2ª parte - Capítulo XVII

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No pátio, enquanto aguardava que o cavalariço me trouxesse o Vendaval, calçava as luvas. Sentia-me radiante de felicidade, porque estava prestes a voltar para os braços da minha amada. Não havia nada que eu mais desejasse! Mas, para minha surpresa, de repente, perdi a minha visão e então vi o corvo da Bruxa empoleirado num pinheiro aparentemente a disfrutar e regozijar-se com o calor do sol. Maldito! Perguntei-me se a Bruxa não estaria por perto. A minha visão foi alargada e vi tudo o rodeava o corvo. Ele estava num campo verdejante completamente sozinho, por isso não haveria perigo na sua captura e o Justiceiro não precisaria da ajuda da minha madrinha. Era uma excelente oportunidade e não hesitei:

- Captura-o! Trá-lo até mim, Justiceiro! – murmurei eu, com a mão na boca para que não me pudessem ver a mover os lábios.

- O Vendaval, Príncipe.

Bolas! Nem o senti chegar e nem conseguia ver nada. Pestanejei na esperança de que a minha visão retornasse mais depressa. Sorri para disfarçar o meu embaraço e ordenei:

- Dá-me as rédeas – estiquei a mão para as receber.

Depois da escuridão, voltei a ter uma visão repentina de cortar a respiração. Umas fortes garras bem afiadas, abrem-se, num voo repentino, e cravam-se sob um pequeno monte de penas. A mascote da Bruxa piou de terror e talvez de dor. Não era o piar que eu estava costumado a ouvir. Escondi o meu rosto no pescoço do Vendaval para esconder o meu sorriso de triunfo. Este seria o princípio do meu triunfo!?

Enquanto aguardava pela minha visão, afagava o pescoço do meu cavalo. Agora tinha um grande dilema: desejava ir a correr para a floresta ao encontro de Rosa, mas o Justiceiro estava a caminho de Aragão para me entregar um dos meus inimigos. Por mais que quisesse e que o meu coração me pedisse para fugir para a floresta não podia ir. Precisava de descobrir que segredos escondia a maldita ave para estar um passo à frente da Bruxa e para puder salvar a Aurora e a mim próprio. E quando finalmente recuperei a minha visão chamei um dos criados para voltar a levar o Vendaval para as cavalariças.

Entrei apressadamente no castelo, descalçando as luvas, retirando a capa e pedi ao primeiro criado que veio a correr para mim para as receber:

- Procura a minha madrinha e diz-lhe que é urgente que se encontre comigo no salão dos tronos.

Ele assentiu e retirou-se depois de uma breve vénia.

Caminhei para o salão dos tronos, entrei pelas portas duplas escancaradas e surpreendi-me por encontrar a minha madrinha em estado adulto já à minha espera, mas entretida a ler uma das imensas folhas que tinha na mão.

- Mais rápida do que isto, seria impossível, madrinha!

Em reposta, ela abanou as asas. Claro, ela voava! De seguida, atirou os papéis ao ar e agitou a varinha para os fazer desaparecer.

- É nesta altura que eu compreendo como às vezes o trabalho de um rei pode ser enfadonho! Alguns nobres estão sempre à espera de favores do rei para se sentirem felizes. Mas isso agora não interessa nada. Qual é a urgência, Filipe? Aconteceu alguma coisa?

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora