CAPÍTULO 43

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Mais uma semana havia terminado e uma nova começado.
Mais uma semana que eu conseguiria passar.
Mais uma semana sem o meu pai.
Eu estava conseguindo, começava a seguir em frente, embora a imensa falta que ele me fazia, estava tão ocupada e submersa nos meus afazeres que não tinha tempo para me concentrar nisso. O que em parte era bom, mas por outro lado me deixava longe da minha família e amigos. Mal tinha tempo para os ver e aproveitar momentos do dia a dia ao lado deles. E sei que pode ser culpa minha, já que tenho me ocupado mais do que deveria para me manter distraída, nem para os treinamentos de Reynold tenho aparecido.
Essa semana eu não teria muito o que fazer para ser sincera, na verdade, tinha apenas uma entrevista em um programa, afinal, já estavam mais do que na hora do meu povo saber o que acontecerá com eles, sendo assim, como Felix mesmo havia dito, os avisamos que tínhamos informações e novos avisos que precisavam ser divulgados com urgência, não que eles não tivessem nos ligado dia após dia desde o funeral de meu pai.
Nesta quinta-feira compareceria ao programa de Lilian e Gregory, os mesmos que nos entrevistaram antes de sermos mandados até a competição.
Daqui duas semanas seria a minha coroação, e agora, que o palácio estava praticamente inteiro restaurado, minha mãe já começava a organizar tudo. Falei que ela poderia fazer o que quisesse já que ela conhece bem o meu gosto, e confesso que tenho zero paciência para decidir decoração ou o tipo de toalha que usaremos. Por outro lado, minha mãe ama fazer esse tipo de coisa, ela sempre cuidou pessoalmente de todos os bailes que tínhamos, e fazia com prazer, por isso confie tal tarefa a ela, e à Daphne que se dispôs a ajuda-la, e conhecendo minha prima, sei como ama fazer esse tipo de coisa, as duas juntas certamente farão o evento mais grandioso que este reino já teve. Já eu por enquanto, estou ao lado de Reynold enquanto escrevemos cartas aos nossos reinos aliados para que compareçam a minha coroação.
-Será de suma importância sua coroação, principalmente para os nossos aliados te conhecerem.
-Já sei Reynold, você tem me falado isso a semana toda. – Falo enquanto carimbo com o selo real uma das cartas já pronta.
-Grace, eles eram aliados do seu pai, você praticamente terá que reconquista-los, entende? Embora eu ache que a maioria ficará ao seu lado, pode ser que tenho alguns que queiram uma prova de que seguirá os caminhos de seu pai. E por isso, precisamos estar preparados para tudo, está bem? – Ele fala seriamente eu assinto sem ter como discordar.
-Escreveu a carta para Giethorn? – Pergunto a Reynold.
-Já sim, agora acho que só falta de Hallstatt, Clivertown e Monte Bello.
-Já escrevi para Hallstatt. – O aviso pegando a próxima folha. – Escreverei para Monte Bello. – Declaro enquanto já me preparo para começar a escrever.
Reynold achou que seria importante se as cartas fossem escritas a mãe, segundo ele os monarcas se sentiriam honrados, afinal, a futura rainha encontrou tempo apenas para lhes dedicar um mero convite. Pode ser que notem isso, ou pode ser que leiam e então joguem fora sem nem reparar quem escreveu.
-Já está tarde, podemos parar para o almoço. – Reynold falou após alguns minutos desde a nossa ultima comunicação.
-Se quiser pode ir, terminarei essa ultima e então irei. – Falo sem tirar os olhos do papel.
-Não se esquece que você também precisa de pausa, todos precisamos. – Reynold me aconselha já se levantando.
-Eu sei. – Afasto os papeis e levanto meu olhar ao meu instrutor. – É que eu realmente quero acabar isso para ficar livre durante o restante do dia. – Lhe explico e o mesmo apenas sorri minimamente, entendendo o que eu quis dizer.
-Nos vemos no jantar, senhorita. – Ele fala na porta ente um cômodo e o outro.
-Até mais Reynold. – Aceno para o mesmo e então volto aos meus papeis.
Como eu tinha dito, iria apenas terminar essa ultima carta, e foi o que eu realmente fiz. Não faltava muito para que eu conseguisse conclui-la, e assim que o fiz percebi que de fato, era a hora de ter uma pausa. Por isso, deixei tudo como estava e segui para o Salão de Refeições.
Mais uma vez, eu estava ali, naquele imenso salão, sozinha, almoçando uma comida que havia começado a esfriar devido a minha demora.
Eu definitivamente preciso reorganizar os meus horários para que possa combinar lazer e dever. Mal passava tempo com a minha família, mesmo tendo dito a eles que ficaríamos juntos e eu estaria presente em suas vidas, eu, no momento, estava sendo uma péssima filha e irmã.
Ok, não adianta eu ficar me julgando e dizendo que farei algo quando continuo parada sem tomar qualquer providencia.
Sem nem terminar de comer tudo o que estava em meu prato, levanto-me e saio do salão, seguindo pelos corredores até chegar em meu quarto.
Marli não estava presente então fui até o meu closet e peguei a primeira roupa de equitação que eu havia visto.
Uma vez vestida, volto para os corredores e caminho em direção ao meu destino, objetiva e sem pausas.
Eu passaria mais tempo com a minha família de um jeito e de outro, precisava tomar uma atitude o quanto antes possível e parar de enrolar.
Bato na porta do quarto da pessoa que procurava.
-Grace? – Meu irmão diz confuso por me ver bem ali.
-Se arruma, quero cavalgar. – Falo direta.
Sem nem ao menos esperar por sua resposta, o empurro para trás e fecho sua porta em sua própria cara, o dando privacidade para se trocar.
Finalmente teria um tempo especial com o meu irmão. Sentia saudade dele, das nossas brincadeiras e até mesmo das nossas brigas.
-Tá, eu não entendi o que tá acontecendo. – Ele fala enquanto caminhamos lado a lado pelo corredor da ala sul a caminho do estabulo.
-Estamos indo cavalgar. – Falei como se fosse obvio.
-Não, isso eu entendi, mas por quê?
-Porque quero passar mais tempo com você. – Respondo.
-Oh, que fofinha a irmã mais velha se preocupando com seus irmãozinhos. – Ele diz apertando minha bochecha em tom de deboche e eu permaneço com uma expressão fechada.
-Eu me preocupo com vocês, achei que já tivesse percebido.
-Eu só achei... inesperado. – Ele fala com um sorriso leve, parecia calmo, tranquilo, algo que me alegrou muito.
-Sei que tenho estado muito ocupada, e nem aparecido para os treinos eu tenho. Por isso quero recompensar. Essa semana estou mais tranquila, então procurarei passar mais tempo com vocês. – Lhe expliquei.
-Eu acho ótimo. – Falou sorrindo tímido, como se não quisesse admitir que sentia tanta saudade minha quanto aparentava.
-Acho que não vai continuar pensando assim depois que eu ganhar de você em uma corrida de cavalos. – Disse em tom desafiador.
-Ah não, você não fez isso. Está me chamando abertamente para competir em uma corrida? – Dei de ombros sorrindo em sinal afirmativo. – Você não sabe o que fez. – Ele ri maquiavélico e eu reviro os olhos. – Vamos logo, quero ganhar de você o quanto antes para esfregar nessa sua cara feia.
-Sabia que dizem que parecemos gêmeos, não sabe?
-Eu ainda sou mais bonito. – Ele da de ombros.
-E eu mais inteligente. – Rebato. – Mais legal, mais habilidosa, mais velha e-.
-Tá bom, nós dois somos incríveis. – Ele encerra a "discussão" e eu apenas nego com a cabeça rindo da situação.
Sentia falta disso.
Não demorou para que chegássemos aos estábulos e pegássemos nossos cavalos.
O sol estava radiante, e embora meus olhos ardessem pela claridade, o dia não poderia estar mais bonito. As arvores e a grama possuíam um tom de verde vibrante, o céu azul brilhava e os pássaros produziam uma bela e agradável trilha sonora ao fundo, harmoniosa como uma sinfonia. Era o momento perfeito em uma tarde perfeita, e nada poderia estragar esse momento.
-No "já" a gente corre até aquela arvore, pode ser? – Meu irmão sugere e eu assinto, meus olhos já direcionados ao local indicado por ele, preparada para começar a correr.
-Quando quiser. – Disse para que ele comece a contagem regressiva.
-Três, dois-. – Ignoro sua contagem e começo a correr. – Ei! Grace, não valeu! – Ele grita atrás de mim depois de, mesmo no dois, eu já ter saído em disparada a sua frente.
Não me levem a mal, com Henry eu posso fazer isso, e se eu podia, por que não faria? Era ótimo ver sua feição confusa com o que eu estava fazendo enquanto eu já me encontrava muito, muito, mais a frente dele.
Ok, essa sensação que eu tinha ao correr – meus cabelos ao vento, a adrenalina subindo, meu coração saltitando – era incrível, e um ótimo remédio para qualquer tipo de tristeza, podem ter certeza.
-Grace, não valeu! – Meu irmão disse ao nos encontrarmos no ponto de chegada da nossa "corrida".
-Foi mal Henry, é a força do habito. – Digo dando de ombros e ele revira os olhos da minha desculpa fajuta. – Vai dizer que não foi bom correr um pouquinho? – Empurro levemente seu ombro.
-Até que foi. – Cede deixando que um sorriso escapo por entre seus lábios antes que percebesse.
-Sei que gostou. – Disse me sentando de pernas cruzadas naquela grama fofa. – Mas se não quiser admitir tudo bem. – Falei dando de ombros enquanto franzia os lábios.
Ele se senta ao meu lado, as pernas também cruzadas. Sua mão está na grama, onde arranca pedacinhos dela, ele sempre teve essa mania de fazer isso com a grama. Sua mão para, e seu olhar volta para mim. Percebo que não está mais com uma expressão de brincadeira, e noto que tem algo para me falar.
-Poderíamos fazer isso mais vezes? – Pergunta em um tom tão inocente, tão doce que meu coração se derrete, levando-me para os dias de nossa infância, quando éramos só nós dois, apenas duas crianças desbravando o mundo juntas, nem mesmo Ashley era nascida. Eu só tinha Henry ao meu lado, e ele só tinha a mim.
Lembro-me que, por ser a irmã mais velha, sempre fui um espelho para como ele deveria ser, como deveria agir, mas ele nunca reclamou, muito pelo contrario, gostava de ter se parecer comigo, eu era sua inspiração. Tudo o que eu fazia, ele imitava, o que me enfurecia na maioria das vezes, e só agora, depois de adulta, consigo entender como aqueles momentos eram preciosos.
-Faremos isso mais vezes. – Lhe afirmo segurando sua mão. – Eu te amo Henry, não esquece ok?
-O que disse? – Diz fingindo já não lembrar e eu lhe dou um tapa no braço.
-Bobo. – Digo revirando os olhos para o meu irmão.
-Não se preocupa. Não vou esquecer. – Diz voltando ao seu tom um pouco mais sério. – Eu também te amo. – Diz apertando de leve minha mão para que eu entendesse o que ele queria dizer, retribuo o gesto afirmando que captei a informação.
Eu amo a minha família. E é por isso que eu luto, dia após dia, por eles.

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AAAAAAAAAA
Atingimos MIL visualizações na história!!! Muito obrigada gente, de verdade.
Continuem acompanhando a história, ainda tem muito para vir!
Vocês vão amar, disso eu tenho certeza.
Bjsss, Sara




Bjsss, Sara

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O Preço da CoroaWhere stories live. Discover now