Olá, Olá! 😉
Protejam-se!!! Este capítulo pode ser perigoso!! kkk
Boa leitura!
**************************************************************
Eu não iria desistir da Aurora nunca! Custasse-me o que custasse. Estava disposto a tudo! Mantive-me com a cabeça erguida e pousei as mãos na mesa para dar apoio ao corpo que era fraco.
O rei Dinis mirava-me e o seu rosto transmitia um misto de sentimentos. Estava espantado com a minha atitude: eu, um príncipe, um príncipe amaldiçoado, ordenei a um rei, a um grande rei, que cumprisse a sua palavra. Não vacilei nem um momento quando o exigi. Não lhe quis faltar ao respeito, apesar de o meu tom de voz ter subido, queria impor a minha posição e mostrar que não estou acabado, que ainda estou vivo e pretendo recuperar o que é meu por direito. Não vou aceitar que me transformem num fantasma e que desapareça para sempre da vida de Aurora. Mas o olhar dele não mentia e mostrava que estava zangado. Não deve ter gostado da maneira como lhe disse o que sentia. Ele era um rei e não estava habituado a ser confrontado desta maneira.
Pelo canto do olho, olhei para o meu pai que me deu um sorriso discreto e às escondidas piscou-me o olho. Ele concordava com a minha atitude! Fiquei aliviado e com esperanças de estava num bom rumo para ganhar esta guerra. Não era uma guerra de espadas, mas de palavras e de amor.
O terrível silêncio instalou-se novamente. Era perturbador. Fazia-me recordar os tempos em que vivi aprisionado e na companhia de um silêncio profundo que só era rompido pelos sons da natureza, do exterior, pelo Anão e raramente pela Bruxa. Expirei fundo e concentrei-me para apagar, como se fosse possível, aquela recordação. O máximo que conseguia era afasta-la dos meus pensamentos, naquele momento.
Finalmente, o pai de Aurora preparava-se para falar. Levantou-se calmamente da cadeira, escondendo o que sentia, e perguntou:
- Porquê é que fazes tanta questão de manter o compromisso com a minha filha?
Queria tanto contar-lhe a verdade: que a amava. E agora o que iria responder?
- Desistir do sonho de unir Aragão e Olisipo seria provar à Bruxa que conseguiu levar a sua avante. Não vou permitir que isso aconteça!
- Ah – soltou ele, pensativo. – Mas, a bruxa amaldiçoou-te para que não pudesses casar com a Aurora?
- Sim – afirmei, sem vacilar.
Algo passou pelos pensamentos do rei Dinis, pois arregalou os olhos de espanto e perguntou:
- Quem era essa bruxa? Sabes o nome?
- Não quero falar sobre isso.
- Filipe, isto é muito importante, se sabes quem ela é, tens de me contar. Como é que ela era? – insistiu o rei Dinis, com um tom de voz alarmado.
- Dinis, temos que lhe dar tempo – atalhou o meu pai. – Nem a mim me quis contar.
- Carlos, não temos tempo! Podemos ter uma bruxa a planear atacar Aragão e Olisipo. Filipe, precisas contar-nos quem ela é, para te proteger a ti, à nossa família, Olisipo e Aragão. Precisamos saber quem é o nosso inimigo para nos defender-mos e sermos nós os primeiros a ataca-la, se for preciso.
O rei Dinis falava com um rei, como um soldado pronto a defender os seus. Mal ele sonhava que tudo o que a Bruxa proferiu da sua maléfica boca foi concretizado. Se havia algum vencedor era a maldita Bruxa, por enquanto. Até o plano de capturar a sua ave rara falhou, no baile de Olisipo.
- Filipe, por amor de Deus, fala – insistiu o pai de Aurora, mais uma vez. Abandonou o seu lugar e contornou a mesa para se aproximar de mim.
Que estranho! Ele estava nervoso, demasiado nervoso. Porquê é que ele estava assim? Estaria a associar a minha maldição à da sua filha? Não. Seria impossível, ele adivinhar o que realmente se passou. Ele acreditava que a profecia que amaldiçoava a sua filha não se tinha concretizado, mas a verdade é que todos em Aragão e Olisipo dormiram por oitenta anos.
ESTÁ A LER
O AMOR NÃO DORME
ChickLitUma nova versão do conto de fadas da Bela Adormecida! E se a maldição acontecesse? Ele perdeu a liberdade para não salvar a sua amada e envelheceu. Ela dormiu um sono profundo ao longo de 80 anos e preservou a juventude. E agora? Haverá alguma poss...