Olá!
Minhas queridas leitoras, hoje, venho aqui para dar um BÓNUS. Sim, um BÓNUS! Também gosto de retribuir a vossa dedicação para com esta história.
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A noite caíra. A chuva abrandou, mas continuava a regar as terras de Aragão. Eu estava sentado à lareira, envolto num roupão quente de veludo. Hoje, o dia tinha sido longo e cheio de emoções! Fechei os olhos e tentei descansar, proibindo-me de pensar no quer que fosse, o que era uma tarefa quase impossível.
Ouvia apenas o crepitar do fogo e até era reconfortante, porque vivi a maior parte da minha vida numa divisão fria e feia. Mas um novo som surgiu e identifiquei-o de imediato, porque o ouvi vezes sem conta infelizmente: era o ranger de dobradiças. A entrada de alguém no salão particular foi denunciada. Quem seria? Abri os olhos e movi a cabeça tão depressa como um felino. Deparei-me com a minha mãe a olhar para mim com um olhar incrédulo.
- Filipe?
- Mãe...
- Então... não foi um pesadelo? Filipe?
- Sou eu, mãe – esclareci eu, enquanto me levantava da cadeira para ir ao seu encontro.
Ela ficou a observar-me. O meu rosto estava tão envelhecido que possivelmente não iria reencontrar nada do seu filho jovem. E de repente, via cair ao chão de joelhos como tivesse perdido as forças e fala:
- Não pode ser, não pode ser...
- Mãe – chamei-a preocupado e apressei-me para chegar perto dela.
- Como é que se chama a bruxa que te fez isto? – perguntou-me ela a chorar.
Queria puxa-la para os meus braços e erguê-la, mas não tinha força. Queria reconforta-la, mas nem me conseguia baixar para ficar ao seu alcance. Que infortúnio o meu!
- Meu pobre filho! – exclamou a minha mãe de tristeza, ao mesmo tempo que se agarrava às minhas pernas a chorar.
- Mãe, por favor, levanta-te.
- O meu filho não. O meu filho não.
O meu coração partiu-se ao vê-la naquele estado de tristeza.
- Não chores, mãe. Por favor, levanta-te – supliquei-lhe. - Eu vou ficar bem.
Ela não me ouvia, porque estava consumida pela dor, então chorava compulsivamente e exercia cada vez mais força ao redor das minhas pernas.
- Madrinha... Madrinha... - gritei, desesperado.
A ajuda não tardou em chegar, mas quem entrou de rompante foi o meu pai. Suspirei de alívio.
- Ana... - ele fez aquilo que eu não era capaz de fazer: baixou-se para a ajudar e para a consolar - , tem calma. Vai ficar tudo bem com o nosso filho. Juntos vamos conseguir desfazer a maldição.
- Porquê o meu filho? – perguntou ela, entre soluços e senti mais uma vez um aperto maior ao redor das minhas pernas e o seu choro intensificou-se.
Por mais que tentasse acalma-la através das minhas palavras não estava a conseguir. E o meu pai também estava a falhar redondamente. Vê-la assim matava-me por dentro. Comecei a sentir-me zonzo.
- Filipe, o que se passa? – perguntou a minha madrinha, entrando como uma flecha no salão.
- Ajuda a minha mãe – pedi eu, desesperado. – Madrinha, faz alguma coisa. Coloca-a a dormir!
A fada olhou para o meu pai para ter a sua autorização e obteve-a de imediato com um aceno de cabeça. A minha madrinha agitou a varinha e prenunciou umas palavras que não entendi, porque me sentia realmente mal, e os braços da minha mãe libertaram-me caindo ao chão como tivessem perdido a vida. Dei uns passos para trás, ziguezagueando. A minha madrinha apercebeu-se e correu para mim, para me auxiliar.
- Estás bem, Filipe?
- Sim – menti.
- Não me parece – contrapôs ela.
- Só preciso de me sentar.
Ela ajudou-me a ir até à cadeira, mas mirava-me com um ar preocupado.
- Eu estou bem – insisti eu.
- Leva a rainha para o quarto novamente, Violeta – ordenou o meu pai, com desgosto na voz.
- Sim, Vossa Graça.
Mais uma vez, vi a minha mãe dormir um sono mágico e flutuar para o seu quarto. Reparei que a pele do seu rosto brilhava por estar banhada de lágrimas.
- A mãe vai ficar bem – disse o meu pai para me consolar.
Assenti e permaneci calado. Senti a tristeza tomar conta da minha alma, mais uma vez.
- A mãe é forte, Filipe – acrescentou ele, enquanto caminhava até mim. – Tu sabes que sim – pousou a sua mão grande no meu ombro.
- Pai, fica com a mãe e eu ficarei mais descansado.
- Não me pareces muito bem, Filipe. Estás pálido – constatou o meu pai, extremamente preocupado.
- Eu estou bem.
- Não estás.
- Eu vou ficar bem! Por favor, fica com a mãe.
Ele acabou por concordar e abanou a cabeça afirmativamente.
- Qualquer coisa que precises, chama.
- Sim, pai.
- Até amanhã, Filipe.
- Até amanhã, pai.
Mal, ele saiu do salão deixei cair a cabeça nas mãos. Maldita sejas, Malévola! Um dia irás arrepender-te amargamente, prometo!
O ódio que começava novamente a ser despertado em mim pela Bruxa trouxe-me forças e sai disparado do salão. Ao chegar ao salão dos tronos gritei pela minha madrinha. E enquanto esperava por ela fui até à janela. A chuva tinha terminado e o céu estava escuro como o ébano, mal se viam as estrelas. Entretanto, apareceram alguns criados perguntando-me se precisava de algo, ao que eu respondi que não e acenei-lhes para que me deixassem sozinho. Não aguardei muito para que chegasse quem realmente eu desejava.
- Filipe, o que é que se passa? – perguntou a fada, preocupada.
Dei vários passos em frente, pousei a mão no trono do meu pai para me apoiar, inconscientemente encontrava-me no lugar do príncipe herdeiro, e declarei:
- Chegou a hora de acertar contas com a Bruxa! Traz-me aquele maldito corvo. Captura-o!
Um sorriso malicioso nascia dos lábios dela e eu retribui-o.
- Desta vez, ele não me vai escapar, Filipe!
- Eu sei que não!
Continua...
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E o que tem para me dizer sobre este capítulo? Será desta que o Filipe vai conseguir algo contra a Bruxa?
Abraços, até à próxima 🙂
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O AMOR NÃO DORME
ChickLitUma nova versão do conto de fadas da Bela Adormecida! E se a maldição acontecesse? Ele perdeu a liberdade para não salvar a sua amada e envelheceu. Ela dormiu um sono profundo ao longo de 80 anos e preservou a juventude. E agora? Haverá alguma poss...