Capítulo XIV

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Olá! Mais um capítulo!

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Dois dias depois da visita da bruxa Margarida, recebo as tão aguardadas cartas. Chegaram-me várias com poucas horas de diferença. O meu coração alegrou-se, mas sou cuidadoso e não me entusiasmo demais. Assim que as recebo rasgo apressadamente o lacre e leio-as.

Para o nosso rei, Carlos I de Aragão, e para o nosso Príncipe, Filipe de Aragão

Neste momento, abandonamos o reino de Olivais. Vasculhamos este reino de uma ponta à outra e nenhuma bruxa sabe que magia está relacionada com a juventude. Continuamos a nossa jornada, com esperança.

Jorge Brito

Vossa Graça e Príncipe Filipe,

Não é fácil encontrar bruxas, mas descobrimos várias. Até agora nenhuma mostra saber o conhecimento da juventude. Mas a fé não nos abandona e continuamos a viajar de reino em reino.

João Sanches

Meu Rei, meu Príncipe,

Lamento não ser portador de boas notícias. Até agora, nada.

A recompensa que oferecemos é generosa, acredite, vejo os olhos das bruxas brilharem só de imaginarem ficarem com tal fortuna. Simplesmente, ainda não tivemos a sorte de cruzarmos com a bruxa afortunada que nos contará o maior segredo de sempre.

Vasco Santos

Vossas Graças de Aragão, Rei e Príncipe,

Ainda não temos o que procuramos, mas nem tudo é mau. À conversa com uma bruxa descobri que algumas mantém amizades espalhadas pelo mundo. O meu plano é que a nossa busca passe de boca em boca, será um meio mais rápido, então entusiamo as bruxas a passarem a palavra e se alguma encontrar uma amiga que tenha o conhecimento que procuramos, recompensá-la-emos pela ajuda. Espero ter tomado uma decisão correcta aos olhos de Vossas Graças.

A esperança nunca nos abandona.

António Magalhães

Depois de lê-las, atiro-as para cima da secretária do meu pai com despreendimento. Será que não sou merecedor de sorte? Tenho uma centena de soldados à procura de bruxas e não há nenhuma que saiba o que preciso. Como por milagre, apareceu-me voluntariamente a bruxa Margarida que parece ser possuidora do meu sonho. Ao lembrar-me dela e da sua proposta fiquei tão irritado que bati com o punho na mesa.

- Uau! – queixei-me. As minhas mãos eram demasiado frágeis.

Ouvi três batidas na porta, girei a cabeça e vi a minha madrinha com um ar carinhoso a espreitar.

- Entra – disse eu. – Já chegaram as cartas dos nossos soldados.

- Hum... - soltou ela, pensativa e pousou os olhos nas cartas espalhadas pela secretária do meu pai. – Pela expressão do teu rosto, já percebi que não encontramos nada – pega numa das cartas e lê-a.

Assenti com a cabeça.

- Ainda estamos no começo, não podemos sentir-nos derrotados. Eu compreendo-te, meu querido, mas não fiques o resto do dia tristonho. Há-de chegar boas notícias, tenho a certeza!

- O tempo corre contra mim, madrinha! A cada dia que passa, estou mais velho, o meu coração está mais frágil e a Aurora aproxima-se cada vez mais do dia que terá que ficar comprometida.

- Nós iremos conseguir, Filipe! A bruxa Margarida confirmou-nos aquilo que não tínhamos a certeza que existia: magia para recuperar a juventude. Eu sempre tive as minhas dúvidas que existisse...

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora