Capítulo XII

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Olá!

Minhas queridas leitoras, hoje, venho aqui para dar um BÓNUS. Sim, um BÓNUS! Também gosto de retribuir a vossa dedicação para com esta história.

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A noite caíra. A chuva abrandou, mas continuava a regar as terras de Aragão. Eu estava sentado à lareira, envolto num roupão quente de veludo. Hoje, o dia tinha sido longo e cheio de emoções! Fechei os olhos e tentei descansar, proibindo-me de pensar no quer que fosse, o que era uma tarefa quase impossível.

Ouvia apenas o crepitar do fogo e até era reconfortante, porque vivi a maior parte da minha vida numa divisão fria e feia. Mas um novo som surgiu e identifiquei-o de imediato, porque o ouvi vezes sem conta infelizmente: era o ranger de dobradiças. A entrada de alguém no salão particular foi denunciada. Quem seria? Abri os olhos e movi a cabeça tão depressa como um felino. Deparei-me com a minha mãe a olhar para mim com um olhar incrédulo.

- Filipe?

- Mãe...

- Então... não foi um pesadelo? Filipe?

- Sou eu, mãe – esclareci eu, enquanto me levantava da cadeira para ir ao seu encontro.

Ela ficou a observar-me. O meu rosto estava tão envelhecido que possivelmente não iria reencontrar nada do seu filho jovem. E de repente, via cair ao chão de joelhos como tivesse perdido as forças e fala:

- Não pode ser, não pode ser...

- Mãe – chamei-a preocupado e apressei-me para chegar perto dela.

- Como é que se chama a bruxa que te fez isto? – perguntou-me ela a chorar.

Queria puxa-la para os meus braços e erguê-la, mas não tinha força. Queria reconforta-la, mas nem me conseguia baixar para ficar ao seu alcance. Que infortúnio o meu!

- Meu pobre filho! – exclamou a minha mãe de tristeza, ao mesmo tempo que se agarrava às minhas pernas a chorar.

- Mãe, por favor, levanta-te.

- O meu filho não. O meu filho não.

O meu coração partiu-se ao vê-la naquele estado de tristeza.

- Não chores, mãe. Por favor, levanta-te – supliquei-lhe. - Eu vou ficar bem.

Ela não me ouvia, porque estava consumida pela dor, então chorava compulsivamente e exercia cada vez mais força ao redor das minhas pernas.

- Madrinha... Madrinha... - gritei, desesperado.

A ajuda não tardou em chegar, mas quem entrou de rompante foi o meu pai. Suspirei de alívio.

- Ana... - ele fez aquilo que eu não era capaz de fazer: baixou-se para a ajudar e para a consolar - , tem calma. Vai ficar tudo bem com o nosso filho. Juntos vamos conseguir desfazer a maldição.

- Porquê o meu filho? – perguntou ela, entre soluços e senti mais uma vez um aperto maior ao redor das minhas pernas e o seu choro intensificou-se.

Por mais que tentasse acalma-la através das minhas palavras não estava a conseguir. E o meu pai também estava a falhar redondamente. Vê-la assim matava-me por dentro. Comecei a sentir-me zonzo.

- Filipe, o que se passa? – perguntou a minha madrinha, entrando como uma flecha no salão.

- Ajuda a minha mãe – pedi eu, desesperado. – Madrinha, faz alguma coisa. Coloca-a a dormir!

A fada olhou para o meu pai para ter a sua autorização e obteve-a de imediato com um aceno de cabeça. A minha madrinha agitou a varinha e prenunciou umas palavras que não entendi, porque me sentia realmente mal, e os braços da minha mãe libertaram-me caindo ao chão como tivessem perdido a vida. Dei uns passos para trás, ziguezagueando. A minha madrinha apercebeu-se e correu para mim, para me auxiliar.

- Estás bem, Filipe?

- Sim – menti.

- Não me parece – contrapôs ela.

- Só preciso de me sentar.

Ela ajudou-me a ir até à cadeira, mas mirava-me com um ar preocupado.

- Eu estou bem – insisti eu.

- Leva a rainha para o quarto novamente, Violeta – ordenou o meu pai, com desgosto na voz.

- Sim, Vossa Graça.

Mais uma vez, vi a minha mãe dormir um sono mágico e flutuar para o seu quarto. Reparei que a pele do seu rosto brilhava por estar banhada de lágrimas.

- A mãe vai ficar bem – disse o meu pai para me consolar.

Assenti e permaneci calado. Senti a tristeza tomar conta da minha alma, mais uma vez.

- A mãe é forte, Filipe – acrescentou ele, enquanto caminhava até mim. – Tu sabes que sim – pousou a sua mão grande no meu ombro.

- Pai, fica com a mãe e eu ficarei mais descansado.

- Não me pareces muito bem, Filipe. Estás pálido – constatou o meu pai, extremamente preocupado.

- Eu estou bem.

- Não estás.

- Eu vou ficar bem! Por favor, fica com a mãe.

Ele acabou por concordar e abanou a cabeça afirmativamente.

- Qualquer coisa que precises, chama.

- Sim, pai.

- Até amanhã, Filipe.

- Até amanhã, pai.

Mal, ele saiu do salão deixei cair a cabeça nas mãos. Maldita sejas, Malévola! Um dia irás arrepender-te amargamente, prometo!

O ódio que começava novamente a ser despertado em mim pela Bruxa trouxe-me forças e sai disparado do salão. Ao chegar ao salão dos tronos gritei pela minha madrinha. E enquanto esperava por ela fui até à janela. A chuva tinha terminado e o céu estava escuro como o ébano, mal se viam as estrelas. Entretanto, apareceram alguns criados perguntando-me se precisava de algo, ao que eu respondi que não e acenei-lhes para que me deixassem sozinho. Não aguardei muito para que chegasse quem realmente eu desejava.

- Filipe, o que é que se passa? – perguntou a fada, preocupada.

Dei vários passos em frente, pousei a mão no trono do meu pai para me apoiar, inconscientemente encontrava-me no lugar do príncipe herdeiro, e declarei:

- Chegou a hora de acertar contas com a Bruxa! Traz-me aquele maldito corvo. Captura-o!

Um sorriso malicioso nascia dos lábios dela e eu retribui-o.

- Desta vez, ele não me vai escapar, Filipe!

- Eu sei que não!

Continua...

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E o que tem para me dizer sobre este capítulo? Será desta que o Filipe vai conseguir algo contra a Bruxa?

Abraços, até à próxima 🙂

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora