6ª parte - Capítulo XVII

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Olá, olá! 😍😉

Preparados para mais um capítulo? Boa leitura!

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Correu tudo mal! Pousei as mãos na cintura numa postura de espera e olhei tristemente para a janela vazia. Preparava-me para me ir embora quando o chio de uma porta de madeira me deteve e fiquei no mesmo sítio sem me mover como uma estátua. A porta abriu-se e uma figura de estatura média apareceu, mas a escuridão escondia as feições do seu rosto. Mas eu sabia que era ela. Quem mais poderia ser?! Fiquei perdido de felicidade e num reflexo instintivo olhei para o céu escuro para agradecer a minha sorte.

- Que bom que vieste, Rosa - desabafei eu, quando ficamos frente a frente.

Ela inclinou-se para mim para me abraçar e pousou a cabeça no meu peito. Fui apanhado de surpresa pelo seu carinho, porque pensei que ela estivesse extremamente zangada comigo.

- Hoje, tive receio de que nunca mais te voltasse a ver - sussurrou Rosa.

Não consegui evitar um sorriso de orelha a orelha. Aquela confissão era uma prova de que ela desejava tanto estar comigo como eu com ela.

- Porquê é que pensaste que nunca mais me voltarias a ver? - separei-me dela, porque queria estudar o seu rosto. Às vezes era tão difícil saber o que ela pensava!

Iluminada pela luz da lua via como nunca a tinha visto, durante toda a minha vida. Vestia uma camisa de dormir branca de um tecido pobre, que de tão gasto que estava tinha sido necessário remenda-lo. Deus, era preciso mantê-la em tamanha pobreza? Quando ela fosse morar provisoriamente para o castelo de Monforte iria livra-la daquela camisa maltrapilha. Por cima dos ombros trazia um xaile simples para se proteger da brisa fresca da noite ou para se compor enquanto estivesse na minha presença. Sim, uma dama não se apresentava em trajes de noite a um pretendente.

- Nunca faltaste... Pensei que tinhas desistido - baixou o olhar e aconchegou-se ao xaile como estivesse à procura de conforto.

- Desistido de ti? - interroguei-a, incrédulo. - A sério, Rosa, que pensaste isso?

Ela encolheu os ombros, na dúvida.

- Porquê é que eu havia de desistir de ti?

Nem foi preciso responder-me, porque naquele instante através do seuolhar percebi de imediato. Rosa mirava discretamente as minhas roupas. Talvez,ela nunca me tivesse visto tão ricamente vestido. Como o príncipe que era, andava sempre bem vestido. Mas nesta noite trajava uma indumentária mais rica do que a diurna. Aperaltei-me para ir jantar com os meus pais como era costume. E ela estava tão pobre com aquela camisa remendada. Fingi que não percebi, porque não queria falar da riqueza que me separava dela. Acreditei que ela naquele instante sentisse mais essa diferença. Mudei de assunto, porque apenas queria aproveitar o pouco tempo que tinha para estar com ela, bem e feliz.

- Tens frio? - tirei a minha capa.

- Não. A noite não está fria.

Mesmo assim embrulhei-a e puxei-a para mim.

- Estás zangada comigo? Diz-me que não estás zangada comigo e que estamos bem - peguei-lhe na mão e levei-a aos lábios.

- Eu não estou zangada - disse ela, com um sorriso bonito que me deixava sempre ainda mais perdido de amores.

Inclinei-me para o seu rosto e ela levantou o seu. O seu beijo era tão leve como o roçar de uma pena. Senti os seus lábios macios. E de repente, separou-se de mim:

- Não está certo estar aqui contigo a esta hora. Tenho de ir - tirou a capa e entregou-ma.

- Não! - agarrei-a pelo braço com delicadeza. - Não vás já. Fica um pouco comigo, estou cheio de saudades.

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora