Capítulo V

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Olá, olá!

Vamos ver o que se está a passar no salão de banquetes. Vamos lá, então...

Dedicado: @jumoriarty , Demetria909 

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Andei pelo salão na busca de um lugar que me permitisse estar confortável e tivesse boa visão para os tronos. Quanto mais longe da mesa de banquetes estivesse melhor! Ali concentrava-se a maioria das pessoas para comer, conversar e não queria integrar-me na confusão. Decidi encostar-me a uma coluna do salão. Parecia-me uma boa ideia, porque assim sempre tinha todo o corpo apoiado.

Admirei a suposta festa do meu noivado. Sem dúvida, era para ser uma festa em grande. Os nobres tinham escolhido as suas melhores indumentárias. Reparei que a minha era a mais sofisticada, pois Dulce quis-me dar o que um príncipe tem direito, mas agora não me parecia boa ideia, porque podia despertar alguma atenção. Vários criados entravam com travessas cheias de comida, jarros de vinhos para substituir os vazios. Já o meu avô dizia: "Quando o povo está com a barriga cheia, está feliz!". Começava a sentir uma ligeira dor de cabeça, porque estava desabituado ao barulho de um conjunto de vozes e risos.

O que é que se estaria a passar com os meus pais e a Aurora? Suspirei.

De repente, entrou no salão um ser minúsculo voando freneticamente e enfeitiçou o tecto. Inesperadamente começaram a cair flocos de neve e os nobres aplaudiam maravilhados. A fada estava longe demais para perceber de quem se tratava. Qual fada seria? A minha resposta não tardou a chegar, quando ela se transformou em adulta.

- Em boa hora vindes, fada Violeta! – exclamou um nobre.

Ah, era a minha fada madrinha! Seria de estranhar se ela não tivesse ao lado dos meus pais numa cerimónia tão importante como esta. Tinha uma vontade tão grande de a chamar. Estou aqui madrinha, olha para mim... Já não me iria reconhecer. Ela estava igualzinha ao último dia que a vi. Os seus cabelos eram de um loiro tão claro que pareciam brancos, longos e a sua franja estava entrançada. Ela era magra e os vestidos acentuava-lhe a silhueta, pois marcavam a sua cintura estreita e a barriga lisa. Os seus vestidos por norma eram de cor violeta em honra ao seu nome e, hoje, trazia um desses.

- Agradeço a vossa simpatia. Agora se me dão licença, tenho que ir a ter com Vossas Majestades – disse Violeta, sorrindo e seguidamente dirigiu-se à escadaria varrendo os flocos de neve que enfeitavam o chão com a cauda do vestido.

Suspirei de algum alívio. Com a Violeta ao lado dos meus pais, estaria mais descansado, afinal ela era a fada do nosso reino.

- O nobre senhor precisa de alguma coisa?

Quem seria, agora? Rodei a cabeça para o meu lado esquerdo e vi um criado com um ar simpático. Vi nos seus olhos que demonstrava alguma preocupação para comigo. É o que dá ter 98 anos!

- Não preciso de nada, obrigada. Eu estou bem.

- Sem querer ser intrometido, não seria melhor o nobre senhor sentar-se à mesa? Estaria mais confortável!

- Agradeço a preocupação. Sinto-me muito bem aqui!

O criado não me parecia muito convencido e isso não me agradava.

- Sabe, os velhos já se incomodam com o excesso de barulho e confusão... Estou com uma ligeira dor de cabeça.

- Ah, compreendo-o nobre senhor!

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora