CAPÍTULO 44

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Acho que eu não consigo respirar.
-Mãe, está muito apertado. – A aviso, ainda de pé no tablado onde visto meu vestido deslumbrante para a entrevista que terei com Lilian e Gregory esta noite.
-Mas filha, é o estilo do vestido. – Minha mãe contradiz.
-Mas eu não consigo respirar. – Rebato e ela bufa irritada.
-Está bem. Marli, consegue afrouxar um pouco mais o espartilho? – Minha mãe acaba cedendo.
Marli prontamente a obedece e fica atrás de mim segurando as duas fitas do vestido e as afrouxando. Suspirando imediatamente, meu sangue finalmente voltando a correr pelas minhas veias.
-Bem melhor. – Digo.
-Acha que consegue apertar um pouco o quadril e deixar a parte das costelas mais frouxa? – Minha mãe pergunta a Marli enquanto anda entorno de mim, procurando qualquer mínimo vestígio de falha no vestido.
-Não! – Intervenho. – Nem pensar, meu quadril está marcado o suficiente e eu preciso respirar. – Lhe explico. – Não sei se sabe, mas eu sou humana e preciso de oxigênio para sobreviver.
-Quanto drama Grace. – Catherine, minha mãe, reclama.
-Quer trocar de lugar? – Sugiro arqueando uma das sobrancelhas e minha revira os olhos.
-Deixaremos assim então. – Ela fala e eu me alivio. – Podemos começar a preparar o cabelo, hum? – Diz se voltando para Marli e as outras assistentes de maquiagem e cabelo que estavam presentes em meu quarto que agora se parecia mais com um provador de loja do que com o meu quarto.
-Podemos começar sim. – Marli assente.
-Ok, vamos Grace, não podemos nos atrasar. – Minha diz me dando a mão e ajudando-me a descer do tablado. – O vestido ficou perfeito, querida.
-Falei que não precisava de tantos ajustes. – Repliquei.
-Está perfeito por causa dos ajustes meu bem. – Ela retruca e eu bufo. – Ah, esqueci-me dos brincos. – Ela fala de repente ao olhar minha orelhas.
-Pegue qualquer um na minha caixinha. – Aponto para a minha penteadeira, em cima dela havia uma caixinha de madeira adornada com fios de ouro e pequenos pontos brilhantes.
-Não, eu havia separado alguns que eram meus, acabei deixando em meu quarto. – Ela diz agitada se direcionando para a minha porta. – Os pegarei e já volto. – Ela assegura-me antes de fechar a porta atrás de si e seguir pelo corredor.
Acabei rindo da cena assim que ela saiu.
Minha mãe é realmente impossível. Acho que ela acaba ficando mais nervosa que eu para esses tipos de evento, mas, em parte, é engraçado, bom, até o ponto em que não começa a enlouquecer e me esmagar dentro de vestidos.
-Minha mãe está mais ansiosa que eu, percebeu? – Falei me direcionando a Marli.
-Sabe como ela é, senhorita. – Marli diz rindo levemente.
-Pode acreditar, eu sei. – Falei voltando a rir.
-Já quer começar seu cabelo? – Marli sugere.
-Claro, melhor agora, antes que minha mãe chegue e queira palpitar em absolutamente em tudo. – Disse humorística e Marli apenas negou com a cabeça enquanto tentava conter uma risada.
Sigo até a cadeira onde me sento.
-O que faremos dessa vez? – Marli me pergunta.
-Não sei, pensei em algo estilo-. – Corto minha própria voz ao ouvir batidas em minha porta.
Olho com o cenho franzido para Marli, como se perguntasse se ela sabe se alguém viria até o meu quarto. A mais velha apenas retribui o olhar, tão confusa como eu. Faço um sinal para que Marli e as outras servas fiquem em seus lugares e sigo eu mesma para receber a pessoa.
-Felix? – Indago surpresa ao ver o garoto loiro a minha frente.
-Grace. – Ele sorri.
-O que faz aqui? – Pergunto contente, porém curiosa, com a sua presença.
-Vim te visitar. – Responde simplista. – Afinal, você nem mais é vista pelos corredores.
Riu cruzando os braços com sua fala e lhe dou espaço para entrar.
-Realmente não tenho feito muita coisa além de ficar no meu quarto ou no escritório – Começo. – Mas essa semana tenho procurado ficar mais com os meus amigos e família. Antes de ontem estive cavalgando com o meu irmão, inclusive. Já hoje, bom, como pode ver tenho a minha entrevista. – Falo apontando para mim mesma e o vestido que usava.
-Posse ver. – Ele responde entrando em meu quarto. – Senhora Marli, que prazer revê-la. – Fala galanteador mudando totalmente sua personalidade e expressão ao se dirigir até ela, o que me faz abrir levemente a boca em surpresa, além do olhar comum de repreensão.
-Oh, senhor Schulz, é ótimo revê-lo também. – Ela retribui o seu cumprimento, o mesmo sorri com um aceno de cabeça para a mais velha.
-Como é falso. – Digo negando com a cabeça e o fitando com incredulidade. – Não caia no papo dele Marli, essa gentileza exagerada não passa de fingimento barato.
Felix, contudo, me encara indignado após minha fala, como se realmente estivesse ofendido, a não ser pelo sorriso e olhar brincalhão.
-Sou gentil, mas apenas com quem merece. – Ele me corrige.
-Sim, sim. – Dou de ombros. – O que veio fazer aqui? – Pergunto mais uma vez.
-Está vendo Marli? É disso que eu estou falando. – Fala fingindo repreensão ao lado de Marli. – Eu, como seu querido noivo, venho visita-la e é assim que me recebe? – Ele junta as sobrancelhas fazendo uma feição abatida.
-Por Deus Felix, pare com isso. – Falo já rindo.
-Ok, ok, falando sério, eu realmente vim aqui só pra conversar com você. – Diz um pouco mais sério, sem toda aquela atuação patética ou qualquer coisa do tipo.
-Podem nos deixar a sós por um segundo por favor? – Peço as mulheres ali presentes. Todas assentem e vão se retirando uma por uma, incluindo Marli. – Então. – Me viro novamente para Felix. – O que queria falar? – Pergunto.
-Nada de mais, só queria checar se estava bem, afinal, você não tem aparecido para... vejamos...? Nada. – Diz direto.
-Nem eu estou aguentando mais. – Sento-me em um dos divãs enquanto Felix permanece em pé. – No início foi mais para me distrair da morte do meu pai, sabe? Mas agora eu só estava indo no automático.
-Pausas são necessárias de vez em quando.
-Sei disso. Estou pegando mais leve essa semana.
-Sugiro então que tente aproveitar essas ultimas duas semanas. – Ele aconselha e eu continuo o encarando com uma feição interrogativa. – São suas duas ultimas semanas como uma garota "normal". – Ele faz aspas com os dedos. – Depois que se tornar rainha, não poderá fazer tudo o que sempre fez, e, aí sim, o trabalho de verdade começa. – Ele explica.
Não tinha visto por esse lado até agora. Ele tem razão. Preciso começar a aproveitar essas semanas enquanto posso.
-Acho que depois da sua coroação tudo vai mudar. – Ele fala pensativo tirando seus olhos de mim. – A guerra de fato começará, resgataremos sua irmã, e é o primeiro passo para que eu também me torne rei. Isso é estranho. – Acrescenta me fazendo refletir.
-É, eu com certeza preciso aproveitar essas semanas. – Concluo em alta voz após alguns segundos.
-Bom, acho melhor eu já ir, daqui a pouca suas criadas arrancarão minha cabeça por ter atrapalhado sua rotina de embelezamento. – Satiriza e eu comprimo os lábios contendo um riso.
-É bem possível. – Falo já o acompanhando até a porta.
-Participe do treino amanhã, ok?
-Vou tentar. – Afirmo a ele que sorri minimamente de lado.
-Agora eu realmente já vou. – Ele fala e antes que eu possa dizer qualquer coisa, sinto seus lábios no canto de minha boca. Como se fosse me dar um beijo na bochecha mas "sem querer" acabasse tocando próximo de mais dos meus lábios.
Mais uma vez sinto como se não conseguisse respirar, e não é por estar sendo sufocada por um vestido.
Ele apenas sorri de canto, tendo total ciência do que fez, e do efeito que causou em mim, mas preferindo fingir inocência.
-Até mais, Grace. – Fala por fim com o seu sorriso maroto.
-Até mais, Felix. – Retribuo com a mesma moeda.
Assim que a porta se fecha, me permito corar e pensar sobre aquilo. Não sei bem o que é, devo confessar, mas gosto, disso eu tenho certeza.
Me assusto ao perceber o sorriso bobo que se formou em meus lábios.
Sou tirada dos meus pensamentos com a porta sendo aberta abruptamente mais uma vez. Viro-me assustada com o barulho.
-Estamos atrasadas filha! Precisamos terminar de te arrumar o quanto antes. – Minha mãe entra como um furacão pelo quarto, sendo acompanhada por Marli e as outras garotas que estavam ajudando em toda a minha produção.
Não foi necessário nem uma hora completa para que eu já estivesse pronta.
Meu vestido bege era cheio de camadas na bainha do vestido, contudo acentuava totalmente a minha cintura. Meu cabelo foi preso em um rabo alto e usava apenas os brincos separados por minha mãe.
Confesso que estava me sentindo mais poderosa que nunca com essa roupa. Dessa vez, devo admitir e entregar o credito a Marli e sua assistentes, elas se superaram.
-A limusine já está esperando senhora. – Uma funcionária avisa minha mãe que assente, sua agitação continuando a mesma.
-Bom filha, está tudo pronto. – Ela se volta para mim. – E você também. – Acrescenta tocando delicadamente em minha bochecha
-Acredito que sim. – Replico.
-Então já podemos ir. – Ela afirma, mas mesmo assim, eu assinto, apenas confirmando mais para mim mesma que para ela.
Saio do meu quarto acompanhada de minha mãe e Marli, que ficariam comigo até que eu chegasse à limusine.
Era um caminho, em teoria, curto, mas que demorou muito mais que o esperado devido aos altíssimos saltos que eu usava e dificultavam a minha caminhada, sem contar na minha mãe que arrumava o vestido a cada um minutos afirmando que estava amassando.
Ela definitivamente estava nervosa para esta noite.
-É aqui que eu me despeço de vocês. – Me virei para as duas que me seguiram até aqui.
-Boa sorte filha. – Minha mãe diz dando-me um beijo na bochecha.
-Tenho certeza de que se sairá bem senhorita. – Marli acrescenta e minha mãe sorri com o comentário, provavelmente partilhando do mesmo pensamento.
Dou as costas para as duas, agora de frente para as portas do palácio, seguindo em direção ao me novo destino.
O caminho não era longo, e mesmo a cidade sendo um tanto distante do palácio, não foi necessário muitos minutos para que chegássemos até aquele mesmo estúdio que eu e Felix havíamos estado meses atrás.
Nossa, nem parecia que já haviam se passado praticamente dois meses desde que soubemos sobre tudo o que aconteceria em nosso futuro.
Sinto como se em um dia estivesse descobrindo sobre o meu casamento arranjado, e no outro, estou assumindo a coroa.
Já na entrada do estúdio havia uma multidão de pessoas. Não fazia ideia de que estavam tão empolgados com a minha chegada. Inúmeros cartazes foram escritos e agora eram erguidos pelas pessoas enquanto eu passava com aquela enorme escolta de carros. Havia até algumas crianças que vestiam o mesmo uniforme que usei na arena.
É surpreendente como, até de momentos horríveis como foram os que passei na arena, conseguem tirar algum proveito, transformando isso em produtos comerciais. Confesso que nem sei o que pensar sobre isso.
Assim que estacionamos e eu apareci pela primeira vez do lado de fora, muitos gritos e aplausos foram ecoados. Era gratificante ver quanto o meu próprio povo me ama. As vezes eu esqueço, principalmente depois de tudo o que houve, mas para eles, sou como uma heroína que se sacrificou em seus lugares, porque foi o que houve. Para que homens, cidadãos inocentes, não tivesse que ir a guerra, eu fui. Vendo dessa forma até que dá para entender o porquê de todos esse clamor apenas com a minha primeira aparição.
Não pude tirar fotos ou dar autógrafos, mas pelo menos acenei para todos enquanto caminhava até a entrada do estúdio.
Era ótima essa sensação de ter um povo. Fazia com que eu me sentisse poderosa, e eu gostava muito dessa sensação, afinal, eu tinha voz, tinha um reino, tinha pessoas que me apoiavam e estavam do meu lado. Já era um começo, um ótimo começo.
Sorri para mim mesma com tais constatações.
Adentrando o estúdio, fui recebida com honraria e prestigio por todos presentes. Podia ver como a equipe do estúdio estava empolgada por me ter ali, e em como os próprios apresentadores estavam um pouco mais eufóricos do que o normal.
Não troquei muitas palavras com ninguém, apenas alguns acenos singelos, já que assim que cheguei fui levada a uma espécie de camarim onde esperaria até ser chamada para que o show realmente começasse.
-Cinco minutos vossa alteza. – Uma funcionária fala passando por mim em meio a um reverencia.
Sorri e assenti já me levantando e me preparando para a minha deixa.
Não estava tão nervosa quanto antes. Me sentia um pouco mais confiante, e mesmo assim queria que Felix, ou o resto da minha família, estivesse aqui comigo hoje.
Mordo levemente o lábio inferior tentando me conter com esses pensamento. Não era para eu estar tão absorta ao lembrar-me dele. E sinceramente, isso era ridículo.
Respiro fundo, inspirando e expirando uma grande quantia de ar para que me focasse no que estava prestes a acontecer, não em um certo loiro que está começando a causar um efeito não esperado em mim.
-...Senhoras e senhores, é com honra e enorme deleite que chamamos nossa futura rainha, Grace Fernsby! – Ouço a voz de Gregory me anunciando.
Ok, estou pronta, é agora.
Relembro uma ultima vez antes de sair da cabine, ou camarim, que estava.
Ao sair, uma onde de aplausos e gritinhos foram ressoados. Sorri abertamente, genuinamente contente por essa recepção tão calorosa.
Aceno por todos o caminho que passo enquanto as câmeras focam especialmente em mim.
Isso é bom, muito bom, a noite já começou com o pé direito.
Sigo até chegar à frente de Lilian e Gregory. Aperto a mão dos dois, os cumprimentando com mais sorrisos simpáticos.
-Ah, como é maravilhoso tê-la mais uma vez conosco, minha querida Grace, um grande privilegio devo dizer. – Gregory inicia assim que as pausas se cessam e nós três nos sentamos naquelas cadeiras para o talk show.
-Seja muito bem-vinda, estávamos ansiosíssimos com esse dia, nós e toda a população, acho que já deu para perceber. – Lilian completa em meio a uma risada.
-Também incrível para mim. Estar novamente aqui é maravilhoso, e obrigada a todas as pessoas que desde lá de fora tem me recebido dessa forma tão...energética. É simplesmente de mais estar em contato com todos vocês mais uma vez. – Falo e mais aplausos ecoam o set de filmagem.
-Pode ter certeza, se você está aproveitando, não tem noção de como estamos. – Gregory fala e nós três rimos.
-Mas agora vamos ao que interessa, hum? – Lilian da início as perguntas. – Acho que todos aqui querem saber como está se sentindo em relação a sua coroação, eu particularmente estou curiosa com a sua resposta.
Pigarreio um pouco então encontro a minha resposta.
-Certamente eu não queria que essas fossem as circunstâncias para que eu assumisse o trono. Eu nem saberia o que dizer sobre o que aconteceu com o meu pai. E bom, estou sem ele para me aconselhar e passar por tudo isso. Confesso que muitas vezes fiquei ansiosa, nervosa, receosa, mas, sei que, desde sempre, esse foi o maior desejo de meu pai. Ele, mais que todos, sempre quis que, um dia, eu me tornasse rainha, e é por ele, e pela minha família, que arcarei com minhas responsabilidades e reclamarei a coroa com louvor. É o meu dever e estarei muito honrada em faze-lo. Mesmo com o momento que estamos passando, principalmente com o momento que estamos passando. – Me corrijo. – O nosso país está sem governante e uma guerra preste a eclodir, é mais do que a minha obrigação assumir o meu lugar por direito. – Digo por fim.
-É, de fato, louvável o que tem feito, Grace. Muitas pessoas que passaram pelo o que a senhorita passou, não conseguiriam seguir em frente, colocar a razão ao invés da emoção, especialmente em situações que precisam ser resolvidas com sabedoria e discernimento. – Lilian disse tênue e eu apenas concordei com a cabeça.
-E por que esse nervosismo todo para assumir a coroa? – Gregory da continuidade.
-Acho que é porque eu quero ser uma rainha tão boa, tão justa, quanto o meu pai foi. Quero seguir seus passos, aprender com o seus próprios erros e tentar arranjar soluções. E, sobretudo, alcançar a paz, que foi o que ele sempre almejou. – Respondo certa do que falaria. Havia repassado perguntas assim milhares de vezes em minha mente, e encontrado mil e uma respostas diferentes.
-Acho que todos almejamos essa paz que seu pai, o nosso amado rei, desejou por toda a sua vida. Esperamos do fundo do coração que a senhorita seja capaz de terminar o que ele, um dia começou. – Gregory fala e eu sorrio complacente para eles.
-Espero o mesmo. – Falo com uma risada nasal.
-Bom, agora vem algo um pouco menos sério, mas que continua sendo de suma importância... – Gregory diz fazendo uma pausa antes de falar para que causa um suspense entre o publico. – O seu noivado ainda continuará? Felix ainda está aqui no reino? Dê-nos uma pequena migalha sobre o que está acontecendo nesse quesito. – Ele pergunta e burburinhos com alguns assovios preenchem o estúdio fazendo-me rir da situação.
Era certo que perguntariam sobre isso, e eu obviamente já estava preparada com uma resposta na ponta da língua.
-Sim, acontecerá. Felix ainda está no palácio, continuamos noivos e em relação a isso, praticamente nada mudou. – Mais assovios e acabo corando com a reação dos público.
-Mas que ótima noticia! – Lilian fala extasiada. – Então já podemos esperar que um casamento aconteça? – Pergunta sugestiva e eu comprimo os lábios um tanto envergonhada.
-Pode se dizer que sim. – Respondo o mínimo.
-Já tem alguma data? – É a vez de Gregory perguntar fascinado.
-Ainda não, mas uma coisa é certa, será apenas o aniversario dele que é em março.
-Mas porque tanto tempo? – Lilian questiona.
-Infelizmente não posso divulgar os motivos. – Respondo um tanto nervosa, não queria ter que ter falado isso.
Porém eu realmente não posso falar, afinal, se tudo ocorrer como queremos, o que ainda não é certo, por isso não posso afirmar, Felix só assumirá o trono em seu aniversário, que é o nosso objetivo: ambos termos poderemos iguais, lado a lado.
-De qualquer jeito, achei esplendido que a senhorita assumirá coroa sozinha, como era para ser desde o início. – Lilian dá continuação para que o clima não fique estranho. – Eu já havia deixado bem claro que sempre quis saber como seria se a senhorita fosse uma governante única, e mesmo que seja por pouco tempo, sentiremos como será ser governados pela senhorita. – Ela deixando claro o apoio que tem em mim, o que faz com que um sorriso escape sem aviso prévio.
-Concordo completamente Lilian. – Gregory fala acenando freneticamente a cabeça em concordância para a parceira.
-Muito obrigada. – Agradeço, realmente contente por saber que pessoas influentes como os dois estão comigo, afinal, a maioria da população os escuta noite após noite, e mesmo que de forma pequena, serão minimamente influenciados pelos dois. Além de que eu tenho, a partir de agora, certeza de que nesse programa não falaram mal de mim ou espalharam fofocas e mentiras.
-Estou contando os dias para que comecem os planejamentos do seu casamento. Acredito que será o maior visto em muitos anos. – Gregory fala e é nítido seu entusiasmo.
-Vai demorar um pouco, mas lhes prometo que assim que começarmos, ficaram cientes.
-Mas Felix continuará por aqui, ou vai voltar para sua terra natal? – Lilian pergunta enquanto cruza as pernas. – Pensamos que, talvez, mesmo os senhores noivos, ele voltaria para Hallstatt.
-Por enquanto, ele ficará, mas pode ser que os planos mudem em algum momento. – Respondo.
E assim a noite continuou com mais perguntas e respostas, e obviamente muitas risadas e conversação.
Perguntaram pouco sobre a arena ou a morte de meu pai. Sei que o fizeram para não serem inconvenientes, o que eu achei ótimo. Compreendem que tais eventos podem ter sido traumáticos, e que eu não me sentiria confortável para falar, pelo menos não agora, talvez futuramente eu me abra sobre isso, mas também não é tudo que a mídia precisa saber sobre a minha vida.
-Infelizmente, estamos chegando ao final do programa. – Lilian anuncia após a minha resposta a uma pergunta feita por Gregory.
-Foi magnifico! Agradecemos imensamente por sua presença aqui hoje. – Gregory acrescenta me dando a mão enquanto eu me levantava.
-Eu que agradeço, foi uma honra estar aqui com vocês. – Falo educada com um sorriso simpático e dócil, um igual aos que minha mãe geralmente faz.
-Senhoras e senhores, essa foi Grace Fernsby, nossa futura rainha! – Gregory fala e todos aplaudem vigorosamente.
-Fiquem ligados para mais informações sobre Southcost e tudo de interessante que acontece. – Lilian alerta olhando para a câmera, assim como eu e Gregory já o fazíamos.
-Boa noite Southcost! – Os dois falam juntos sua famosa fala de encerramento enquanto eu apenas sorria e acenava a todos os presentes.
-Corta! – Outra voz ecoa e vejo as luzes das câmeras se apagarem.
Acabou.
Sem nem perceber, suspiro aliviada um ar que acabei prendendo sem notar.
Mesmo acostumada, estar na frente das câmeras respondendo perguntas e tomando cuidado para não deixar sair de mais, é sempre um pouco desafiador.
Troco algumas palavras finais com Lilian e Gregory, ambos dizendo o quão maravilhosa eu havia ido na entrevista, fazendo com que eu corasse na maioria dos elogios.
Despedi-me dos dois e segui até a saída, onde minha escolta já me aguardava com hora marcada. Vários soldados estavam na entrada, aposto que ficaram cercando o prédio durante todo o programa, se certificando que ninguém entrasse e eu não passasse por nenhum perigo.
Na volta, mais uma vez passo por aquelas ampla quantidade de pessoas que continuam levantando seu cartazes e gritando meu nome.
Assim como na vinda, aceno para todos não podendo dar autógrafos ou me aproximar de mais.
Novamente, sou levada o mais rápido possível até meu carro, não podendo aproveitar as pessoas ali presentes, ou cumprimenta-las.
Confesso estar exausta, mas mesmo assim, valeu a pena. Eu amei essa noite. Me diverti muito, e pude ver o quanto de apoio que tenho recebido sem nem sequer saber sobre.
Isso enche o meu peito de pura felicidade e contentamento.
O caminho foi o mesmo, mas estive tão absorta com as imagens desta noite sendo revividas em minha mente, que nem reparei quando chegamos no palácio.
Assim que adentrei, segui pelos numerosos corredores indo direto para o meu quarto. Estava tarde, e havia prometido a mim mesma que treinaria amanhã, daqui a pouco acabaria saindo de forma, precisava voltar ao meu ritmo anterior. E como Reynold constantemente me dizia, é sempre bom aprimorar, cada vez mais e mais, afinal, teremos eternamente algo novo para aprender. E era exatamente o que eu faria agora.
Estou em uma fase de aprendizado em relação a quase tudo, e tem tantas coisas que ainda preciso desenvolver, tanto a saber. Parece que não terei tempo para tudo isso. E não desperdiçarei o tempo que me resta com coisas insignificantes. Aproveitarei cada minuto do meu dia de uma foram um pouco mais consciente, principalmente pelo fato de que são minhas ultimas semanas como alguém "normal", assim Felix me aconselhou. Depois que tudo isso passar, terei tempo apenas para as minhas obrigações e afazeres como soberana de Southcost, e então focarei apenas nisso. Mas por enquanto, preciso, urgentemente, organizar minhas prioridades.
E no final, daria tudo certo, eu conseguiria.




E no final, daria tudo certo, eu conseguiria

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O Preço da CoroaWhere stories live. Discover now