CAPÍTULO 47

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Aqui estávamos, oito jovens caminhando pelos corredores de um vasto palácio.
De alguma surpreendente forma, havia conseguido convencer e reunir todos para que provássemos nossos trajes para a minha coroação.
-Não vejo a hora de ver nossos vestidos! – Daphne diz no caminho a alfaiataria real.
-Não vejo a hora disso acabar. – Henry retruca.
-Para de ser tão mal-humorado priminho. – Daphne fala passando o braço pelo seu pescoço, embora fosse mais baixa que meu irmão.
-Eu não sou priminha. – Ele acentua a palavra. – Eu só não tenho paciência para provar roupa.
-Até que eu gosto. – Peter da de ombros pensando sobre o assunto.
-Depende da situação. – Felix intervém e Peter concorda com o amigo.
-Até eu tenho que concordar com vocês. – Alicia diz.
-Até que eu gosto, mas eu preciso estar animada. – Falo dando de ombros, Claire assente em concordância com o que eu falei.
-Eu, pessoalmente, não vejo problema algum em experimentar roupas. – Samuel declara e Daphne bate a mão com a dele.
-Finalmente alguém com bom senso. – Diz apontando para Samuel.
-De qualquer jeito não teríamos opções, minha mãe caçaria todos aqui se não experimentássemos essas roupas. – Falei com calafrios só de pensar em minha mãe mais nervosa do que já está.
-Uma coisa que eu não pagaria para ver é a tia Catherine brava. – Daphne fala com tanto medo quanto eu e Henry.
-Sempre tive mais medo da mamãe do que do papai. – Henry fala direcionado a mim, afinal, eu era a única ali que entenderia bem sobre o que ele falava.
-Pode acreditar, eu também. – Falo a ele.
-Lição da história: todos tem que obedecer a rainha Catherine, ou sofrerão as consequências. – Felix resume.
-É bem isso, na verdade. – Alicia concordo e todos acabamos rindo da situação.
Depois dessa curta conversa, todos caminhamos em silencio até a alfaiataria real, onde a Madame Bernard nos aguardava com nossos trajes já prontos.
O caminho era curto e não demorou mais que três minutos para que chegássemos.
Eu havia vindo poucas vezes no ateliê do palácio, mesmo estando aqui desde sempre. A única coisa que eu sabia era que os meus vestidos – e todas as minhas outras – vinham todos daqui.
E... uau.
Eu efetivamente não sei por que não vim aqui mais vezes.
Esse lugar... é fantástico.
O salão ao todo possuía dois andares. Tecidos cercavam o ambiente. Muitos homens e mulheres passavam pra lá e pra cá carregando manequins, vestidos prontos, tecidos e agulhas. As paredes bege neutras entravam em contrate com todos esses tecidos vibrantes e coloridos. Um burburinho agradável dos estilistas conversando sobre suas criações era ressoado com êxtase.
Era completamente fascinante.
Fiquei absorta com tudo aquilo.
Eu, indubitavelmente, havia amado esse lugar, e com total certeza voltaria a vir aqui, muitas e muitas outras vezes.
-Ah, vossa alteza! – Uma mulher de feição não muito velha e não muito jovem, com os cabelos totalmente brancos, – duvido que não seja natural – de qualquer jeito belíssimos, apareceu para nos receber, se não estivesse enganada diria que é a Madame Bernard, embora ela tenha mudado desde a ultima vez que nos vimos. – Alteza! Como é bom revê-la! – Disse se aproximando e me beijando de cada lado da bochecha, de fato ela é a Madame Bernard. – Suponho que vieram provar seus trajes, certo? – Ela sugere com um sorriso onde seus lábios se mantinham comprimidos um ao outro.
-Sim. – Assinto contagiada por sua energia.
-Estava mesmo os esperando. – Fala sorrindo de canto. – Está tão linda querida. – Diz se aproximando mais um pouco de mim.
-Obrigada, Madame Bernard. – Agradeço genuinamente contente por ela ter me elogiado.
-Ah, meu bem, que formalidade é essa? Pode me chamar de Dominique. – Ela me corrige.
-Como quiser. – Sorrio simpática.
-Bem, vamos ao que interessa, não? – Diz em meio a uma piscadela.
Mal tive de pensar, num piscar de olhos a mulher de cabelos platinados saiu andando em meio a toda aquela confusão organizada. Precisei me encolher mais de uma vez para passar no meio daqueles estilistas que andavam de um lado para o outro.
Quase bati a cabeça em uma pessoa que carregava um rolo de um tecido purpura brilhante, por pouco não consegui desviar.
Chequei meus amigos uma vez ou outra apenas para me certificar de que não haviam se perdido ou sofrido algum acidente como eu quase sofri no meio de tudo aquilo.
-É por aqui meus queridos! – Dominique declarou entrando em um outro corredor, quase a perde de vista, mas virando algumas esquinas nos corredores, consegui a encontrar. – Bom, seus trajes já estão nos provadores. – Falou ao ver que todos estávamos ali.
Acho que até ela pensou na probabilidade de alguém se perder naquele ateliê gigante, o que até eu pensei que fosse acontecer.
-Senhorita Claire, o seu é o primeiro. – Avisou indicando para a morena. – Os gêmeos Abhram são os seguintes, um do lado do outro. Senhorita Daphne, o seu fica na frente do de Claire. – Ela foi avisando enquanto cada um ia para os seus devidos provadores. – Senhor Samuel, o seu fica ao lado do de Daphne. Senhor Felix o seu é o ultimo a esquerda. E para os irmãos Fernsby, quais são...? – Ela tenta se lembrar. – Ah sim. – Estala os dedos encontrando a resposta. – Senhor Henry, o seu é a frente do Senhor Schulz, e Senhorita Grace, o seu é ao lado do seu irmão. – Termina de falar e já sigo para a minha cabine.
Entrando, vejo meu vestido pendurado.
Eu mal o vi e já consigo perceber quão magnifico é.
-Se precisarem de ajuda é só me chamar! – Dominique grita para nós no meio do corredor dos provadores.
Abro o zíper de trás do meu vestido e tiro o vestido que uso no momento.
Com delicadeza, vou colocando o vestido prateado. Era cheio de pedrarias, ombro a ombro, deixando minha clavícula exposta. Embora não fosse cheio de camadas ou muito rodado, marcava, até de mais, a minha cintura. Mas eu me sentia linda, totalmente perfeita, usando aquele vestido.
Aquelas pedrarias brilhantes me lembravam dos raios cheios de feixes luminosos que consigo produzir com a minha eletricidade, o que fez com que eu me agradasse mais ainda do vestido.
Era simplesmente inigualável. Nunca vi peça tão bem-feita quanto essa.
-Alteza, posso entrar? – Escuto a voz de Dominique na porta da minha cabine e abro para ela. – Oh céus! – Ela arfa, tão chocada com a beleza do vestido quanto eu. – Isso está divino! – Ela fala com a mão na boca devido ao seu completo choque ao me ver daquela forma.
-Eu nunca vi vestido tão belo quando esse, Madame Bernard. A senhora se superou. – Falei voltando meu olhar para o espelho que havia dentro do provador.
-Esse, de fato, foi a minha melhor e maior criação, ficará marcada na história. – Disse enquanto ajeitava um pouco mais o vestido em meu busto.
-A senhora quem fez? – Questiono atônita.
-Quem mais faria? Jamais deixaria que alguém fizesse no meu lugar o vestida da nossa futura rainha. – Falou extasiada. – E ficou mais bonito em você do que eu imaginei.
-Concordo plenamente.
-Me inspirei em suas habilidades. – Falou olhando o vestido como um todo.
-Eu pensei exatamente nisso. – Disse a ela.
-Que bom que reparou, era essa a intenção. – Falou sorrindo emocionada pelo seu próprio trabalho. – Acho que só precisaremos fazer um pouco da barra e então estará pronto para a sua coroação, afinal, não queremos que tropece, certo? – Ela falou se agachando, rindo levemente da própria constatação e checando a bainha do vestido.
-Eu nem havia percebido. Fiquei tão magnificada com o vestido que não conseguiria ver qualquer falha nele. – Disse com um sorriso bobo. – Obrigada Dominique, sério, eu jamais conseguiria pensar em uma veste do que essa.
-Eu que agradeço. – Ela diz. – Mas, por hora, precisaremos tirar para que eu comece de imediato a fazer as mudanças necessárias. – Diz e eu assinto, a mesma saindo da cabina e eu começando a tirar o vestido.
Assim que me troco, e vejo estar completamente pronta, sigo para fora da cabine onde percebo todo o pessoal estar presente, eles apenas me aguardavam. Pelo visto demorei mais do que imaginei.
-Então Grace, como é o seu vestido? – Claire pergunta assim que saio e me aproximo o suficiente deles.
-Acham mesmo que direi alguma coisa? Nem pensar. – Fala sorrindo de canto enquanto vejo Daphne cruzar os braços irritada.
-Isso é maldade. – Alicia diz seriamente.
-Vocês só verão no sábado e não tem discussão. – Digo a elas.
-Somos suas melhores amigas e não nos dirá nada? – Daphne questiona dramatizando.
-Exatamente. – Sorrio inocentemente.
Dominique nos guia pelo mesmo caminho, mais uma vez passando pelos riscos daquele ambiente cheio de agulhas pontiagudas e tesouras afiadas. Assim que chegamos na porta pela qual entramos, nos despedimos dela, a mesma, com o se jeito vigoroso, se despede de todos nós, desejando-nos um bom dia e que mal espera para nos reencontrar na ultima prova, e então nos ver vestindo sua obra na coroação. Ela é uma pessoa envolvente devo admitir.
No corredor, me despeço de meus amigos, cada um já seguindo seu caminho, inclusive eu.
Ao adentrar meu quarto, reparo que Marli não está presente, mas não a chamo.
Deito-me na cama e começo a tentar absorver o que aconteceu hoje, e o que acontecerá em uma semana.
A prova do vestido, de certa forma, me fez sentir como se tudo... como se tudo fosse mais vivido. Mais real. E mais próximo.
Estava chegando o dia em que eu assumiria o trono, continuando o legado de meu pai. E parece que só agora minha ficha está caindo.
Eu vou me tornar rainha. E o farei com orgulho e total seriedade.
Ah meu Deus! Isso está mesmo acontecendo...?

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Não sei porque, mas eu amo essa capítulo de um tanto, sério, me dá uma vibe muito O Diabo Veste Prada, enfim, aproveitem!!
Bjssss, Sara <3




Não sei porque, mas eu amo essa capítulo de um tanto, sério, me dá uma vibe muito O Diabo Veste Prada, enfim, aproveitem!! Bjssss, Sara <3

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O Preço da CoroaWhere stories live. Discover now