2ª Parte do Capítulo IV

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Bónus, porque os leitores d'O Príncipe merecem!!! =P

Dedicado a todos os leitores d' O Príncipe 😉

A música é para acompanhar a vossa leitura e a letra conta um pouco do que o Príncipe Filipe sente.

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A porta estava limpa e podia confirmar que a sua cor era castanha. Vi uma espécie de nuvem brilhante passar por baixo dela e por onde passava deixava tudo novo e limpo. O pó e as teias de aranha desapareceram, as roseiras encolheram e fugiram para o exterior, os vidros partidos regeram-se do nada, as cores esmorecidas do vestido da princesa adormecida ganharam vida e o seu cabelo minguou, ficando apenas caído pelo peito como tinha no passado. Era como se o tempo tivesse voltado oitenta anos atrás e tudo estava igual ao dia em que se concretizou a maldição.

Vi as pálpebras de Aurora a quererem abrir. Lentamente, ela despertou do sono profundo como apenas tivesse dormido uma sesta. Voltei a ver e a recordar os seus belos olhos azuis. Ela tinha voltado à vida! Oh, meu Deus... Vê-la acordar era, sem dúvida, o melhor que me acontecera nos últimos tempos. O amor que sentia por ela me fazia feliz! Tinha uma vontade enorme de a chamar, mas não podia. Aurora tornou-se para mim o nome mais bonito do mundo!

Ela levou a mão à boca para esconder um bocejo. Como era maravilhoso vê-la acordar! Podia passar o resto dos meus dias só a vê-la dormir e acordar e só isso me provocava um sorriso de alegria. Sim, só ela me conseguia devolver o sorriso. Mas isso já não me chegava! Eu queria mais. Eu queria ser feliz, queria viver a vida que me roubaram, queria acordar ao lado da Aurora e poder tocar nas suas faces macias, no seu deslumbrante cabelo e na sua boca perfeita, poder-lhe dizer o quanto a amava e dar-lhe um beijo apaixonado. Era isso que eu queria e sonhava!

- Aurora, querida – chamou-a Lucy, que estava do lado oposto da cama.

Ela rolou a cabeça no travesseiro e cortou a ligação comigo. Não... Senti-me vazio!

- Tias - disse Aurora, com a sua voz doce.

Tias? Deveria estar confusa, afinal ela dormiu por muitos, muitos anos.

- Sentes-te bem, minha querida? – perguntou Fabiola, fazendo-lhe uma carícia no rosto.

- Sim! Tive um sonho estranho.

- Queres contar-me esse sonho?

- Eu descobri que não sou a Rosa, sou uma princesa... - calou-se ao descobrir que estava deitada num quarto certamente bem diferente do seu. Com o olhar percorreu cada canto do quarto. – Mas...

- Não foi um sonho, querida – elucidou-a Dulce. – Tu és uma princesa!

- A princesa Aurora – acrescentou Lucy.

- Filha do rei Dinis e da rainha Helena, reis de Olisipo - concluiu Fabíola.

- Afinal, não foi um sonho – murmurou Aurora,  espantada.

Ela entristeceu, mas quis esconder os seus sentimentos.

- Não fiques triste – pediu Lucy. – Ser uma princesa é bom! Tem muitos aspectos positivos.

- Podes conhecer muitos príncipes – disse Fabiola, animada.

Eu olhei para ela com um olhar de reprovação. Eu não queria que ela conhecesse outros príncipes! Mas não a podia recriminar ou culpar por quer que a Aurora seguisse a sua vida. Fabiola, discretamente, pediu-me desculpa com o olhar e um encolher de ombros.

- Eu não quero conhecer príncipes – afirmou ela, com algum aborrecimento.

Aquela resposta confortou o meu coração. Será que ela ainda está tão apaixonada por mim como eu por ela?

Aurora fez um sorriso esforçado para as fadas madrinhas, mas parecia que estava zangada.

- Eu não te dei o dom da beleza para pareceres uma menina bonita e zangada! – reclamou Lucy.

Aurora soltou uma gargalhada. Oh, como era bom ouvi-la rir.

- Eu ainda não sei se acredito nisso – atalhou Aurora, levantando-se da cama e ofereceu a rosa à Fabiola sem questionar o porquê de dormir com ela.

Como ela era alta! Recordo-me bem que eu era mais alto do que ela, mas agora não! A minha marreca encolheu-me! Os meus olhos estavam hipnotizados nela.

- Não acreditas no quê? – perguntou Lucy.

- Que me deste o dom da beleza. Dizem que é raro as fadas darem esse dom, porque não querem que o povo e os reinos entrem em competição pela beleza.

- Sim, é verdade! Mas não há nenhuma lei que o proíba. E eu dei-te, Aurora! Todo o reino ouviu.

- E nota-se, minha querida! – exclamou Fabiola.

- Não me digas que ainda não reparaste o quão bela és? – perguntou Dulce.

- Sou normal. Não me acho assim tão bonita!

- Ah! – soltou Lucy, espantada. Ficou pensativa, mas recompôs-se rapidamente. – Nós sempre tentamos esconde-lo! – puxou Aurora por uma mão e colocou em frente ao espelho do toucador. - Olha bem para ti, minha querida!

Oh, meu amor, tu és a moça e a princesa mais linda que eu já vi! Pensava que tivesses herdado a beleza da tua mãe. Então o segredo era esse: uma das tuas fadas madrinhas deu-te o dom da beleza. Por isso é que o meu pai se mostrava convencido de quando eu te conhecesse esqueceria qualquer moça e me apaixonaria. Tinha razão, apaixonei-me perdidamente de amores por ti!

Vi-a mirar-se ao espelho e a erguer uma sobrancelha. Será que estranhou o seu reflexo? Realmente, ela estava diferente de quando a conheci. Como Rosa, usava o cabelo apanhado numa grande trança que lhe caía para frente do ombro direito, os vestidos eram pobres e não possuía nenhuma jóia. Agora estava como uma verdadeira princesa deve estar. Vestia um elegante e requintado vestido com um decote em V que expunha a sua pele clara e os ombros, era de um azul claro misturado com branco e na cintura tinha um adorno dourado. O seu cabelo para além de estar solto e bem penteado, tinha a franja cortada pela testa e ficava-lhe muito bem. Entrelaçada nos seus fios dourados estava a coroa das princesas herdeiras de Olisipo que combinava com valoroso colar que enfeitava o seu pescoço.

- Sim, estou muito bonita – disse ela, ao fim de algum tempo.

- Tu és bonita – emendou Lucy.

As fadas deixaram-se rir.

- Vamos, Aurora, os teus pais estão à tua espera – ordenou Fabiola, pegando na sua mão.

A Lucy foi auxilia-la e pegou na outra mão de Aurora e levaram-na para fora do quarto.

Oh, não! Não a levem. Eu nunca estaria preparado para me despedir dela.

Continua...

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Que tal o capítulo de hoje? Contem-me tudo! =P

Beijinhos, até à próxima

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora