Capítulo 14

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Mais uma briga.

Mais uma vez Ward Cameron descontou todas as suas frustrações sobre a única pessoa nessa casa que tenta fazer o mínimo para agradá-lo.

Eu já estava cansado daquilo, cansado de ser apedrejado por coisas que não fiz. Por não ser o filho perfeito que ele esperava ter, cansado de não ser olhado com tanta atenção como a Sarah ou de não poder passar batido como a Wheezie.

Só, cansado.

Quando liguei a moto naquela noite pensei nos possíveis lugares para ir, mas ouvir Topper falar do quanto a Sarah é perfeita iria ser o próprio inferno, então eu esperava pilotar até o lugar onde conseguiria tudo o que eu preciso pra esquecer isso tudo.

Nem mesmo eu acreditei quando mudei a direção e ao invés de seguir para conseguir drogas com Barry eu estava ali, em frente a casa de Naya.

Como se aquela pogue fosse me ajudar em muita coisa além de fazer perguntas e me julgar.

Mas ela não perguntou, quando entendeu que eu não queria falar ela simplesmente não insistiu.

Foi com um abraço que todas as minhas dúvidas do porque eu estava ali se foram, eu estava ali porque Naya pode parecer boba e sem noção, mas ela ainda consegui fazer com que as pessoas se sintam bem.

Talvez sem nem saber disso como quando Charles a levou a minha casa para que ninguém brincasse com sua sexualidade e ela estava ali, rindo das piadas ruins dele como uma verdadeira amiga.

Como uma amiga que quando conversamos na cozinha de minha casa eu percebi que poderia ter também, que eu poderia dar me dar a chance de conhecer uma pogue sem vê-la somente assim.

Quando jantei com sua família percebi o porquê da garota ser tão anormal, aquilo parecia de outro mundo. Sem telefones, sem brigas e como uma família eles se sentaram em volta de uma mesa mesmo que simples e conversaram.

Eles conversaram durante o jantar sorrindo como eu nunca imaginei que poderia ver, como eu nunca percebi que sentia tanta falta por nunca ter tido.

E mesmo que Naya parecesse envergonhada das coisas que seus pais contavam ela dava risada ao negar, uma risada estranhamente contagiosa.

Agora observando ela andar por esse quarto pequeno e escuro eu percebo que talvez tenha sim um motivo pra eu ter vindo até aqui, a garota pode não ter dito com palavras, assim como eu não disse.

Mas estava estranhamente interessada em mim.

Eu não a julgo, eu sou um dos caras maneiros.

Entretanto foi só quando eu a beijei que me dei conta de que poderia me viciar em algo a mais que cocaína.

Eu poderia facilmente estar me viciando aos poucos na garota das iscas.

O jeito que ela sorriu depois que separamos os lábios, o jeito que seus olhos negros encontraram os meus e o jeito que ela não precisou de esforço nenhum para fazer o coração em meu peito errar as batidas.

Naya não é como qualquer garota.

Mas é a garota que assim como eu vai mentir para os amigos e negar para si mesma que isso aconteceu logo pela manhã.

Opostos - Rafe CameronOnde as histórias ganham vida. Descobre agora