3ª parte do Capítulo XIV

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Olá, olá! 😉

Finalmente... Eu sei, eu sei. Alguns, talvez, estejam ansiosos. 

Será a Morgana uma boa bruxa, uma amiga do Filipe?

Não vos empato mais, boa leitura!

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Contrariada, a fada fez um gesto aos soldados e dois abandonaram o salão para ir buscar o pagamento de Morgana. Enquanto, aguardávamos fiquei a observá-la discretamente.

- A que reino pertenceste, Morgana? – perguntei, por curiosidade.

Pela expressão do seu rosto, percebi que ficou surpreendida e mostrou-se hesitante em responder. De imediato, fiquei desconfiado. Porquê tanto mistério em relação ao seu berço de nascimento?

- E então? – insisti. – Nasceste em que reino?

- Em Aranis, Príncipe – respondeu ela, calmamente.

- Ah! – exclamou a minha madrinha.

Eu abri a boca de espanto, mas rapidamente recompus a minha postura e voltei a fecha-la. As bruxas eram um poço de segredos! O que é que isto significava? A Malévola era rainha de Aranis!

- Quais são as tuas verdadeiras intenções a ajudar o Príncipe? – perguntou a minha madrinha com um ar tão desconfiado quanto o meu.

- Ajudar o Príncipe significa ajudar as pessoas que amo. Eu adoro Aranis. Quero libertar o povo do meu berço de nascimento das garras da Malévola.

Deixei escapar um riso irónico. Morgana apresentou-se a mim demonstrando que apenas estava interessada em ajudar-me em troca da recompensa, mas afinal tinha segundas intenções. Era uma verdadeira bruxa!

- Se adoravas tanto Aranis como dizes, porquê é que te desvinculaste do teu reino? – contrapus eu, porque agora eu precisava de saber a verdade.

- Porque eu não nasci para viver sempre no mesmo lugar. Necessito liberdade, preciso viajar, estudar e procurar novas magias. O meu rei, Henrique III, compreendia-me e dava-me liberdade para viajar. Ele era um rei muito astuto e por isso construiu um grande reino. Mas, quando ele faleceu e o seu filho subiu ao trono, fui obrigada a viver exclusivamente para o rei e Aranis e não aguentei. Eu sou como um pássaro, preciso voar! Mas continuo a amar o reino e o povo em que outrora servi.

- É uma pena teres perdido as asas, se gostas tanto de voar – atalhou a minha madrinha, com uma certa ironia.

Vi como o rosto da bruxa se assombrou. Eu tinha a mesma atitude quando recordava alguns momentos do meu passado. Será que Morgana estaria a recordar o momento em que abdicou das suas asas? As fadas quando se querem desvincular dos seus reis e reinos para se transformar em bruxas, inexplicavelmente perdem as asas. A partir do momento em que renegam o vínculo com o seu reino, era como se renegassem a si próprias. Deve ser difícil perder uma parte do seu corpo.

Naquele momento, senti algo diferente por ela, mas não sabia explicar o quê... Talvez compreende-se a sua perda, porque eu também perdia algo do meu corpo: a juventude.

- O que é que tens contra a Malévola? – perguntei.

- Ela não tem coração para ser rainha. Só pensa em vingança e é capaz de arrastar Aranis para uma das piores guerras de sempre, o reino ficará destruído e o povo sofrerá as consequências. Mas isso não irá acontecer, se eu puder evitá-lo! Se o rei Sebastião fosse como o pai e me tivesse mantido a seu lado, a Malévola nunca seria a rainha de Aranis.

- Fada rainha é assim que ela se proclama – expliquei-lhe.

- Só ainda não conseguiu arranjar as asas! – exclamou a minha madrinha.

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora