2ª parte - Capítulo XIX

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Boa tarde, queridas leitoras d' O Príncipe.

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Com um joelho em terra aguardava pela sua resposta, com um sorriso tremido pelos nervos e pelo medo da rejeição. Observava-a atentamente. Ela ficou estática e boquiaberta, por alguns instantes, mirando-me provavelmente com incredibilidade. E sem estar à espera, de repente, ela retira a sua mão quente e perfeita da minha, abandonando-a. Oh, meu Deus, seria eu também abandonado? Senti uma tristeza que já não sentia desde que recuperei a minha juventude.

- Que dizes, Filipe? Estás louco? - repreendeu-me ela, seriamente.

- Que dizes, Filipe? Estás louco? - repreendeu-me ela, seriamente

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- Louco de amor por ti. Louco por te fazer minha princesa. Louco para te fazer um dia minha rainha. Louco para que sejas um dia a mãe dos meus filhos. Os meus sentimentos por ti são os mais verdadeiros, Rosa.

- Eu não posso ser uma princesa, muito menos uma rainha.

- Mas tu és uma princesa da cabeça aos pés! - contrapus eu, sabendo da verdade que não lhe podia revelar.

- Como posso eu parecer uma princesa? - perguntou Rosa, com mágoa. Olhou para o seu vestido, sorriu de tristeza e puxou ligeiramente o pobre tecido e viu-se os sapatos gastos e pobres. - É assim que se vestem as princesas que conheces?

Bolas, mais valia ter estado calado! Tinha-a magoado sem querer, por apenas dizer a verdade que ela desconhecia.

- Perdoa-me, Rosa, não te queria magoar, nem ofender - levantei-me para me aproximar, mas ela ergueu a mão para me indicar que não o fizesse. Doía-me a distância que ela me impunha. - Eu vou ajudar-te em tudo para que te sintas uma princesa. Em tudo, Rosa. A tua roupa não interessa, meu amor, porque isso é apenas um bem material que pode ser adquirido. O que importa é o teu sentimento por mim e o teu interior. O povo de Aragão precisa de uma princesa com um bom coração, gentil, linda - fui incapaz de não sorrir com um rapazito arrebatado de amores. - *

 -*E o mais importante é que és o meu amor, a minha alma gémea

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-*E o mais importante é que és o meu amor, a minha alma gémea. Só me casarei contigo, Rosa, garanto-te.

Ela perscrutava-me o rosto à procura de algo. O que seria? A veracidade das minhas palavras? Permanecia muito quieta e calada como uma corça assustada. Dar-lhe-ia todo o tempo de mundo para que reflectisse. Então, aguardava por uma palavra sua, sentido o coração a galopar no meu peito de ansiedade e medo. O silêncio entre ambos atormentava-me a alma. Porquê é que ela insistia tanto na nossa diferença social? Qualquer plebeia teria aceitado o meu pedido de casamento, teria ficado feliz por ir mudar de vida e tornar-se uma princesa. Mas ela não era uma plebeia na realidade e portanto recebeu uma educação esmerada pelas suas fadas madrinhas que lhe ensinaram bem ( mas para mim foi muito mal ensinada) que as princesas nasceram para os príncipes e há uma grande distinção nas classes sociais.

- Só podias ser um príncipe... - respondeu ela, por fim. Respirei de alívio, mas tremi com que podia sair daquela boca tão perfeita e que tanto desejava. - Julgo que sonhas que tudo é possível, porque podes ter tudo quanto desejas, Filipe. Mas há uma coisa que não podes fazer que é transformar-me numa princesa.

Calma, Filipe! Naquele momento, apetecia-me gritar com as fadas de Olisipo e perguntar-lhes o quê é que elas lhe ensinaram em relação ao amor já que seria a sua salvação do sono profundo. Ela era uma autêntica princesa sem saber, porque aparentava só querer casar com alguém da sua classe social. Ou seja, aceitaria de imediato o meu pedido se soubesse que era uma princesa, que era igual a mim!? Contei até três para me acalmar.

- Rosa, eu quero-te tal e qual como tu és! Eu sei que és pobre, que não podes vestir vestidos luxuosos e que não te sentes uma princesa. Mas eu apaixonei-me por ti assim, tal e qual como tu és agora. Eu quero-te assim. Eu amo-te. Eu já te sinto como a minha princesa. Se te casares comigo é óbvio que serás uma princesa, a Princesa de Aragão. Eu estarei sempre ao teu lado, ajudar-te-ei em tudo e ensinar-te-ei tudo o que precisares. Por favor, não compliques... hã... Eu sei que a ideia em si pode parecer-te assustadora, mas eu estarei sempre ao teu lado.

Mirei-a, demonstrando no meu olhar o quanto a amava, enquanto tentava perceber os sentimentos. Os seus olhos azuis perderam o brilho, porque estavam tristonhos e não havia nenhuma expressão nos seus lábios que desse a entender que iria abrir um sorriso para mim e dizer que ficaria tudo bem. Estava era tudo mal, maldição! Vi as suas mãos soltarem o pedaço de vestido que segurava e então, ele caiu onduladamente para cobrir até aos pés.

- Eu estou confusa, Filipe. Não sei o que dizer, nem sei o que pensar... Não esperava que fosses um príncipe herdeiro ao trono...hã... Nunca tal me passou pela cabeça. Não sei se posso aceitar, não sei se devo... hã... Não sei nada.

Levei a minha mão abandonada por ela à algum tempo atrás à cara para esconder a minha aflição e já não consigo olha-la nos olhos e ver a sua rejeição. Já não sei o que lhe dizer. Talvez ela precise de tempo para pensar e ajuda das madrinhas para chegar à decisão certa. E é este pensamento que acalma o meu coração desenfreado de amor e dor por aquela jovem mulher. Oh sim, as fadas de Olisipo iriam-me ajudar!

- Rosa, eu compreendo-te. Perdoa-me, por não ter contado a verdade, mas tive medo de te perder. Eu vou dar-te tempo para pensares...hã... Eu esperarei. Mas pensa em nós, no nosso amor.

Rosa estava tão desiludida com o meu estatuto de príncipe e entranhada nos seus pensamentos que apenas me assentiu com a cabeça afirmativamente.

- Eu acho melhor eu ir andando - disse eu.

- Sim - concordou ela, apenas.

Iria-me embora sem um abraço ou um carinho dela? Ela não queria despedir-se de mim? Não o desejava tanto como eu? Aguardei, em silêncio. Nada aconteceu e decidi respeitar a sua vontade. Girei sobre os calcanhares e caminhei para o Vendaval. Montei-o e despedi-me, com tristeza, mas com esperança:

- Adeus, Rosa. Virei visitar-te como sempre. A decisão de vires ao meu encontro fica ao teu critério. Amanhã estarei aqui à tua espera, à mesma hora. Eu estarei sempre à tua espera a minha vida toda! Espero que tenhas pena do meu coração... hã...e apareças, nem que seja só para te ver um instante.

- Adeus, Filipe - disse baixinho, como se a voz lhe quisesse fugir.

Percebi que ela tentava manter um exterior sereno para esconder a desilusão que sentia de mim e do meu título de príncipe herdeiro

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Percebi que ela tentava manter um exterior sereno para esconder a desilusão que sentia de mim e do meu título de príncipe herdeiro. Ergueu uma mão para se despedir de mim, pela primeiríssima vez, sem uma troca de carinho e pálido como a neve. Nunca no meu outro passado aconteceu tal coisa. A culpa disto tudo era da maldita Bruxa, da sua vingança e da sua maldição! Por sua culpa, a Rosa nunca viveu como a princesa que nasceu para ser e agora, rejeitava-me por julgar que eramos diferentes. Maldita, Malévola! Eu juro, por Deus, que nunca mais há-de usar uma coroa na cabeça, porque as bruxas não nasceram para governar reinos. E não descansarei até salvar a minha vida e a dos meus das suas maldades e bruxarias.

Regressei a Aragão, cavalgando numa fúria por esses campos e essas estradas de terra batida.

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Como sabem, adoro saber as vossas opiniões! Que tal o capítulo de hoje?

Beijinhos






















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