CAPÍTULO 42

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Sabe, ultimamente tem sido difícil, sei que as coisas não melhorariam de uma hora para a outra, mas pelo menos tem sido um pouco mais... suportável.
Depois do velório, e de tudo aquilo que aconteceu com a minha família, alguns funcionários apareceram e disseram que dois andares do palácio já haviam sido renovados, um dos andares era o qual haviam os nossos quartos, e os de hospedes, ou seja, praticamente todo mundo voltou para o palácio. O que foi ótimo, estava morrendo de saudades do meu quarto e da minha cama e do palácio em si. Finalmente podia relaxar em uma banheira e deitar-me em uma cama macia.
Marli já estava em meus aposentos quando chegamos e foi maravilhoso ter aquele gostinho de como era a minha vida antes de tudo o que aconteceu. Era quase como se tudo não passasse de um sonho distante e irreal, e agora, eu estava apenas aproveitando mais uma tarde no meu quarto, comprimindo meu deveres e preenchendo minha tarde de afazeres, nada fora d aminha rotina. Mas não, essa não era a realidade e eu precisa, com urgência, aceitar.
Dois dias depois eu estou aqui, mais uma vez na porta do quarto de Daphne a procurando para podermos conversar e me distrair um pouco.
Tenho feito muita coisa desde que cheguei. Agora passo a maior parte do meu dia em um escritório com Reynold e outros conselheiros resolvendo tudo o que faremos assim que eu assumir a coroa, principalmente me questão da guerra que vem acontecendo e que ainda não acabou. Mas preciso de descanso, ainda sou humana, e quem melhor do que minha prima que é quase uma irmã, e também uma das minhas melhores amigas?
-Grace? – Minha prima questiona confusa ao me ver parada em frente a sua porta. – O que faz aqui?
-Desculpe sem vim em péssima hora, mas só queria ficar com alguém. – Lhe explico relutante. – Não temos mais passado tempo juntas desde que voltei da ilha, e estou com saudades. – Comprimo os lábios.
-Ah, eu também, não tem ideia de como sinto sua falta. – Ela me puxa rapidamente para um abraço apertado que eu faço questão de retribuir rapidamente.
Assim que nos desvencilhamos, ela me puxa sem demora para adentrarmos seu quarto.
-Por favor, me conte as novidades, mesmo que seja a coisa mais fútil possível. – Falo já me sentando em sua poltrona enquanto ela fica deitada na cama.
-Não temos tido treinos, mesmo que a arena foi restaurada. – Ela começa. – Não tenho visto os gêmeos, nem Felix. E estou morrendo de vontade de conhecer seus amigos da arena, faça o favor de me apresentar a eles. – Diz em tom autoritário e eu dou de ombros.
-Só isso? – Pergunto quando ela não continua a falar.
-É...
-Daphne, eu te conheço, o que mais aconteceu? – Pergunto desconfiada, mas mantendo um sorriso travesso.
-Eu realmente não sei como te contar isso. E antes que me julgue, só não contei antes por tudo o que estava acontecendo, achei que seria inapropriado. – Ela diz enrolando o que tem para contar.
-Daphne, independente do que seja, você sabe que sempre irei te apoiar, então, diz logo.
-Eu e Peter estamos namorando. – Ela sussurra quase inaudível, mas ainda assim consegui escutar.
-O que?! – Meus olhos se arregalam e a mesma fica mais corada que nunca. – Daphne respira, e fala devagar. – Peço já subindo na cama ao seu lado.
-Ok, eu e o Peter estamos... namorando. – Ela fala pausadamente, morrendo de vergonha a cada palavra.
Daphne esconde seu rosto em uma almoçada, e percebo o quão vermelha está com a confissão.
-Ah meu Deus. Eu sabia. Eu sabia! Eu te disse que ficariam juntos. – Falei extasiada enquanto a balançava.
-Uau, você é vidente. – Ela debocha e eu reviro os olhos.
-Mas como isso aconteceu? Quero cada detalhe. – Peço agitada à minha prima.
-Foi na primeira semana depois que você foi em bora.
-Entendi, foi só eu ir em bora que a desordem se instaurou nesse palácio e você se tornou rebelde é?
