3ª parte do Capítulo XI

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Olá, Olá! 😉

Protejam-se!!! Este capítulo pode ser perigoso!! kkk

Boa leitura!

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Eu não iria desistir da Aurora nunca! Custasse-me o que custasse. Estava disposto a tudo! Mantive-me com a cabeça erguida e pousei as mãos na mesa para dar apoio ao corpo que era fraco.

O rei Dinis mirava-me e o seu rosto transmitia um misto de sentimentos. Estava espantado com a minha atitude: eu, um príncipe, um príncipe amaldiçoado, ordenei a um rei, a um grande rei, que cumprisse a sua palavra. Não vacilei nem um momento quando o exigi. Não lhe quis faltar ao respeito, apesar de o meu tom de voz ter subido, queria impor a minha posição e mostrar que não estou acabado, que ainda estou vivo e pretendo recuperar o que é meu por direito. Não vou aceitar que me transformem num fantasma e que desapareça para sempre da vida de Aurora. Mas o olhar dele não mentia e mostrava que estava zangado. Não deve ter gostado da maneira como lhe disse o que sentia. Ele era um rei e não estava habituado a ser confrontado desta maneira.

Pelo canto do olho, olhei para o meu pai que me deu um sorriso discreto e às escondidas piscou-me o olho. Ele concordava com a minha atitude! Fiquei aliviado e com esperanças de estava num bom rumo para ganhar esta guerra. Não era uma guerra de espadas, mas de palavras e de amor.

O terrível silêncio instalou-se novamente. Era perturbador. Fazia-me recordar os tempos em que vivi aprisionado e na companhia de um silêncio profundo que só era rompido pelos sons da natureza, do exterior, pelo Anão e raramente pela Bruxa. Expirei fundo e concentrei-me para apagar, como se fosse possível, aquela recordação. O máximo que conseguia era afasta-la dos meus pensamentos, naquele momento.

Finalmente, o pai de Aurora preparava-se para falar. Levantou-se calmamente da cadeira, escondendo o que sentia, e perguntou:

- Porquê é que fazes tanta questão de manter o compromisso com a minha filha?

Queria tanto contar-lhe a verdade: que a amava. E agora o que iria responder?

- Desistir do sonho de unir Aragão e Olisipo seria provar à Bruxa que conseguiu levar a sua avante. Não vou permitir que isso aconteça!

- Ah – soltou ele, pensativo. – Mas, a bruxa amaldiçoou-te para que não pudesses casar com a Aurora?

- Sim – afirmei, sem vacilar.

Algo passou pelos pensamentos do rei Dinis, pois arregalou os olhos de espanto e perguntou:

- Quem era essa bruxa? Sabes o nome?

- Não quero falar sobre isso.

- Filipe, isto é muito importante, se sabes quem ela é, tens de me contar. Como é que ela era? – insistiu o rei Dinis, com um tom de voz alarmado.

- Dinis, temos que lhe dar tempo – atalhou o meu pai. – Nem a mim me quis contar.

- Carlos, não temos tempo! Podemos ter uma bruxa a planear atacar Aragão e Olisipo. Filipe, precisas contar-nos quem ela é, para te proteger a ti, à nossa família, Olisipo e Aragão. Precisamos saber quem é o nosso inimigo para nos defender-mos e sermos nós os primeiros a ataca-la, se for preciso.

O rei Dinis falava com um rei, como um soldado pronto a defender os seus. Mal ele sonhava que tudo o que a Bruxa proferiu da sua maléfica boca foi concretizado. Se havia algum vencedor era a maldita Bruxa, por enquanto. Até o plano de capturar a sua ave rara falhou, no baile de Olisipo.

- Filipe, por amor de Deus, fala – insistiu o pai de Aurora, mais uma vez. Abandonou o seu lugar e contornou a mesa para se aproximar de mim.

Que estranho! Ele estava nervoso, demasiado nervoso. Porquê é que ele estava assim? Estaria a associar a minha maldição à da sua filha? Não. Seria impossível, ele adivinhar o que realmente se passou. Ele acreditava que a profecia que amaldiçoava a sua filha não se tinha concretizado, mas a verdade é que todos em Aragão e Olisipo dormiram por oitenta anos.

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora