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Corremos por quase uma hora, intercalando pausas para recuperar o folego, e até agora não encontramos água, ou alguma pessoa, seja aliada ou inimiga.
Continuamos correndo a procura do que mais precisávamos, água; até que, de repente, Felix para de correr. O encaro confusa sem entender o porquê de termos parado. Percebendo minha confusão, Felix aponta com os olhos para a nossa diagonal. Havia uma dupla ali. Vindo em nossa direção. Não sei se nos viram ou não, mas sei que meu coração disparou com todas as suas forças.
-Shh. – Ele diz me puxando para de trás de uma arvore a fim de que não fiquemos no campo de visão daquela dupla.
-Sabe quem são? – Sussurro o mais baixo possível, felizmente, o som dos pássaros abafava a minha voz, e a dupla não escutou.
-Inimigos. – Ele responde inquieto, olhando para o lados, atento se algum deles aparecesse. Lembro-me de que ele havia passado horas estudando os outros 30 adolescentes que estavam conosco, sem contar nós dois. Felix memorizou quem é quem, ou seja, inimigos e aliados. – Precisamos de um plano. – Ele diz e eu o encaro sabendo que aquilo era obvio.
O que poderíamos fazer? Temos diversas estratégias possíveis, para as mais diferentes situações.
Felix sacode de leve o meu braço para que eu preste atenção nele. Arqueio uma das sobrancelhas em interrogação.
-Faremos a tática da isca. – Ele afirma em um murmúrio e eu assinto, em seguida, o mesmo aponta para a arvore avisando que subiria. Treinamos muito escalada esses últimos dias.
Essa tática é basicamente um se escondendo e o outro ficando à vista, sendo a isca. Ele está se escondendo enquanto... Ah não! Droga. Eu sou a isca.
Respiro fundo.
Vamos lá...
-Olá. – Falo ao me aproximar por trás da dupla, já que ambos estavam de costas para o lugar que eu estava. Os dois se viram bruscamente. Eram meninos, talvez mais velhos que eu, corpulentos e barbudos. – Calma aí. – Disse colocando as mãos na frente. – Não vou machucar vocês. – Os asseguro irônica.
-Nem se quisesse, gatinha. Está em desvantagem. Uma, contra dois. – O garoto maior diz com um sorriso malicioso brotando.
-Olha, eu não contaria com isso. – Disse mordendo o meu lábio inferior e negando com a cabeça em sinal de reprovação.
Disfarçadamente, olho para cima vendo Felix pronto para atacar a qualquer momento, o que me faz, inconscientemente relaxar os músculos tensionados pelo medo de poder ser morta a qualquer momento.
-Olha garotinha, é melhor você correr, de qualquer jeito acabará morta, mas deixamos que tenha esperança em sobreviver. – O companheiro diz "misericordioso".
-Digo o mesmo para vocês. – Falo com um sorriso ladino e lanço minhas correntes elétricas em ambos, os desorientando o suficiente para que não possam usar seus poderes.
Felix pula da árvore já de frente para um dos meninos. O mesmo lhe passa uma rasteira, derrubando-o, o que faz em seguida é literalmente, queima-lo. Usando seus poderes de fogo, Felix o queima de dentro para fora. Pude escutar os gritos do garoto enquanto pedia clemencia, mas nós não podíamos. Era matar ou morrer. E Felix conseguiu. Se manteve implacável e o derrotou.
Comigo não foi muito diferente. O único restante da dupla, ainda estava desorientado de mais para ver o que aconteceu com o parceiro. Isso foi uma ótima vantagem para mim. De repente, me sentia na arena de treino do palácio. Quando eu procurava falhas na defesa dos meus amigos, mas agora era para valer, era a vida real, e eu não usaria minha menor voltagem, oh não, eu usaria tudo o que eu tenho, e não poderia parar até a pessoa em minha frente não ter mais um coração pulsante.
Apenas com o meu toque, o eletrocutei por completo. O garoto a minha frente que eu nem sabia o nome, se contorcia e gritava por misericórdia, mas eu não podia parar, não podia, embora quisesse. Precisei tampar os olhos para continuar lhe lançando aquela cajadada de energia. Alguns se passaram e eu não escutava mais nada, absolutamente nada.
Sinto uma mão em meu ombro e me viro bruscamente assustada. Era Felix.
-A gente precisa ir. – Ele diz.
-E-eu o m-matei. – Declaro abismada, o olhar voltado às folhas cobertas de terra em meus pés que agora não pareciam mais tão claras para mim. Uma leve vertigem acentuada por uma dor de cabeça excruciante que batucavam em minha mente com a percepção do que eu havia feito.
-Grace, eu sei, eu também nunca tinha ferido alguém desse jeito, mas nós precisamos ir, ok? – Assenti engolindo a culpa que começava a me corroer.
-Primeiro, para onde vamos, qual é o plano? – Perguntei para que não andássemos sem rumo.
-Acho melhor irmos ao sul, eles vieram do oeste, então pode ser que haja mais pessoas por lá. Encontraremos água potável, se tivermos algum atraso. – Se referiu aos nossos possíveis inimigos que teríamos de lutar por essa jornada. – Nós lutaremos e seguiremos nosso caminho. Se encontrarmos algum aliado, nos ajudaremos se necessário, e se quiserem seguir caminhos juntos poderemos considerar, está bem? – Assinto novamente me preparando para continuar correndo.
Mais meia hora sem parar e novamente estávamos exaustos.
-Vamos dar uma pausa. – Falei enquanto ambos parávamos de correr ofegantes e cansados. – Nesse ritmo morreremos por algo idiota. – Diga sentando-me no chão e apoiando minha cabeça em uma árvore atrás de mim.
-Precisamos encontrar água. – Ele diz obvio e eu reviro os olhos.
-Jura? – Questiono irritada. Sei que foi sem necessidade, mas toda essa situação estava me deixando nervosa. – Foi mal. – Me desculpei, Felix não tem culpa de nada.
-Tudo bem. – Ele da de ombros. – Já descansou? – Pergunta me apressando indiretamente.
-Sim, vamos. – Concordo já me levantando.






 – Concordo já me levantando

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O Preço da CoroaWhere stories live. Discover now