Uma nova versão do conto de fadas da Bela Adormecida!
E se a maldição acontecesse?
Ele perdeu a liberdade para não salvar a sua amada e envelheceu.
Ela dormiu um sono profundo ao longo de 80 anos e preservou a juventude.
E agora? Haverá alguma poss...
Fechei os olhos, tentei acalmar-me e controlar a respiração.
Passados uns bons minutos, senti-me melhor. Convenci-me de que podia ter tido uma alucinação. O meu maior sonho era voltar a ver o meu amor e há pouco tempo atrás desejei ver a Rosa despertar da maldição. Como já estou com noventa e oito anos, posso já trocar tudo e ver coisas que sonho. A Bruxa tem razão quando diz que a idade não perdoa. Maldita!
Respirei fundo e espreitei reticente por cima do ombro. Era mesmo ela! Mas o que é que isto significava?
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Os seus cabelos dourados repousavam longos demais sobre o almofadão, a coberta de veludo violeta da cama, o seu requintado vestido e o chão. Aproximei-me. O rosto dela era perfeito! Ainda estava mais bonita do que a recordava. Não resisti em tocar na sua face rosada, desci para os lábios entreabertos e depois senti o seu cabelo macio.
- Meu amor! – sussurrei. – Encontrei-te!
Senti uma alegria imensa nascer dentro de mim. Não sabia, nem percebia o que se estava a passar. Deus estava a ser misericordioso comigo. Só podia estar a sonhar!
Peguei-lhe numa das mãos que descansavam no seu ventre e guardavam uma rosa. Voltei a sentir a sua pele macia e quente! Há imensos anos que não senti a sua mão pequena sobre a minha e que os nossos dedos não se entrelaçavam. Emocionei-me. Senti os meus olhos a ficarem húmidos. Eu não queria chorar, não queria! Mas uma lágrima caiu, percorreu o meu rosto e perdeu-se na minha barba.
Mas porquê é que ela estava no castelo, deitada e vestida como uma princesa? Olhei para o cimo da sua cabeça para tirar uma dúvida. Oh! Ela estava coroada como princesa de Olisipo. Como é que isto era possível?
As coroas representavam os reinos. Por norma, as coroas das princesas eram iguais às das rainhas, só que em formato mais pequeno. E eu recordava-me muito bem da coroa da rainha Helena, rainha de Olisipo.
- Oh! Tu não te chamas Rosa, nem és uma plebeia. Tu és a princesa Aurora, a minha prometida!
Ela estava destinada a ser minha desde que nascera. Estávamos destinados a ser um do outro, mas a Bruxa impediu-o.
- Que mal te fizemos nós, Malévola? Porque é que me fizeste sofrer tanto e continuas a fazê-lo? – perguntei em voz alta com a dúvida se ela poderia ouvir ou não. O maldito corvo poderia andar a rondar o castelo, já que era os ouvidos e os olhos dela. – Eu não tenho culpa das acções do meu pai!
Não conseguia descrever a expulsão de sentimentos que sentia. Beijei novamente a mão da minha Aurora com o sentimento mais profundo que podia existir: com amor!
Uma certeza eu tinha: continuava completamente e irremediavelmente apaixonado por ela!
- Agora que te encontrei, não te posso perder outra vez.
Só tal pensamento me deixava doente. Durante estes longos anos, decidi que nunca revelaria a minha identidade e viveria feliz só de a ver nem que fosse de longe. Mas agora não conseguia suportar a ideia de me voltar a separar dela! Ela significa para mim: vida e felicidade. Sem ela eu não era nada!
O meu coração estava cheio de esperança e sem pensar mais no assunto, fiz uma promessa:
- Prometo que voltarei a recuperar a minha juventude, meu amor! Não sei como o vou fazer, nem quanto tempo demorarei, mas a próxima vez que nos encontrarmos estarei jovem – beijei-lhe carinhosamente a mão.
Não me cansava de olhar para ela.
- Continuas linda como há oitenta anos atrás. És bela demais, meu amor! Não admira que aqueles príncipes arriscassem a vida para terem um anjo como tu para esposa.
- Príncipe Filipe? – chamou uma voz meiga e interrogativa.
