2ª parte Capítulo II

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Olá, aos que gostam e acompanham esta aventura inspirada num conto de fadas!

Dedicado: @LolaNigth

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Ela olhou-me com raiva. Se os olhos dela lançassem trovões, já estaria chamuscado.

Apontou com o dedo indicador para a sua cabeça e disse:

- Coitadinho, é normal que a tua visão já não seja a mesma!

Entrançada no cabelo castanho escuro estava uma coroa bem vistosa. Não me recordava do reino a que pertencia aquele género de coroa. Mas não me era estranha! Onde é que eu tinha visto aquela coroa? O que é que ela teria feito para ser rainha?

- Como é que isso é possível? As bruxas não são rainhas!

Consegui sentir que a tinha enervado e o sangue devia estar a ferver-lhe nas feias. Levantou o bastão... Que maldição iria agora me dar?

A Bruxa arrependeu-se. Em segundos, recompôs-se, fez de conta que estava tranquila, pousou o bastão e falou enganadoramente calma:

- Eu não sou uma bruxa! Eu sou uma fada!

Uma fada? Uma fada má, queria ela dizer. Para mim, não havia diferença entre uma fada má ou uma bruxa. Para mim, estas duas palavras eram sinónimos.

Uma fada, segundo a lei, pertencia ao reino onde nascia e tinha que respeitar, obedecer e ajudar os seus soberanos. Ela velava pelo bem-estar do povo para que vivesse feliz e próspero. Esta lei era absoluta!

Malévola não respeitou a lei e aclamava-se uma fada!? É uma bruxa! E as bruxas são as que vivem à margem da lei, porque não querem estar vinculadas a soberanos, nem a reinos.

- Eu sou uma fada Rainha! - exclamou ela, em bom tom.

- Conta-me lá com conseguiste tal proeza? - sorri para disfarçar as dores que sentia nas pernas. Não iria aguentar muito mais tempo de pé.

- Não acreditas que sou uma rainha?

- Rainha é a minha mãe! A minha mãe nasceu princesa, casou com um príncipe que herdou um reino e fez dela uma rainha!

Como me soube bem dizer-lhe as verdades.

Os olhos dela quase lhe saltaram da cara com a raiva que sentia. Mas ela disfarçou muito bem e respondeu prontamente:

- Uma rainha que trouxe a desgraça ao seu povo.

Como é que ela se atreve a dizer uma barbaridade daquelas!? Eu ia contestar, mas ela mandou-me calar (levou o dedo indicador ao lábios carnudos) e disse:

- Chiu! Uma rainha que não terá um herdeiro para subir ao trono quando ela ou rei não estiver cá para governar.

Ela sabia como me magoar! Tocava-me nas feridas mais profundas.

- A rainha de Aragão teve um filho que tu decidiste roubar da sua vida - acusei com ódio.

- Não! Ela é que me roubou primeiro!

Senti que o olhar da Bruxa voava para longe e recordava o passado, enquanto falava exaltada:

- Ela ficou com aquilo que era meu! Ela roubou-me o meu amor, teve um bebé que devia ser meu e teve uma vida que devia ser minha! Mas agora já acertamos as contas! - sorriu malvadamente. - O rei vai ver a sua mais que tudo sofrer de amor e vou fazer questão de lhe lembrar o por quê. E quando o rei olhar para ela vai ver o quanto eu sofri e vai sofrer também.

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora