Olá, olá!! 😉 A última parte do capítulo X.
Dedicado aos pais do Príncipe Filipe de Aragão (eles merecem!)
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- Pai, foi-me impossível oficializar o meu noivado com a Princesa Aurora, porque já me encontrava envelhecido – esclareci, mas com a intenção de ir directo ao assunto que me motivou a voltar a Aragão.
- Eu sabia que algo de errado se passava contigo, Filipe. Mas nunca pensei que fosse algo tão... hã... tão horrível.
Os olhos dele voltaram a ficar brilhantes perante a ameaça das lágrimas. O desgosto do meu pai feriu-me o coração.
- Pai, peço-te que não chores, nem sofras por mim. Eu não quero que tu e a mãe vivam infelizes por minha causa.
- Como posso ser indiferente ao que te aconteceu, Filipe? Tu és meu filho, és sangue do meu sangue, és a pessoa mais importante da minha vida...
Gotas de água minúsculas começaram a cair dos olhos dele.
- Olha para ti... - continou o meu pai, indignado. – É contranaturo um filho ser mais velho que o pai. Pareces ter cem anos.
Calei-me e engoli em seco aquela verdade que lhe estava por agora a esconder. Não parecia, eu tinha aproximadamente cem anos.
- Juntos vamos encontrar uma solução – atalhei eu, pousando a minha mão sobre a dele. – Eu pretendo voltar a recuperar a minha juventude.
- Claro que sim! Nem que eu tenha que mover o céu e a terra, mas eu irei livrar-te dessa maldição!
Dei-lhe o meu melhor sorriso. Era tão bom voltar a tê-lo na minha vida. Ele era o meu herói.
- Violeta, um lenço, por favor.
Ela agitou a varinha e magicamente apareceu um lenço de linho suspenso no ar. Ele apanhou-o e limpou o seu rosto.
- Pai, quanto ao meu noivado...
- Já não existe noivado nenhum, Filipe. A Princesa Aurora está agora prometida ao Príncipe Ricardo de Olivais.
- Isso é o que ainda nós vamos ver! – atalhei, com alguma irritação.
- Pensava que ficarias feliz por te livrares desse compromisso. Já não sonhas com a moça da floresta? A Rosa...
- Sonho todos os dias com ela. Ela é tudo o que eu quero, pai.
- Não estou a perceber... – demonstrou confusão na expressão do seu rosto.
- Pai, a Rosa não é quem eu pensava que era. Ela é uma princesa.
- Uma princesa?
- Sim! Ela é a Princesa Aurora de Olisipo.
- Não!?
- O pai de certeza que sabe que a Aurora viveu escondida, mudou até o seu nome e a sua classe social para se proteger de uma maldição.
- Claro que sei. Como o mundo é pequeno! – exclamou o meu pai, admirado.
- E como o destino foi perfeito para nós – disse eu, com uma ligeira tristeza.
- Eu sempre te disse que irias te apaixonar pela Aurora mal a visses.
- Porquê, pai?
- Ora, porque ela foi abençoada com o dom da beleza. Como é que ela é? Nunca mais a vi desde o seu baptizado.
- É linda!
O meu pai soltou uma gargalhada.
- Além de ser linda, é carinhosa e corajosa.
- Falas como um homem apaixonado, Filipe. Os teus olhos brilham, o teu sorriso abre-se...
- Pai, preciso impedir esse compromisso.
Ele ergueu o sobrolho. Estava com dúvidas, oh não!
- Filipe, eu e o rei Dinis neste momento não somos propriamente amigos. Além disso, como vou impedir esse noivado? Tu... - levou a mão à testa em desespero.
- Eu estou velho, eu sei.
- Não consigo pensar, Filipe. Não sei como te ajudar, preciso tempo para pensar.
Vi como o seu olhar estava triste e aparentava estar derrotado. Ele que era o rei e resolvia todos os problemas do seu reino e do povo, agora sentia-se incapaz de resolver o problema do seu filho.
- Eu tenho a solução. Eu quero convocar os pais da Aurora a Aragão, contar-lhes o que me aconteceu e então, eles irão compreender, irão fazer as pazes com o pai e irão me dar tempo.
- Parece-me uma excelente ideia. Que achas, Violeta?
- Julgo que é o melhor a ser feito, Vossa Graça, para o bem do reino e do seu filho.
- Estiveste muito calada este tempo todo, Violeta – observou ele. – Conta-me, como encontraste o meu filho?
Nós fixamos o olhar um no outro. Seria o momento adequado para contar o que se passou? Deveria contar tudo ou omitir?
- Ele é que me encontrou a mim, Vossa Graça.
Boa resposta!
- Não acham que é melhor contar-me o que se passou? Ou irei saber ao mesmo tempo que o rei Dinis?
- Custa-me falar do que aconteceu, pai. Preferia contar de uma só vez para todos.
- Desculpa – pediu ele, com um ar preocupado. - Esta maldição não me custará mais a mim do que a ti. O mais importante é conseguir desfazê-la.
- E impedir o noivado de Aurora com o Príncipe Ricardo. Pai, isto é muito importante para mim. Quero manter o meu lugar de prometido. Foi o rei Dinis em pessoa que te entregou a mão de Aurora e eu fui obrigado a cumprir com o meu dever desde então, lembraste?
Recordei. Era muito pequeno, mas tinha lembranças de ir ver uma bebé ao berço. Naquela altura, não entendia porque me obrigavam a olhar para um bebé que só dormia. Se fosse hoje não me importaria de passar horas a contemplar-te, meu amor.
- Lembro-me muito bem, Filipe. Gostavas mais das fadas de Olisipo do que da tua prometida.
Ri-me. Sim, era verdade.
- Naquela tempo, eu só gostava de espadas de madeira.
O meu pai e a minha madrinha soltaram uma gargalhada.
- Pai, convoca os pais de Aurora. Não podemos perder tempo.
- Ouviste o teu afilhado, Violeta? Faz aquilo que tem que ser feito.
- Com todo o gosto, Vossa Graça. Irei pessoalmente a Olisipo.
Ela enfeitiçou-se e transformou-se em miniatura. Batia freneticamente as asas, pronta para a viagem.
- Boa sorte, Violeta – desejei eu.
- Tenho o pressentimento que irá correr bem – disse ela, fazendo adeus com a mão direita e voou para a saída do salão.
- Vou esperar pelos pais de Aurora no salão particular. Preciso beber um chá – desabafei.
- Precisas pensar – constatou o meu pai.
- Sim.
- Queres ficar sozinho?
Abanei a cabeça afirmativamente.
- Eu vou ver a tua mãe.
- Se ela entretanto acordar, fale com ela pai. Diga-lhe que não a quero ver infeliz, porque isso só me torna mais infeliz. É tudo uma questão de tempo para voltar a ser quem era.
- Não é fácil, ver-te assim. Só me apetece...
- O quê? – perguntei baixinho, a medo.
- Matar essa bruxa!
Nada que eu não desejasse ao longo destes anos.
- A morte seria uma pena demasiado leve para ela.
O meu pai olhou-me com os olhos arregalados de espanto.
- Acredita em mim!
Levantei-me com ajuda preciosa da bengala.
- Vou mandar-te servir um chá – disse ele, com um ar pensativo.
- Obrigado. Até já, pai!
Caminhei a passo lento em direcção ao salão particular. De certa maneira, sentia-me aliviado. Acabei de recuperar o meu lugar, deixei de ser um fantasma. Agora, eu seria reconhecido como o Príncipe Filipe de Aragão.
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Gostaram?
Bónus: O que eu vos posso contar é que o pais de Aurora vem mesmo para Aragão. Agora a questão é: Conseguirá Filipe impedir o noivado? Que acham?
Um abraço ❤