-Muito engraçada. – Daphne ri falsamente e eu reviro os olhos. – Ele estava me consolando. – Ela me corrige.
-E que consolo. – Comento e recebo um tapa no ombro logo em seguida. – Que foi?! Ele te ajudou muito bem, só estou dizendo. – Ergo as mãos demonstrando ser inocente.
-Enfim, eu estava triste por sua partida, e Peter e eu já estávamos próximo daquele jeito, você sabe. E já tínhamos nos beijado uma vez outra vez-.
-Perdão? – A corto chocada com a revelação. – Como assim vocês já tinham se beijado? Quando isso?
-No baile do seu noivado, mas acabei me esquecendo de te contar por causa de tudo o que houve depois dele, você se lembra, foi uma loucura aquela semana, todos estavam se organizando para a sua partida e você não parava de treinar. – Ela explica.
-Ok, agora continue. – Peço ansiosa.
-Bom, depois simplesmente estávamos juntos, nem sei como explicar muito bem, foi meio indireto, nós dois apenas sabíamos o que éramos a partir de certo momento. Antes era em segredo, apenas Alicia sabia, mas agora, depois de todos os acontecimentos, não tem mais o porquê de esconder. – Ela explica e eu não consigo controlar um sorriso bobo ao ver minha prima apaixonada.
Era totalmente visível em seu olhar, o jeito como brilha ao pronunciar o nome de Peter, ou o tom de sua voz ao contar quando os dois "oficializaram" tudo, é totalmente claro para mim o quanto ela gosta dele, e vice-versa.
-Por que está me olhando assim? – Daphne pergunta rindo de nervosismo.
-Não sei, só acho adorável ver você apaixonada. – Digo e posso ver suas bochechas adotarem um tom mais rosada que o normal.
-Mas você também não pode falar nada. – Franzo o cenho com sua fala. – Eu vejo o jeito que olha para Felix. Quem diria, hum? Do ódio ao amor. E pensar que você falou tão mal dele para Alicia e eu. – Ela ri com tal contestação e eu permaneço boquiaberta.
-Daphne, acho que o amor te deixou um pouco zonza para estar falando tais idiotices. – Ela me encara desacreditada.
-Ah por favor Grace, sou eu, não precisa fingir, sei que algo mudou entre Felix e você. E não me venha com esse papo de "Ah, agora estamos nos tornando amigos" – Ela imita minha voz de forma ridícula e extremamente irritante.
-Primeiro, eu não falo assim. E segundo, por um lado você pode estar certa, nos beijamos ok? Na arena e antes de irmos para ela, mas isso não significa muita coisa.
-Primeiro, fala sim. E segundo, como não significa? – Ela imita minha frase.
-Simplesmente não significa. Além de que eu não tenho tempo para ter uma vida amorosa no momento, e de qualquer jeito Felix e eu nos casaremos depois que ele assumir a coroa, então, não faz questão eu gostar ou não dele.
Eu posso estar mentindo? Sim. Algo pode estar crescendo na minha relação com Felix? Também sim. Porém eu realmente não quero pensar sobre isso agora. Tenho vivido e passado por tanto motivos que minha vida amorosa não – nem de perto – em uma das prioridades. Quando essa guerra acabar, eu começo a resolve-la.
-Que mania chata que você tem de negar seus sentimentos para si mesma. – Daphne cruza os braços.
-Eu só não quero falar sobre isso ok? Tenho muita coisa em mente, e a minha relação com Felix não é uma delas. – Lhe explico tentando ser o mais sincera possível.
-Está bem. – Ela cede. – Quando estiver pronta não hesite em me procurar e me contar.
-Pode deixar. – Acabo concordando.
-Vamos chamar Alicia, podíamos ter uma noite das garotas, não? – Daphne começa a se empolgar com a chance de termos uma das nossas famosas noites preenchidas de conversas e risadas, algo que não fazíamos a muito, muito tempo. – Claro, se vossa majestade não estiver ocupada. – Ela diz com uma reverencia exagerada.
-Acho que posso abrir uma exceção para vocês. – Falo com um falso olhar de arrogância.
