2ª parte do capítulo VIII

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Olá, queridos leitores! 🤗 Mais um capítulo!

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Ah, o amor...
Que nasce não sei onde,
Vem não sei como,
E dói não sei porquê.

Luís Vaz de Camões

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Quis desviar o meu olhar dela para ver a reacção dos seus pretendentes, mas fui incapaz. Ela fascinava-me, despertava-me amor, paixão. Com um vestido ricamente bordado a fio de ouro, ela apresentava-se não só como a mais bela das princesas, mas como uma das mais ricas. Ela caminhou para junto dos seus pais, até ao seu trono.

Tentei decifrar pela expressão do seu rosto o que ela sentiria. Parecia-me bem. Estava sorridente e com um rubor nas suas faces devido à sua timidez. Ela não estava habituada a ser o centro das atenções, que é o que acontece com os príncipes e as princesas. Se tu soubesses, meu amor, que a lenda foi verdadeira e tu foste a protagonista principal da história. Foste e continuas a ser o centro das atenções.

Oh, meu Deus, ela era o meu sol! Inconscientemente, sorria como um rapazito. Rezava para que aquele baile não tornasse a minha vida numa noite fria e perpétua, pois era o que iria acontecer se me a roubassem.

Aurora estava prestes a sentar-se no trono, mas antes todos, inclusive eu, fizemos uma vénia para a receber, saudar e reconhecer a sua identidade em Olisipo: a princesa herdeira. Ela sentou-se e tornou-se o sol daquele baile. Deus, não há ninguém que a ame tanto como eu, tu sabes disso! Eu amei-a por oitenta anos! Eu mereço ter a sua mão. Porquê é que não me ajudaste a ficar jovem? Porquê? Porquê é que permites que estas criaturas mágicas que mandas em flores se tornem em monstros que destroem vidas?

Obriguei-me a prestar atenção aos convidados. Como era de esperar, estavam todos encantados, estupefactos e rendidos à sua beleza. Fiquei atónito ao ver jovens nobres de Aragão, amigos meus. Como o tempo parou, eles estavam iguais há oitenta anos atrás. Apesar do rei se ter zangado com o meu pai, eles vieram? Os nobres deviam apoiar o seu rei! Vieram tentar a sua sorte, não os podia recriminar.

- Continuem, por favor – ordenou o rei ao coro e aos músicos.

E a música voltou a animar o baile. Uns comiam e bebiam, outros dançavam e os pretendentes mais ousados e endinheirados, um a um, apresentavam-se a Aurora e ofereciam-lhe um presente. Recebia belos vestidos, ouro, prata, incenso, mirra, pedras preciosas... Será que ela se deslumbra com os presentes? Ela vivera sem luxos e riquezas... O que ela sentiria a respeito daqueles presentes? Bolas! Eu não tive tempo para lhe oferecer nada. Adorava oferecer-lhe o colar da minha avó. Talvez ainda tivesse oportunidade...

- Como se sente, Príncipe? – perguntou-me uma voz baixinho.

Era Lucy, eu reconheceria sempre a sua voz.

- Bem, obrigada. Onde é que estás? – respondi muito baixo, não fossem pensar que era um velho maluco que falava sozinho.

- Sentada no seu ombro esquerdo.

Ah! Ela era tão pequena que nem a senti pousar. Olhei e vi aquela criatura pequenina e amorosa a sorrir para mim.

- Como é que a Aurora reagiu à minha ausência?

- Ela compreendeu. Ficou preocupada ao saber que está doente.

- Ela parece bem – comento, olhando para a minha amada.

- Sim, está! Ela tomou um chá calmante.

- Enfeitiçaste-a? – perguntei, quase horrorizado.

- Não! O chá apenas ajuda-a a mantê-la calma.

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora