e Felix debatem sobre algo enquanto o resto demonstra suas opiniões acima daquilo.
-Eu tenho um plano. – Declaro em alto e bom tom, voz firme, melhor do que eu esperei soar. Falava como uma líder nata.
Todos os olhos se voltaram para mim. Prontos para lutar caso alguma tática fosse boa o suficiente.
-E acho que pode funcionar. – Acrescento alguns segundos após todos terem me encarado, olhos e ouvidos bem abertos.







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O Preço da CoroaWhere stories live. Discover now