-Mas que privilegio será ter minha suserana dormindo no mesmo teto que eu. – Diz com exagerada com a mão no peito enquanto enxuga lagrimas falsas.
-Meu Deus Daphne. – Riu junto dela. – Ok, ok, poderíamos chamar Claire também, o que acha? – Sugiro.
-Quem é Claire?
-É uma garota que eu conheci na ilha, inclusive faz tempo que eu não a vejo, mas pelo o que eu soube ela já saiu da ala hospitalar.
-Calma, o quê? – Daphne questiona confusa com as informações que dei.
-Claire é uma garota da nossa idade que eu conheci na ilha, nos tornamos amigas, ela me ajudou em muitos momentos difíceis, e acabamos passando muito tempo juntas. Você vai ama-la, pode ter certeza. – A garanto.
-Sendo assim, vamos chama-la. Quem sabe não viramos um quarteto? – Daphne também se anima para conhecer a garota.
-Vou pedir a alguma funcionária para que as chame está bem? – Daphne apenas assente a minha fala enquanto eu sigo para a porta onde sempre há alguém do lado de fora, seja um guarda, seja uma das criadas.
Dou os nomes a um guarda que passaria para uma das servas e então volto para o quarto de Daphne onde começamos a organizar tudo para a chegada das meninas.
Estava sendo excelente passar esse tempo com a minha prima. Fazia tempos que não me divertia dessa maneira, ou permanecia por um período tão longo de tempo relaxada dessa forma. Era agradável, o momento e a pessoa.
Após alguns minutos de esforço e conversa, Daphne e eu nos deitamos mais uma vez em sua cama e começamos a falar sobre as coisas mais aleatórias que se possa pensar, mas no final, como sempre, valeu a pena.
Não estávamos deitadas a muito tempo quando escutamos algumas batidas na porta.
-Pode deixar que eu abro. – Daphne se prontificou já em pé. – Oi, você deve ser a Claire, certo?
Escuto a conversa e então me levanto e sigo em direção a porta para receber Claire, já que ela provavelmente acharia estranho Daphne – alguém que ela não conhece – estar a recebendo.
-Claire! – Falo empolgada ao vê-la na porta e lhe dou rapidamente um forte abraço. – Senti sua falta. Me perdoe por não ter ido até a ala hospitalar outras vezes. – Lhe digo ao nos separarmos.
-Não se preocupe, Grace, sei como esteve ocupada, você sabe, as fofocas correm rápidas em palácios. – Ela diz com um sorriso tímido.
-Sou Daphne, prima da Grace. – Daphne ofereceu-lhe a mão como forma de cumprimento.
-Claire. – A garota se apresentou apertando a mão de minha prima. – Grace me falou muito sobre você.
-Espero que coisas boas. – Minha prima disse tornando seu olhar a mim.
-Bom, se ela não mentiu, acredito que seremos ótimas amigas. – Claire sorri dócil como sempre, suas covinhas a mostra e suas bochechas coradas levemente pela vergonha de conhecer pessoas novas.
-Alicia deve estar chegando. – Falo as duas garotas.
-Ela sempre se atrasa. – Daphne diz bufando. – Enquanto ela não chega, conte um pouco mais sobre você Claire. – Daphne pede simpática.
-O que quer saber? – Claire perguntou simpática, estava disposta e bastante contente com a conversa alegre e confortável que se instaurava naquele quarto.
-Ah, conte sobre você, de onde é, o que gosta de fazer, não sei. – Daphne da de ombros sem deixar o sorriso se esvair de seu rosto. – Sinto que seremos de fato boas amigas, por isso quero te conhecer, claro, se não for invasão de mais da minha parte.
-Não, não, fica tranquila, não é invasão. – Claire se apressa a dizer. – Sou de Monte Bello, não tenho irmãos, apenas Samuel que é quase um para mim, sempre vivemos juntos. Também sou a herdeira do trono. Quando tenho tempo livre, gosto de ir à praia. Meu palácio fica muito próximo do mar, que por sinal é belíssimo. O por do sol de lá é uma das melhores visões que você terá em sua vida, pode ter certeza. E tenho a pintura e a enfermagem como os meus hobbies preferidos. – Ela diz simples e calma.
-Não sabia que gostava de pintar. – Falei trocando um olhar com ela. E antes que seja capaz de me dizer qualquer coisa, uma batida na porta ressoa.
-Provavelmente Alicia. – Daphne diz se levantando e seguindo até a porta. – Até que enfim. – Disse depois de ver quem era. – Pensei que chegaria só amanhã. – Falou dando espaço para que a morena pudesse entrar.
-Quando me avisaram eu tinha acabado de lavar o cabelo, e sabe como gosto de cuidar do meu cabelo.
-E demorou quarenta minutos para arruma-lo? – Daphne pergunta desacreditada.
-Sim. – Alicia respondeu como se não fosse nada de mais.
-Isso é o que eu chamo de amor verdadeiro. – Daphne disse a ela.
-Claro, meu amor sempre será ao destinado ao meu cabelo. – Ela sorri enquanto toca no próprio cabelo. – Oi, você eu não conheço. – Diz ao ver Claire sentada em uma das poltronas.
-Oi, sou Claire. – Ela se levanta e cumprimenta Alicia. – Inclusive, seu cabelo é realmente lindo, o tempo vale o resultado. – Ela diz.
-Já gostei dela. – Alicia diz seriamente para Daphne e eu, fazendo com que todas ricemos de sua fala.
-Então sobre o que querem falar? – Pergunto agora nós quatro já estávamos juntas.
-Assim, se não fosse ruim ou traumático de falar, queria saber como foi na ilha. – Daphne diz cautelosa. – Afinal vocês duas estiveram lá juntas, devem ter passado por muitas coisas suponho.
-É, acho que sim. – Troquei um olhar sugestivo com Claire.
-Podem nos contar, então, se for confortável, é claro. – Alicia disse apoiando o rosto entre as mãos.
-Por mim está tudo bem. – Claire declarou e voltou seu olhar para mim.
-Por mim também. – Concordei. – Por onde começamos? – Falo mais para mim do que para elas.
-Assim que chegaram na ilha. – Alicia sugere e Daphne assente freneticamente em concordância.
-Quando chegamos não demorou muito tempo para que acabássemos nos encontrando. – Comecei intercalando o olhar entre as três. – O primeiro dia foi bem difícil.
-Não tínhamos água e precisamos fugir e lutar, era impossível conciliar as duas coisas. – Claire continua. – Por isso que em um dos muitos conflitos que tivemos, grace se machucou e cortou o quadril. – Daphne e Alicia arregalam os olhos imediatamente.
-Um cara que tinha habilidades de gelo me rasgou com uma estaca, daquelas que você faz Daphne. – Me viro para a minha prima. – Até hoje eu tenho a cicatriz. – Levanto minha blusa levemente, e também abaixo minha calça para que possam ver.
-Ah meu Deus. – Daphne diz aterrorizada.
-E como resolveram isso? – Alicia pergunta entrando na história.
-Claire basicamente me salvou. – Respondi.
-Não foi bem assim.
-Está sendo modesta. – Disse a garota ao meu lado.
-Eu já me formei em enfermagem, por isso sabia as plantas certas que formariam um remédio natural e ajudariam na cicatrização. – Ela explica as outras duas.
-Depois disso acabamos conseguindo encontrar uma cachoeira, mas aí eu apaguei, porque meu machucado estava sangrando e eu perdendo energia, já que não tínhamos água.
-Porque ela foi teimosa e não contou pra gente, esse foi o problema. – Claire me corrige e eu reviro os olhos. – Tanto que ficou apagada por quase três dias. – Ela acrescenta.
-Mas no final deu tudo certo, porque depois da primeira semana, a qual eu estava proibida de me levantar. – Viro-me para Claire durante a frase. – Voltamos a ativa.
-Foi aí que encontramos os nossos outros aliados. Uma semana depois eu e Grace encontramos o "covil" inimigo e não demorou muito tempo para que surgisse um plano e os atacássemos.
-Então vocês venceram? Mataram todos? – Daphne junta tudo.
-Sim, no final sim. – Respondo.
-A Grace até tentou se sacrificar para matar aqueles terroristas. Ela literalmente morreu, mas depois voltou, e agora está aqui com a gente. – Claire conta e as meninas apresentam feições confusas.
-Eu usei uma grande quantidade de energia e não fui capaz de suportar, por isso apaguei, mas não me peçam para explicar como sobrevivi, isso nem eu sei. – Lhe adianto antes que perguntem.
-Resumidamente foi isso. – Claire conclui me olhando para confirmar.
-É, foi isso. – Disse por fim me voltando para as meninas.
-Caramba, vocês passaram por muita coisa. – Alicia disse enquanto tomava um gole d'agua.
-Olha que a história foi passada bem por cima. Não contamos todos os problemas e dificuldades que enfrentamos, nem como foi cada luta, ou as brigas que surgiram entre nós. Enfim, tem muita coisa para contar ainda, mas isso vamos falando aos poucos ok? – Acrescentei a elas.
-Nem imagino como se sentiram ao perceberem que venceram. – Daphne fala distante como se tentasse entender o que se passou pela nossa mente em um momento como aqueles.
-Foi extraordinário, mas também assustador. – Claire disse me olhando de soslaio.
-Embora tenha sido a pior experiência da minha vida e podem ter certeza, jamais irei querer repetir, sinto que foi importante para alguns aprendizados em minha vida.
-Acredito que toda situação que passamos, seja boa ou ruim, tem algum proposito. – Alicia diz a todas nós com um tom mais sério do qual costuma usar.
-Eu espero. – Falei em meio a uma risada nasal.
-Já sabe quando assumirá a coroa? – Claire pergunta a mim.
-Provavelmente na metade do mês que vem. – Lhes digo. – E mesmo que falta uns bons dias ainda, já sinto toda a pressão recair sobre os meus ombros, há tanta coisa a ser feita, não sei como lidar com tudo, como conciliar tudo.
-Grace, sei que isso talvez não ajude muito, e você também tem a sua família, mas lembre-se, você também tem a nós, então, para o que precisar, pode nos chamar. – Daphne afirmou segurando a minha mão.
-Podem ter certeza, as chamarei. – Falei rindo levemente. – E ajuda sim, afinal, mais um problema resolvido, já sei quem chamar para assinar todas as minhas papeladas em meu nome. – Brinco com elas que apenas riem incrédulas com a minha fala.
Durante o resto da noite conversamos sobre coisas fúteis e fomos nos conhecendo cada vez mais.
Claire nos contou tudo sobre o seu reino, seus costumes e cultura, coisa que achei interessantíssima, assim como as meninas. Depois, os papeis inverteram e foi a vez de eu, Daphne e Alicia contarmos sobre o nosso reino.
Quanto mais entardecia, mais estranhas as conversavam se tornavam. O sono nos alcançava e chegou um ponto que falávamos nada com nada, apenas abríamos a boca e deixávamos que palavras escapassem.
Confesso que não me lembro quando dormi. Sei que estávamos já de pijamas, cada uma em sua cama, conversávamos sobre algo, não me lembro o que, mas era algo que certamente não falaríamos se não estivéssemos com sono.
Só eu que me sinto um tanto grogue quando estou um tanto sonolenta?
De qualquer jeito, valeu a pena. A noite de ontem me distraiu de uma forma que coisa alguma teria conseguido fazer. Foi ótimo passar aquele tempo com as minhas melhores amigas. Me fazia sentir como se tudo estivesse bem, sem preocupações, sem afazeres, sem dores de cabeça e ansiedade. Apenas quatro jovens que se divertiram juntas. Apenas isso. Teríamos que repetir mais vezes noites como essas. Era uma sensação boa, confortável, era algo completo.
E mesmo assim, cá estava eu, em mais uma manhã frustrante, já me esquecendo da ótima sensação sentida ontem a noite enquanto tinha um ótimo tempo com as minhas melhores amigas, e a trocando pelo sentimento de sobrecarregamento.
Obviamente não deixaria que isso transparecesse. Ergo a cabeça, abro um sorriso e checo outra vez como está minha aparência enquanto estava sentada naquela imensa cadeira que um dia já pertenceu ao meu pai. Me preparando para a próxima reunião afinal, a vida não pode parar.
-Há quê eu devo a honra senhores?




-Há quê eu devo a honra senhores?

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O Preço da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora