4ª parte do Capítulo XVII

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Olá, boa noite! 😀😀

Vamos lá, então, descobrir um pouco mais da fada. Boa leitura!

PS: No capítulo anterior, enganei-me no nome do corvo. 

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O corvo reflectido no espelho era uma fada de cabelos louros como um campo de trigo, entre o ouro e o bronze, apanhados num carrapito e com uns grandes olhos verdes arregalados de espanto e medo. As suas pequenas asas estavam estáticas, não faziam o menor movimento.

Não sabia o que pensar. Por alguns instantes, duvidei dos meus olhos. O corvo era uma fada?! Como podia ser isso possível? A minha madrinha deu alguns passos em frente para ficar ao meu lado e esclareceu-me:

- É um feitiço de transfiguração que tem o poder de alterar radicalmente o aspecto e a forma de uma pessoa ou animal. Neste caso, parece que uma fada se transformou num corvo. E com certeza que deve possuir outros feitiços para que apenas possa revelar a sua identidade no reflexo de um espelho.

- Hum... - soltei eu, ainda com os pensamentos a mil. - Mas se ela é uma fada significa que serve um rei e um reino. A Bruxa ainda não é rainha, logo há qualquer coisa aqui que não está a bater certo.

- Era precisamente isso que eu estava a perguntar-me. Mas a Arabel irá esclarecer-nos. – Moveu o seu olhar para o espelho. – A que reino pertences Arabel?

- Não me podem fazer vossa prisioneira nem têm autoridade para me julgar. Eu não fiz nada! – falou a fada, ignorando a pergunta da minha madrinha.

- A que reino pertences, Arabel? – perguntou a minha madrinha, novamente.

- A este é que não é com certeza! Portanto, libertem-me senão irão ter problemas muito sérios.

Então, era assim que a maldita conversava com a Bruxa: através do espelho! E pela primeira vez ouvi o timbre da sua voz firme. A sua atitude era frontal, rebelde e falava como se sentisse superior a qualquer um de nós, apesar de estar prisioneira. Perguntei-me: " Só não entendo porquê é que ela tem asas?". Aquela atitude não me fazia lembrar uma fada, mas sim uma bruxa.

Voltei o rosto para a minha madrinha e sussurrei-lhe ao ouvido:

- Isto não é uma fada é uma bruxa com asas!

- As bruxas não podem ter asas – segredou ela.

- Há uma primeira vez para tudo, madrinha – contraponho eu. Movi o meu olhar para o espelho novamente e mostrei-lhe uma cara de poucos amigos. – Deves ter pouco amor à vida, Arabel. Perdoei-te pelas tuas acções conspiradoras e por servires uma bruxa, mas não me custa nada voltar com a minha palavra atrás.

- Eu sou inocente! Eu não sei do que está a falar e como bem sabe, não pode julgar nem prender uma fada que não lhe pertence. Quer comprar uma guerra com o meu senhor?

- E quem é o teu senhor? – interroguei-a. – É a Malévola, a bruxa da tua dona? Parece-me que ela é que quer comprar uma guerra comigo.

Ela é incapaz de esconder o espanto na expressão do seu rosto e deve-se estar a perguntar como é que eu sei estes pormenores. Mantém-se calada, por alguns instantes.

- Eu não sei do que está falar. Eu não conheço nenhuma bruxa. Eu sou uma fada! Tem que me libertar, eu não lhe pertenço.

Mentirosa! Começava seriamente a ficar irritado. Ela era completamente leal à Bruxa o que significava que teria que espanca-la, coagi-la, suborna-la para a levar a dizer tudo o que sabe a respeito dos planos da Bruxa. Aproximei-me mais do espelho e fiquei cara a cara com ela, lancei-lhe um ar olhar gelado e disse:

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora