79º capítulo

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- “Niall?” –eu chamo, quando ouço a porta da entrada a fechar-se.

- “Sim.” –ele responde e, numa questão de segundos, o seu corpo está no meu campo de visão.- “O que se passou? Tu não me podes simplesmente ligar num intervalo aflita sem explicares nada, apenas para me dizer para vir para casa.”

- “Eu não sabia como te contar isto por chamada.”

Ele olha-me confuso e eu respiro fundo, tentando controlar a minha respiração. Eu ainda não acredito que isto está a acontecer.

- “O que aconteceu?”

- “Eu… Eu fui ao escritório da mãe e…” –eu paro de falar e ele olha para mim, enquanto eu decido apenas passar-lhe a carta.

Ele agarra nela e retira-a do envelope. Eu tremo nervosa com a sua reação e os seus músculos ficam tensos à medida que ele lê a carta.

- “Que merda é esta?” –ele grita e tenho a impressão que ele nem sequer chegou ao fim.

- “Eu não sei… Eu vi e pensei em chamar-te porque eu não sei o que fazer.” –admito.

- “Foda-se. Podia acontecer tudo, menos isto.” –ele grita de novo e eu salto com o estrondo que ele faz ao dar um pontapé no sofá.

- “Niall…”

- “Não, caralho, não!”

Eu encolho-me, com medo e começo a chorar. Eu estou nervosa, irritada, chateada e magoada. Eu ainda não acredito que isto está tudo a acontecer. Eu não acredito que o meu pai mandou uma carta à minha mãe a pedir o divórcio, sete anos depois de nos ter abandonado e de não querer saber de nós.

- “Tu não vais falar com a mãe sobre isto, entendido?”

Assinto rapidamente e ele sai de casa, enquanto eu apanho a carta do chão, e a ponho de novo dentro do envelope. Ajeito o sofá e limpo as lágrimas que escorrem pelo meu rosto.

Subo as escadas e vou em direção ao escritório da minha mãe, arrumando a carta exatamente onde a encontrei. Vou até ao meu quarto e pego no meu telemóvel. Penso em ligar a Louis ou Liam mas desisto da ideia, eu não estou preparada para falar disto com ninguém.

Eu tento concentrar-me nas minhas coisas de Alemão mas isso parece impossível neste momento.

Acabo por desistir do meu estudo e entro na casa-de-banho, despindo-me e entro na banheira. Ligo a água e deixo o meu corpo relaxar, com a minha cabeça cheia de pensamentos.

O meu pai não tinha o direito de nos fazer isto. Ele abandonou-nos e nunca ajudou a minha mãe em nada da nossa infância, e isso já foi inaceitável. Mas isto superou tudo. Ele, sete anos depois, lembrou-se de nós e a única coisa que fez foi pedir o divórcio. Como é que ele foi capaz de fazer isto com ela?

Eu nem quero imaginar o que ela anda a sofrer nestes últimos dias, e não quero imaginar sequer a maneira como ela se sentiu depois de ter falado com ela da maneira que falei.

Será que mais alguém sabe? A Anne, ou a minha avó?

Inúmeras dúvidas e perguntas de diversos tipos atacam a minha mente mas eu não posso deixar que elas me façam isto, eu preciso de pôr a minha mãe em primeiro lugar, e eu saber as respostas que quero não é o indicado a fazer.

Passo o shampoo de maçã pelos meus cabelos e suspiro, enquanto memórias me invadem por completo.

- “Tu não podes misturar o azul com amarelo e querer que saia laranja, Savannah!” –o meu pai repreende-me.

- “Porque não?”

two is better than one || 1ª temporadaWhere stories live. Discover now