2ª parte - Capítulo X

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Olá, olá! 😄 Bem- vindos a Aragão! Não digo mais nada, porque devem estar ansiosos para saber o que se vai passar neste reino. Boa leitura!

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Quando entramos em Aragão fiquei com o nariz colado ao vidro da janela. O meu reino, o meu povo! Os campos estavam verdejantes e nas ruas principais circulavam pessoas num ritmo frenético ocupadas com os seus afazeres. Emocionei-me. As lágrimas ameaçavam os meus olhos. Desde que fiquei velho tornei-me um lamechas!

Atravessávamos o meu reino a galope, sempre com o mesmo ritmo. E quando me apercebi que faltava pouco para avistar o meu castelo, sem saber porquê o meu coração começou a bater mais depressa. Seria medo, receio, emoção?

- Bem-vindo a casa, Filipe! – exclamou a minha madrinha.

No horizonte, erguia-se um grande castelo com torres e torreões. Parecia mágico, porque durante o dia estava sempre reflectido nas límpidas águas do rio. O que nos separava era a ponte levadiça, naquele momento. Oh, foi ali que eu nasci, cresci e vivi os anos mais felizes da minha vida!

- Acho que estás a precisar, Filipe.

Olhei por cima do ombro e vi a minha madrinha a segurar um lenço que era três vezes maior do que ela.

- Eu não estou a chorar.

- Tens a certeza?

Levei os dedos ao rosto e percebi que estava banhado de lágrimas. Agora chorava sem me aperceber.

- Obrigado, madrinha – peguei no lenço e enxuguei o rosto.

Senti o coche abrandar o ritmo e depois parou.

- Preparado, meu querido? – perguntou ela, ao fim de algum tempo.

- Acho que também é impossível preparar-me para dar um desgosto aos meus pais.

- Se por acaso isto correr muito mal, posso lançar um feitiço de esquecimento aos teus pais – sugeriu ela.

- Isso é traição!

Havia uma lei que  continha uma lista de feitiços e poções que as fadas estavam proibidas de lançar aos seus soberanos. Era considerada traição a desobediência desta lei e a consequência era o exílio, ou seja, transformar-se-iam em bruxas.

- Não há como os teus pais descobrirem. E eu por ti faço o que for preciso. Aliás, também é para o bem deles.

- És a fada madrinha que qualquer príncipe desejaria ter! Obrigado por tudo!

- Oh, não digas essas coisas, se não pões-me a chorar.

Dito isto, enfeitiçou a porta para que se abrisse. Ela saiu voando, transformou-se em adulta e ofereceu-me a sua mão que exibia uma pele impecável. Apoiado na bengala e na mão dela, desci. Os meus olhos estavam fixados no castelo e depois do choro inconscientemente sorri.

- Vamos – disse ela com confiança e ofereceu-me o braço.

Dei uma última olhadela ao castelo, mais concretamente na torre onde se situava os meus aposentos. Suspirei. Que boas recordações! Que saudades da minha cama e dos meus pertences.

Aceitei o braço da minha madrinha e caminhamos para a entrada, em silêncio. Repensava pela milésima vez no que estava prestes acontecer. Tinha que pensar positivo, pois voltaria a estar nos braços dos meus pais, das pessoas que mais me amam no mundo.

- Estou nervosa – confessou a minha madrinha, baixinho.

- Eu também. Mas eu sou corajoso!

- Nunca duvides que o és, Filipe! Eu dei-te o dom da valentia, no dia do teu baptizado.

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora