5ª parte do Capítulo VII

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Boa noite!! ❤💖❤

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A luz frouxa e fria da lua iluminava o pátio. Quando regressei dos estábulos, montado no Vendaval e com o rosto escondido pelo capuz, ouvi um longo pio que me parecia um assobio. Olhei ao meu redor e vi o Justiceiro empoleirado no telhado do castelo. Dei-lhe um sorriso e disse, baixinho:

- Podes acompanhar-me. Talvez possa precisar de ti - pisquei-lhe o olho, puxei as rédeas ao Vendaval e parti para a floresta a grande velocidade.

Na escuridão do céu, vi o falcão de asas abertas a voar ao mesmo compassado que o meu cavalo. Não podia ter melhor escolta! Ele passaria despercebido, ao contrário dos soldados, e guardaria o meu segredo eternamente.

Entrei na floresta, sem hesitar e sem repensar no que estava a fazer. Provavelmente, a Rosa já estaria a dormir. Mas a esperança de que a podia ver não me abandonava. Só abrandei o ritmo quando estava muito próximo da casa dela. Aproximei-me a trote e vi a casa sem vida, sem luz. Até as fadas já deveriam estar a dormir. Suspirei fundo de desilusão. Eu nem sabia qual era o quarto da minha amada! Mas de repente, fui iluminado por uma ideia. Deslizei do cavalo para o chão e sussurrei para o Justiceiro que estava pousado numa árvore próxima de mim:

- Espreita pelas janelas para que eu possa ver o interior da casa.

Ele voou em linha recta, e pousou num parapeito de uma janela e eu desejei ter a sua visão. Afinal, sempre valia a pena estar amaldiçoado pela segunda vez! Foi uma questão de segundos, para que passasse a ter a visão do falcão. Estava tudo tão escuro que não via nem um palmo à frente do nariz! Ora bolas!

- Salta para outra - ordenei eu.

Oh, eram as fadas! Com apenas uma vela a velar o seu sono, as três dormiam cada uma em sua cama. O meu coração encheu-se de alegria quando pensei que uma luz fraca podia também estar a velar o sono da minha amada para que eu a pudesse ver.

- Vai para outra janela.

Escuridão.

- Salta para outra.

Escuridão.

- Outra.

E lá no cimo, onde era o forro da casa, vi a mais bela das princesas a dormir numa cama de madeira grosseira iluminada por uma chama demasiado fraca e frágil, porque a vela estava praticamente gasta. Fiquei eufórico por vê-la e pela primeira vez via a dormir um sono que não lhe roubava a vida. Ela era tão bonita! Os seus longos cabelos loiros estavam desentrançados, ondulados e espalhavam-se pela travesseira e pela manta gasta e pobre. Tinha uma expressão tranquila e cheia de vida. Oh meu amor... Fiquei a contempla-la até a luz morrer.

- Não! - exclamei.

Eu precisava dela, do seu toque e do seu beijo. Não me conformava em ir embora sem saber se ela estava zangada comigo.

- Justiceiro, bate no vidro até que ela acorde. Bate!

Um barulho estaladiço repetitivo rompeu o silêncio da noite que reinava na floresta. Concentrei-me para abandonar a visão do falcão e recuperar a minha.

- Filipe?

Oh, como era bom ouvi-la! Ainda não tinha recuperado a minha visão. Maldição.

- Sim, sou eu! Precisava ver-te, meu amor.

- É demasiado tarde. Já é noite!

- Eu sei.

Finalmente, a minha visão voltou. Via e foi um regalo para os olhos e para o coração.

- Rosa, vem ter comigo, por favor. Eu sei que estou atrasado... atrasadíssimo para o nosso encontro.

Ela não disse nada, apenas me observava.

- Rosa - chamei-a, suplicante.

Procurei-lhe no rosto alguma expressão que demonstrasse o que estava a sentir, mas não consegui. O mais provável era estar zangada comigo. Maldito corvo!, até a sua captura me trouxe problemas.

- Chiu! As minhas tias podem acordar.

- Perdoa-me, por ter faltado ao nosso encontro - pedi, num tom baixo.

- Porquê é que não vieste, hoje, à tarde? - a sua voz era triste.

- Surgiu um problema e eu tive que resolvê-lo. Era muito importante e urgente, Rosa. Ninguém podia resolvê-lo por mim, tive que ficar, infelizmente. Estás muito zangada comigo?

Virou-me as costas, num rodopio rápido, deixou-me sem resposta e recolheu-se para o seu quarto. Fiquei atónito. Sim, ela deveria estar zangadíssima comigo! Levei a mão à cabeça em desespero e jurei a mim próprio que amanhã iria fazer o corvo pagar-me caro por isto. Aquele monte penas que afinal era uma fada do inferno só me criava problemas. Perdi o meu tempo precioso com aquela desgraçada e foi incapaz de se tornar útil para mim.

Continua...

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E o que me tem a dizer deste capítulo?

Se gostaram não se esqueçam de deixar a vossa estrelinha. beijos enormes

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora